Goleador da Copa Libertadores com oito gols e ídolo do Lanús, o centroavante José Sand, 37 anos, não esconde a vontade de voltar ao futebol brasileiro, onde atuou no Vitória, em 2001. Também não esconde a preferência pela dupla Gre-Nal, pela proximidade geográfica e cultural dos clubes de Porto Alegre com o futebol argentino.
— Eu sempre tive o sonho de voltar a jogar no Brasil. Passei um ano muito bom no Vitória e foi muito bom para mim. E o futebol gaúcho contrata muitos jogadores argentinos, tem jogadores agora que vão muito bem lá. Estamos muito pertinho e temos uma cultura muito parecida — disse, ao receber a reportagem de GaúchaZH às vésperas da final da Copa Libertadores, na tarde deste sábado (25) no Estádio La Fortaleza.
Em um bate-papo de 15 minutos, o atacante falou abertamente sobre o seu futuro, o desejo de atuar ainda por mais dois anos, a vontade de jogar no sul do Brasil (sem citar um clube de preferência) e também sobre o presente, que é a grande decisão da Libertadores contra o Grêmio, na próxima quarta (29).
Ao dizer que "perder nunca é bonito", Sand não esconde a insatisfação com a derrota por 1 a 0 no jogo de ida, na Arena. Por outro lado, mostra otimismo com o jogo da volta, e classifica o Grêmio como uma mistura entre as qualidades do futebol argentino e brasileiro.
— Eles defendem muito, são fortes na marcação. Tratam de jogar com Luan, com o Barrios, mas tem marcação muito aguerrida e isso faz eles serem diferentes dos times brasileiros. Penso que eles têm uma mistura linda, jogadores que vão muito bem ao ataque com jogadores aguerridos — define.
Confira a íntegra da entrevista de José Sand à GaúchaZH:
Reverter desvantagem vem sendo algo comum para o Lanús. Quais as semelhanças e quais as diferenças entre esta final contra o Grêmio e as decisões contra San Lorenzo e River Plate?
Penso que a diferença é a final. Obviamente, uma final se joga diferente. Não tem nada a ver com as quartas e as semifinais. Não tem nada a ver. Uma final é totalmente diferente que outros enfrentamentos. Mas obviamente a semifinal contra o River foi algo muito lindo.
Vários torcedores do Lanús comemoraram a derrota por apenas 1 a 0, pelo histórico de viradas do Lanús. Mas no desembarque no aeroporto, você disse que “perder nunca é bonito”. Você achou injusto o resultado do jogo de ida?
Eu penso que jogamos um primeiro tempo muito bom, muito inteligente. No segundo tempo, ficamos um pouquinho mais (atrás) e eles foram se aproximando do nosso gol. E marcaram. Claro que eu não gosto de perder. Mas foi 1 a 0. E isso, de ter sido só um gol de diferença, te deixa tranquilo.
No intervalo do jogo contra o River, você disse para os companheiros que “ou vocês tomariam dez ou fariam três”. Você dirá algo parecido contra o Grêmio?
Não, algo parecido não, porque foi diferente. Lá nós tomamos dois gols antes do primeiro tempo e ao final fizemos um gol. Aí no intervalo faltavam fazer três gol mais. Agora é totalmente diferente. Agora temos 90 minutos e trataremos de reverter a série sem tomar gols.
Dos 19 gols do Lanús na Libertadores, 14 foram marcados no segundo tempo dos jogos. Por que o time de vocês é tão forte no segundo tempo? Isso é uma vantagem em uma final que pode ir para a prorrogação?
Na verdade, não sei porque sempre fazemos gols no segundo tempo. Obviamente nós gostaríamos de fazer gols no primeiro tempo e já definir os jogos no primeiro tempo. Tomara que esse jogo seja diferente dos outros em que sempre fizemos gols no segundo tempo.
O Lanús, ao contrário do Grêmio, tem um excelente aproveitamento em pênaltis neste ano. Na Libertadores, não desperdiçou nenhum. Se a decisão for para os pênaltis, é uma vantagem?
Eu penso que não há vantagem em uma final. São dois times fortes que chegam a uma final. Isso não faz a diferença. Não fica na cabeça antes da partida pensar nos pênaltis porque somos bons nisso. Uma final é diferente. Penso que os dois times tratarão de ganhar a partida antes.
Você marcou já dez gols de pênalti neste ano e não errou nenhum. Por que você não quis bater o pênalti contra o River Plate e deixou para o Silva?
Nós treinamos muitos pênaltis na semana. E naquela semana eu não me senti bem para bater o pênalti. Teve um pênalti e o uruguaio (Silva) bateu muito bem. Nós sempre treinamos juntos. Então, dei a confiança a ele para que ele pudesse converter.
O técnico Jorge Almirón disse que o Grêmio é o time mais “argentinizado” do Brasil. Você conhece o futebol brasileiro, pois atuou no Vitória. Concorda com a afirmação?
Porque defende muito. Defende muito. Gosta de ser forte na marcação. Isso que nós sentimos na primeira partida, uma marcação forte. Tratam de jogar com Luan, com o Barrios, mas tem marcação muito aguerrida e isso faz eles serem diferentes dos times brasileiros.
O Almirón disse também que os laterais do Grêmio avançam como é característica no Brasil. O time gremista seria uma mistura entre os pontos fortes do futebol argentino e do brasileiro?
Sim, penso que eles têm uma mistura linda, jogadores que vão muito bem ao ataque com jogadores aguerridos. Mas nós trataremos de fazer o nosso jogo para poder ter a sorte de reverter o resultado.
Quais as principais virtudes do Grêmio que te chamaram atenção no primeiro jogo?
Que eles vão muito ao ataque, não dão nenhuma bola por perdida, e sempre acreditam no seu jogo. Isso me parece que foi uma virtude.
Quem é o favorito para a final? O Grêmio, que tem a vantagem? Ou o Lanús, que joga em casa?
Eu teria gostado de ganhar a primeira partida e ter o resultado a favor. Mas penso que não há uma equipe favorita. Mas óbvio que eles tendo o 1 a 0 é uma vantagem.
Por que o Lanús é tão forte jogando no La Fortaleza, mesmo quando não há muita torcida no estádio?
Conhecemos muito bem o nosso campo, gostamos de jogar no nosso gramado. Nos sentimos muito seguros atuando em casa, isso tem um extra para nós. Sempre gostamos muito de jogar em casa.
Você espera uma final tensa, em função de tudo que aconteceu no primeiro jogo?
Penso que sim, será uma final tensa. E é verdade que será também uma final muito parelha. Tomara que seja a favor do Lanús.
Você é idolatrado aqui no Lanús. Por que, com tantos clubes na sua carreira (16, no total), os seus melhores momentos sempre foram no Lanús?
O que passa é que eu fui muito emprestado a vários clubes e o Lanús foi lá e comprou o meu passe. Isso me identificou muito com o clube. Graças a Deus os meus melhores momentos da carreira foram no Lanús.
Você tem 37 anos. Pretende jogar até quando? E cogita voltar ao futebol brasileiro, onde você já atuou em 2001, no Vitória?
Sempre tenho o sonho de voltar a jogar no Brasil, pela meu passagem no vitória, que foi uma linda experiência. Muito legal jogar em um time brasileiro, sei como eles jogam e como vivem o futebol. Sempre foi um sonho voltar. Tomara que, com a minha idade, seja possível voltar a jogar no Brasil. Tenho 37 anos e tratarei de jogar no mínimo dois anos mais.
Então, é um sonho voltar a jogar no Brasil, é?
Sim, eu sempre tive o sonho de voltar a jogar lá. Passei um ano muito bom no Vitória. Joguei 12 jogos no Brasileirão e a verdade é que foi muito bom para mim.
O futebol gaúcho tem muitas características parecidas com as do futebol argentino. Pensa que os clubes gaúchos poderiam te acolher melhor?
E eles contratam muitos jogadores argentinos, tem jogadores agora que vão muito bem lá. Penso que sim, estamos muito pertinhos, só 1h. A verdade é que temos uma cultura muito parecida.
Grêmio ou Inter? Qual te agradaria mais?
(Risos) Não, estou aberto para qualquer. Só quero jogar a final bem para depois esperar ver o que acontece no meu futuro.