- Quais os motivos que levam Coudet a mudar a forma de jogar do Inter;
- Time colorado vem diminuindo a quantidade de passes a cada jogo;
- Em números, o que diferencia o time de Coudet de 2024 do de 2020.
Mais uma página do futebol de prosa do Inter de Eduardo Coudet será escrita na noite desta quarta-feira (26), em Criciúma. Contra o Atlético-MG, às 21h30min, os ingredientes das últimas atuações devem ser repetidos, reforçados pelas características do adversário da 12ª rodada do Brasileirão. Desde a retomada dos jogos, o time colorado foge das características idealizadas pelo seu treinador.
Após a vitória no Gre-Nal de sábado (22), o argentino falou sobre a mudança de postura da equipe. Trata-se, segundo ele, de uma adaptação ao cenário pós-enchente. Os diversos desfalques, as muitas viagens e o calendário ainda mais acavalado despertaram um lado mais pragmático de Coudet.
— Sempre falo que tem que se adaptar às condições que se tem, à característica que se tem. Sempre falo também que não sou um poeta do futebol, que quero ganhar. Tenho de me adaptar. É o que estamos fazendo. Temos de seguir brigando em cima. Depois será mais fácil — explicou.
O futebol colorado, no momento, se mostra menos de parágrafos e mais de frases curtas. Em outras palavras, de menos troca de passes e maior verticalidade.
No ano passado, após sua estreia contra o Bragantino, Coudet destacou que seus times deveriam, em tese, trocar ao menos 500 passes a cada jogo. O índice estipulado por ele está longe de ser cumprido. A média colorada no Brasileirão está em 360 por jogo, de acordo com dados do Footstats, o equivalente a 72% da meta imaginada. O índice foi puxado para baixo nas últimas partidas. Contra Grêmio, Corinthians e São Paulo, o time sequer atingiu a marca de 300 passes. Diante de Cuiabá e Vitória, superou a barreira dos 400, mas abaixo da marca "ideal".
— Acima de tudo, Coudet está demonstrando humildade ao reconhecer que o modelo de jogo preferido por ele não entregou uma sequência de resultados positivos — opina Vagner Martins, jornalista identificado do Grupo RBS. — O time está conseguindo ser mais vertical e, ao mesmo tempo, não sofre defensivamente como sofria antes. Não me incomoda nem um pouco vê-lo mexer no time após os 30 do segundo tempo para se retrancar e segurar a vitória.
2024 versus 2020
A postura se reflete nos números. A versão 2024 do Inter no Brasileirão apresenta estatísticas distintas das dos 20 jogos do Colorado sob o comando de Coudet no torneio de 2020. A equipe marca menos gols, mas também é menos vazada. A média de bolas na rede caiu pela metade de 1,6 por jogo para 0,8. O inverso acontece na outra ponta do time. A média de gols sofridos foi de 0,9 naquela edição e hoje é de 0,5.
As características distintas apresentam, no fim das contas, um desempenho similar. Neste ano, após nove partidas, o Inter conquistou 62% dos pontos disputados. Quando Coudet saiu em sua primeira passagem, o aproveitamento colorado era de 60%.
O futebol mais pragmático pode casar com as características do time atleticano. Gabriel Milito não abre mão do futebol de "parágrafos", com longas posses de bola, não importa o adversário, o local do jogo e o número de desfalques que tenha.
— A defesa é quem tem sofrido mais: pressão está desajustada e o time está concedendo mais chances claras aos adversários — explica Henrique Fernandes, comentarista do SporTV.
Assim, na noite desta quarta-feira Coudet deve apresentar um pouco mais da sua prosa objetiva, afinal, como ele mesmo diz, não é um poeta do futebol.
Brasileirão 2020 com Coudet
- 20 jogos
- 32 gols marcados (1,6 por jogo)
- 18 gols sofridos (0,9 por jogo)
- 14 gols de saldo (1,8 gol marcado para cada sofrido)
- 60% de aproveitamento
Brasileirão 2024 com Coudet
- 9 jogos
- 8 gols marcados (0,8 por jogo)
- 5 gols sofridos (0,5 por jogo)
- 3 gols de saldo (1,6 gol marcado para cada sofrido)
- 62% de aproveitamento