Nervosismo, ansiedade e expectativa. Esses três sentimentos permeariam o dia de 12 milhões de torcedores da dupla Gre-Nal até as 21h30min desta quarta-feira (8), quando a bola começaria a rolar pela última vez no Beira-Rio pela fase de grupos da Libertadores. O segundo clássico da competição daria nova chance à história dos maiores embates do futebol – primeiro, na Arena, em 12 de março, terminou em pancadaria e oito expulsões.
O Beira-Rio amanheceria se aprontando para receber cerca de 50 mil pessoas, e a cidade respiraria ares que só dias de Gre-Nal têm. A pandemia do coronavírus, no entanto, pausou tudo o que aconteceria nesta quarta – e ainda não se sabe quando Porto Alegre receberá o confronto.
Quase um mês atrás, na casa gremista, colorados e gremistas deixaram tudo igual na briga pelo primeiro lugar do grupo E com aquele empate em 0 a 0. Foi a última vez que os times entraram em campo pela Libertadores – e também jogaram com presença de torcida, já que os confrontos do fim de semana seguinte, pelo Gauchão, aconteceram com portões fechados.
Antes do clássico desta quarta, Inter e Grêmio teriam apenas uma partida pelo torneio, ambas em 18 de março: o time de Eduardo Coudet receberia o América de Cali, e o de Renato Portaluppi viajaria ao Chile para enfrentar a Universidad Católica. Depois, restariam dois jogos longe do Beira-Rio aos vermelhos. E dois embates na Arena aos azuis.
A gente teria a expectativa para saber se algum dos times poderia já ser praticamente eliminado no Gre-Nal. Mas certamente haveria a possibilidade de um atrapalhar a vida do outro na sequência da competição. O que eu sinto hoje é que o futebol provou que é uma coisa menor daquilo que a gente pensa, mas que faz falta, faz
Em meio a tantas dúvidas quanto à volta do futebol, a única certeza é que a mística que envolve um dia de um Gre-Nal de Libertadores terá que esperar mais um pouco para estar presente na vida de gremistas, colorados, jogadores, dirigentes, jornalistas e trabalhadores. Afinal, a expectativa de Rodrigo Adams, comunicador gremista da Rádio Atlântida, deve resumir o sentimento de cada pessoa que estaria envolvida no embate desta quarta:
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Seria o Gre-Nal que eu mais gostaria de vencer na vida. Porque imagina só quando poderíamos ter outro clássico pela Libertadores?
A rotina de quem entraria em campo, inegavelmente, mudou drasticamente: em vez da intensa carga habitual de jogos e treinamentos em grupo, os atletas seguem recomendações das comissões técnicas e realizam suas atividades sozinhos. O isolamento, porém, não mudou muito. Só que agora, em vez dos hotéis onde ficam em regime de concentração, os jogadores se resguardam nas suas casas para evitar a disseminação do coronavírus.
A quarta também será diferente para quem trabalha nas partidas. Além dos cerca de 700 funcionários que garantiriam limpeza, segurança e alimentação para o público do Beira-Rio, os jornalistas esportivos teriam um dia movimentado.
— Eu chegaria às 18h30min no estádio, mas estaria vivendo a atmosfera do clássico desde cedo. Gostaria de narrar o Gre-Nal amanhã, mas o que se impõe é a necessidade de ficar em casa e, no máximo, dar uma caminhada dentro do condomínio — imaginou Pedro Ernesto Denardin, narrador da Rádio Gaúcha.
Por ora, fica, mesmo, apenas na imaginação.