Todo mundo sabe o caminho. Ao longe, quando dobra a Mauá, já se ouve o estourar de alguns fogos. Os ônibus que saem com as legendas de Futebol na sua fronte viram, ao mesmo tempo, veículos de passeio e instrumentos de percussão, em que bancos e latarias são coadjuvantes das músicas de apoio em vermelho e branco.
Não é diferente no trem, no veículo da excursão, nos carros. A curva da Avenida João Goulart mostra o horizonte aberto do Guaíba e, ao fundo, um imponente templo. No passado, eram os refletores que arranhavam o céu; hoje, são folhas brancas que abraçam o local de onde todas as esperanças se depositam.
Das curvas do Guaíba à Padre Cacique, seja pela zona norte ou pela zona sul, o barulho dos rádios, das conversas, do movimento, se soma ao cheiro da carne assada, do carvão queimado, da salsicha cozida, do latão estourado, do quentão fervendo, da alegria renovada.
O cheiro do futebol que volta, neste domingo, ao Beira-Rio.
Foram vários os dias em que a água encheu as ruas por onde só passavam torcedores. O amor se viu represado, disperso entre diversas casas, como Barueri, Criciúma, Florianópolis, Caxias do Sul.
Esperança
A hoste vermelha viu-se nômade, o calendário tornou-se nó, o cansaço, as lesões e as competições internacionais fizeram do vestiário um vazio, penduraram camisas, revelaram ausências.
Tudo isso ficará para trás quando a primeira catraca for rolada e, nela, passar um colorado. Com ele, não mais se preencherá de lodo a arquibancada do Gigante erguido pelas águas, e sim de esperança.
Vamo, colorado! Como é bom te ter de volta.