Foi a mais intensa das semanas que viveu o Inter em 2024. De quarta, 10 de julho, a quarta, 17, o clube passou por uma revolução. De Eduardo Coudet, expectativas de títulos e três competições, passou a ter Roger Machado, com Paulo Paixão e uma tentativa de recontratar Abel Braga, já eliminado da Copa do Brasil, ameaçado na Sul-Americana e no meio da tabela do Brasileirão. A seguir, Zero Hora conta como foram os sete dias que sacudiram o Beira-Rio.
Alessandro Barcellos tinha percebido sinais de desgaste no trabalho de Coudet. Conversando com integrantes da direção e com pessoas do vestiário, pela primeira vez pensou em demitir o treinador em quem confiava e que tinha sido uma aposta sua em julho de 2023. A convivência forçada pelos retiros gerados pela enchente, a forma de jogo da equipe e os maus resultados e desempenhos sinalizavam problemas.
Assim, por volta de 23h45min do dia 10, nas salas próximas ao vestiário do Beira-Rio, Barcellos decidiu pela demissão do argentino após a derrota para o Juventude na partida de ida da terceira fase da Copa do Brasil. O treinador também já estava inclinado a sair. Havia entendido que o time tinha perdido a liga.
A partir da madrugada de quinta-feira, os dirigentes do Inter iniciaram os debates sobre o futuro da casamata. Nesse mesmo dia, o Centro de Análise e Prospecção de Atletas (CAPA) apresentou uma lista de 40 treinadores para substituir o argentino. Nela estavam nomes acessíveis, livres no mercado, empregados e sonhos. Começou a garimpagem.
Na sexta-feira, dia 12, o Inter sondou as situações de Marcelo Gallardo, Sérgio Conceição e Fernando Diniz. Roger Machado sempre esteve no radar, mas como havia a partida de volta da Copa do Brasil, clube e treinador optaram por não conversar abertamente. Dirigentes, porém, conversaram com pessoas próximas ao técnico e confirmaram que ele aceitaria trabalhar no Colorado.
No sábado, a procura foi interrompida por causa do jogo no Alfredo Jaconi, que terminou com classificação do Juventude, e retomada apenas na madrugada, quando houve um contato oficial de Alessandro Barcellos com Roger. As conversas seguiram no domingo, já com expectativa de acerto.
O fato de Roger ter enorme ligação com o Grêmio, porém, deixava uma interrogação nos dirigentes do Inter. A reação nas redes sociais também preocupava. Por isso, a direção foi atrás de uma espécie de refúgio colorado de segurança. Assim, procuraram Abel Braga. O técnico campeão mundial de 2006 seria convidado para ser coordenador. Na prática, um escudo para Roger. Uma espécie de atestado de coloradismo.
E foi assim que o Inter decidiu tentar recuperar a temporada unindo seu treinador mais vitorioso ao seu maior algoz de 2024.