Um ambiente tenso aguarda o Inter em Santiago, às vésperas do jogo contra a Universidad de Chile, na terça (4), pela Copa Libertadores. Após nova onda de protestos no país ao longo da semana, uma partida da segunda rodada do foi suspensa, na sexta-feira (31), por conta de invasão de torcedores ao campo e episódios de vandalismo.
A última madrugada foi marcada por mais manifestações, com pelo menos seis prisões e cinco policiais feridos. A partida da La U contra o Curicó Unido, neste sábado (1º), também pode ser suspensa se houver riscos para a segurança. A Conmebol, no entanto, garante que ainda não há planos para mudar a data do jogo dos colorados contra os chilenos.
Após viver uma crise social e política no final do ano passado, com protestos violentos nas ruas contra o aumento nas tarifas de transporte público, a má situação da saúde no país, o sistema previdenciário, entre outras reivindicações, a capital chilena voltou a ser palco de manifestações nesta semana.
Na última madrugada, cerca de cem manifestantes encapuzados entraram em confronto com a polícia na região central de Santiago. Segundo as autoridades chilenas, cinco policiais ficaram feridos sem gravidade, e seis pessoas foram presas por saques a lojas e assaltos.
A situação social afeta diretamente o futebol no país. Neste sábado (1), a Universidad de Chile enfrenta o Curicó Unido, às 17h30min, no Estádio Nacional, pela segunda rodada do Campeonato Chileno. Um grupo da torcida Los de Abajo, principal organizada do clube, convocou os torcedores a não comparecerem à partida e a protestarem fora do estádio "contra a brutalidade policial". Não é descartada a hipótese de suspensão da partida. A direção da La U, no entanto, é a favor da realização do jogo.
— Seguimos com o nosso plano. Queremos o futebol e vamos fazer o possível para jogar essa partida. Temos um contingente que permite garantir a segurança de todos os torcedores. Não acredito que se suspensa a rodada — declarou o presidente da Universidad de Chile, José Luís Navarrete.
A Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP) do Chile, por sua vez, defende com veemência a realização do jogo.
— São atos de delinquentes que nada têm a ver com os valores que o futebol transmite. É uma situação lamentável. Não podemos permitir mais que não se jogue — disse Sebastián Moreno, presidente da ANFP.
O ambiente ficou mais tenso no futebol chileno após a morte de um torcedor do Colo-Colo, que foi atropelado por um carro da polícia na terça (28), após o jogo contra o Palestino. Nesta sexta (31), o jogo entre Coquimbo Unido e Audax Italiano, em Coquimbo, foi suspenso aos 17 minutos do primeiro tempo por falta de segurança, devido à invasão ao campo de jogo e a atos de vandalismo por parte de torcedores. Em contrapartida, em Valparíso, o jogo entre Unión La Calera e Unión Español transcorreu normalmente.
Para este sábado (1), estão previstos mais três jogos, enquanto, no domingo (2), ocorrerão mais três. A segunda rodada será concluída na noite de segunda (3), com mais uma partida. O Inter já fez uma consulta à Conmebol para averiguar se o jogo de terça (4) contra a Universidad de Chile corre algum risco de ser adiado. A resposta foi que a partida está confirmada. Em contato com a reportagem de GaúchaZH, um dirigente da entidade disse que a situação está sendo monitorada, mas, até o momento, uma eventual transferência do jogo não foi sequer cogitada.
A verdade é que o jogo deste sábado, entre Universidad de Chile e Curicó Unido, será um termômetro sobre o grau de tensão do ambiente que o Inter encontrará a partir de domingo (2), quando a delegação colorada desembarcará em Santiago.