Que o novo treinador do Inter é excelente no que faz, não resta dúvida. Sucesso no Rosario Central e especialmente no Racing, campeão argentino, Eduardo Coudet está em sua primeira experiência em um gigante do futebol brasileiro e reúne conhecimento suficiente para correr só os riscos necessários no início do trabalho. É o que pode explicar, por exemplo, a cogitação de um meio-campo tão menor do que pode ser para enfrentar o São Luiz, em Ijuí.
Claramente, era um teste para o jogo de terça-feira (4), no Chile contra La U. Não funcionou, na perspectiva de enfrentar uma equipe melhor do que o São Luiz, o que talvez não impeça o técnico de repetir a formação na partida de estreia da primeira seletiva da Libertadores. Ao mesmo tempo, ser pragmático e cauteloso não deve inibir uma das melhores qualidades de Coudet: a ousadia.
Thiago Galhardo está se escalando no campo, Marcos Guilherme tem velocidade e assistências e Boschilia acaba de ter sua situação regularizada. São jogadores capazes, qualquer um deles, de destravar o meio-campo. Os candidatos naturais à saída são Lindoso e Patrick. Um destes dois pode, já para esta terça-feira, deixar o time para um meia ofensivo ser utilizado. Não seriam os casos, por razões do campo, de Musto e de Edenilson.
É preciso fazer o exercício da empatia para entender Coudet neste começo de fevereiro. Para o ano não começar terminando, o técnico deve ter em mente que empatar no Chile seria, no contexto, excelente. Depois, no Beira-Rio e com um time mais próximo daquele que tem como ideal, a classificação à segunda seletiva seria confirmada. Aí pode ser feita a troca de dois nomes antes da fase de grupos.
A lógica, diante da restrita capacidade de investimento do Inter, é a chegada de novos jogadores só no caso de o clube chegar à tal fase de grupos. A perspectiva de maiores receitas autorizaria a audácia para ser competitivo em um torneio que tem Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Boca e River. Então, num cenário tão melindroso, Eduardo Coudet está sendo cuidadoso para garantir salvo-conduto no seu trabalho.
O mais importante, no momento, é avançar. As ideias táticas de Coudet são ótimas. As peças que ele tem para fazer dar certo são discutíveis, mas o treinador tem o crédito de quem chega para romper. Por enquanto, o que se vê é transição, compreenda-se. Adiante, o argentino deverá montar uma equipe mais leve, sem perda de intensidade — sua marca registrada. Até lá, no passo a passo, ele se vale do método de tentativa e erro. O tempo pressiona o Inter. Passada esta primeira fronteira, o garrote alivia.