A (falta de) utilização do árbitro de vídeo foi o assunto mais falado do dia seguinte à vitória por 1 a 0 do Grêmio sobre o Lanús, no jogo de ida da decisão da Libertadores, na Arena. Recurso que serviria para esclarecer lances polêmicos e decisivos (expulsão, pênalti e gol, por exemplo), mais uma vez a possibilidade de assistir a replays das jogadas não serviu para nada na competição sul-americana.
— Na Libertadores, não teve efetividade. Das vezes que foi necessária sua utilização, pouco foi acionado. Pega o jogo entre Lanús e River Plate, por exemplo: foram dois lances que precisavam de revisão. Em um deles, o juiz foi informado e deu o pênalti para o Lanús. No outro, que era de pênalti para o River, não usou. Só acertou 50%. Ou seja, está errado — aponta o ex-árbitro Márcio Chagas da Silva, atual comentarista da RBS TV.
A utilização das imagens de transmissão pode tanto ser solicitada pelo árbitro de campo quanto informada pelos auxiliares que estão na cabine, explica Renato Marsiglia, comentarista da Rede Globo e juiz na Copa do Mundo de 1994. E essa comunicação, segundo ele, não foi feita na partida de quarta-feira:
— É inadmissível que com as cinco câmeras da Fox, as cinco câmeras da Globo e mais as exclusivas da Conmebol não tenham percebido o pênalti claro sobre o Jael aos 50 minutos.
Leonardo Gaciba, ex-árbitro e também comentarista da Globo, aponta outro lance que deveria ter sido avisado pelos juízes na cabine:
— Houve uma disputa de bola na qual o Geromel deu uma entrada muito dura. O árbitro de vídeo tinha de alertar que o lance era passível de vermelho. A prioridade não é nem a rapidez, mas que a marcação esteja correta — comentou ao jornal Lance.
A falta de clareza sobre os diálogos, aliás, é uma polêmica a ser dirimida. Para reduzir esse problema, Márcio Chagas tem uma ideia:
— Os diálogos deveriam ser gravados e disponibilizados a clubes e imprensa. Seria uma forma de acabar com qualquer dúvida sobre o que foi e o que não foi dito.
Em países europeus como Alemanha e Itália, o auxílio da arbitragem de vídeo tem funcionado melhor. São diversos gols e expulsões vistos e revistos antes de serem validados ou confirmados. Ainda há polêmicas, é claro, mas existe uma compreensão melhor do uso do recurso.
— À parte o fator cultural, que os europeus respeitam mais a arbitragem e o jogo, praticam mesmo o fair play, a Libertadores deixa claro que a preparação para o uso do árbitro de vídeo não foi bem feita aqui na América do Sul — finaliza Márcio Chagas.