A distância de pouco mais de 1,3 mil quilômetros entre Porto Alegre e Buenos Aires não é motivo para que a relação de amor pelo clube do coração seja menos intensa. Pelo contrário, viver longe da cidade onde o Boca Juniors manda seus jogos no mítico estádio La Bombonera favorece para que laços sejam criados. Neste sábado (4), um grupo de cinco xeneizes residentes na capital gaúcha irá ao Maracanã pelo sonho da conquista da sétima Libertadores.
Ganhar a sétima taça e igualar o Independiente como maior vencedor da Libertadores é quase um mantra para milhões de torcedores do Boca mundo afora desde que o clube conquistou, em 2007, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, seu sexto título diante do Grêmio. Já se vão 16 anos desde aquela taça levantada pelo capitão Martín Palermo após os dois gols de Juan Román Riquelme na antiga casa gremista.
Nos últimos seis, o empresário Luciano Griffo acompanhou da capital gaúcha as tentativas xeneizes de reconquistar a América. Dono de uma Parrilla que leva o nome do bairro de seu clube e que tem como temática o futebol, ele se acostumou a receber compatriotas e brasileiros simpatizantes do Boca. O local também reúne, claro, gaúchos torcedores da dupla Gre-Nal. De colorados vieram os ingressos que lhe garantirão a presença no Maracanã.
— Não tinha o ingresso. Consegui com um cliente torcedor do Inter que havia comprado. Ele estava na dúvida se ia ou não. Acabou decidindo por não ir e falou que iria vender para alguém que merecesse. Felizmente fui eu essa pessoa — conta Griffo, que viajará ao Rio de Janeiro na sexta-feira (3).
O grupo não irá todo junto. Dois dos amigos, Rodrigo Casas e Juan Manuel Torres, conseguiram os ingressos, mas não as passagens para o Rio de Janeiro. Irão para São Paulo para, de lá, seguir de carro o percurso até a capital fluminense.
Patrício Bianco, conhecido como Pato, sofreu a morte do pai na terça-feira (31). Ele viajou a Buenos Aires para a cerimônia fúnebre, mas voltará ao Brasil no sábado e irá direto para no Rio de Janeiro acompanhar a final. Gonzalo Rodríguez se juntará a eles. O grupo voltará a estar todo junto no sábado, no Maracanã.
Consulado em Porto Alegre
Rodrigo Casas é presidente do consulado do Boca Juniors em Porto Alegre, que reúne cerca de 40 pessoas. Além da capital gaúcha, o clube tem no Brasil outros quatro consulados: em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Búzios-RJ.
Casas nasceu na Argentina, terra do pai, Oscar Casas, mas tem origens no Rio Grande do Sul. A mãe, Lil Casas, é de Pelotas, onde ele morou quando criança. Depois voltou a Buenos Aires, onde se formou em jornalismo, mas mudou-se para Porto Alegre em 2009. Casou com uma gaúcha, Gabriela, e tem duas filhas, Helena, 3 anos, e Antônia, 1, ambas nascidas em Porto Alegre.
A viagem até São Paulo neste sábado para depois seguir de carro até o Rio de Janeiro está longe de ser a mais longa para ver o Boca. Em 2003, Rodrigo foi de Buenos Aires até a capital paulista para a decisão contra o Santos. Foram 40 horas de ida, outras 40 de volta com a comemoração da Libertadores conquistada com uma vitória de 3 a 1 no Morumbi.
Se há 20 anos nomes como Carlos Tevez, Marcelo Delgado e Rolando Schiavi garantiram o título, a esperança agora está no goleiro Sergio Romero. O camisa 1 desperta maior confiança até do que Edinson Cavani, a grande estrela xeneize do elenco de 2023.
— Sabemos que o Boca não vem jogando bem. A expectativa é mais interna de torcedor que no time. De repente ir para os pênaltis e "São" Romero poder ajudar. Não é pelo Fluminense, poderia ser Flamengo ou outro time. A gente olha mais para o Boca do que para o adversário. Não confio tanto no time, mas tem aquela coisa do torcedor, que vai além do lado analítico — ressalta Casas.
Luciano, Patrício, Rodrigo, Juan e Gonzalo se juntarão no Rio de Janeiro a outros milhares de torcedores de argentinos. O Boca Juniors calcula que cerca de 100 mil hinchas (torcedores, em espanhol) estejam na capital fluminense neste sábado, mesmo que menos de um terço possa entrar no Maracanã. Uma mobilização tão grande quanto o sonho xeneize de voltar a ganhar a Libertadores. No caso dos "argeúchos", o desejo é de voltar a Porto Alegre como campeões da América novamente.