Borré não estava no que, possivelmente, foi o clássico local mais importante da história do futebol sul-americano. Por conta de um cartão amarelo na partida de ida, na Bombonera, o atacante não pôde ajudar em campo o seu River Plate a vencer o Boca Juniors no Santiago Bernabeu e conquistar a Libertadores de 2018. Seis anos depois da glória eterna em Madri, o colombiano vai conhecer mais uma rivalidade ferrenha. Com sete meses de Inter, é hora de aparecer no Gre-Nal.
A partir das 16h deste sábado, no Beira-Rio, Borré viverá o clássico em campo. Neste período em vermelho e branco, ainda não tinha chegada confirmada quando do Gre-Nal do Gauchão. E, a serviço da seleção colombiana na Copa América, teve de acompanhar em algum aplicativo o duelo do Brasileirão.
Portanto, poderá, enfim, estrear em Gre-Nais. Isso porque o mistério sobre sua participação vem sendo desfeito ao longo dos dias. Lesionado, ficou de fora da partida contra o Corinthians e foi ausência da Colômbia nas Eliminatórias. Pôde se recuperar, se preparar e ficar à disposição de Roger. Poderá pôr em prática a ansiedade que vive desde a chegada festiva no aeroporto e a apresentação, no Beira-Rio, em 7 de março. Já naquele dia, como ocorre com todo jogador contratado pela dupla Gre-Nal, ainda mais com certa grife, respondeu sobre um duelo que só ocorreria 226 dias depois.
— É algo lindo de cada cidade, país. Os clássicos são especiais. Vi o Gre-Nal passado (em fevereiro), a forma de vivê-lo, de disputá-lo. É algo especial. Sentia que necessitava para minha carreira. Essas partidas são especiais.
A carreira de Borré é rica em clássicos. Pelo Deportivo Cali, no início de sua vida profissional, tem apenas um empate contra o America. Na Alemanha, destacou-se pelo Frankfurt, fazendo gols e dando assistências contra Mainz e Darmstadt. Na Espanha, passou em branco em Villarreal x Valencia. Mas, convenhamos: à exceção do duelo colombiano, nenhum desses tem o peso de um River x Boca — e de um Gre-Nal.
Em Buenos Aires, viveu o auge. Em oito confrontos oficiais contra o Boca, ganhou dois e perdeu dois, com quatro empates. Nessas derrotas, em uma, entrou faltando sete minutos. Em outra, a que foi titular, o 1 a 0 para o rival pouco adiantou. O River tinha vencido a ida por 2 a 0 e se garantiu na decisão da Libertadores de 2019. Ou seja: em dois mata-matas, passou em ambos. São dois gols e uma assistência nesses duelos. E teve ainda um amistoso, naqueles Torneos de Verano, em que ele também deixou sua marca.
Borré vive o clássico e entende a rivalidade. No River, sabia que qualquer frase mal colocada poderia servir de combustível para o adversário. Mas valorizou cada gol e cada vitória com o peso de valer mais do que três pontos.
No Gre-Nal, repete a dose. Antes mesmo de conhecê-lo em campo, percebeu sua importância também socialmente. Na ajuda aos prejudicados pela enchente, apoiou a união de gremistas e colorados. Disse:
— É bonito ver equipes de tanta rivalidade e história se juntarem para ajudar o povo, a cidade.
Agora é hora do campo. O momento de transformação. O momento de mostrar do que é capaz. Por isso, fica aqui o trecho da descrição de Borré feito pelo site da Fifa, quando ele ainda jogava na Alemanha. Sem qualquer relação com o Inter, é possível ver que o destino poderia cruzar os caminhos: "Borré não enxerga adversários invencíveis, nem sequer o Barcelona (...). Quando chegam as partidas em que a equipe precisa que ele apareça, acha um chutaço de direita que faz o tempo parar".