O ataque do Inter tem um novo titular, ao menos nas próximas semanas. Enquanto Borré e Valencia estiverem nas seleções de Colômbia e Equador, Lucas Alario ocupará o posto de centroavante indiscutível. Uma responsabilidade e tanto para o jogador de 31 anos. Mas à altura de sua história no futebol.
Com seis partidas pela seleção argentina, Alario foi um desses casos de talento inesperado a surgir no país vizinho. Cria do Colón, de Santa Fe, chegou ao River Plate em uma negociação sem glamour, em uma janela na qual Javier Saviola havia sido repatriado pelos Millonarios. Mas em pouquíssimo tempo, conquistou a confiança do então técnico Marcelo Gallardo. Quem recorda é o escritor Diego Borinsky, autor de uma série de livros sobre a história do River Plate:
— Desde o início, Alario mostrou boas virtudes, a principal era a efetividade. Quando saiu, tinha uma média de um gol a cada dois jogos. Escreveu seu nome a partir das semifinais da Libertadores de 2015. Deu assistências no Monumental e fez o gol contra o Guaraní, no Paraguai. Na decisão contra o Tigres, debaixo do temporal, abriu o placar. Foi um herói do tricampeonato.
No Mundial de Clubes, fez o gol da vitória sobre o Sanfrecce-JAP na semifinal. Estava consolidado como uma das estrelas do time até deixar o clube. A saída foi polêmica, já que não houve negociação. O Bayer Leverkusen pagou a multa rescisória de 24 milhões de euros e levou o jogador. O River chegou a ir à Justiça para impedir o negócio já que tratava uma possível renovação, mas perdeu o caso.
Na Alemanha, sua história foi conhecida, com 190 jogos entre Leverkusen e Frankfurt. Ficou com uma sensação de que poderia ter rendido mais na Europa, mas a carreira foi atrapalhada por sérias lesões no joelho. Ainda assim, foi convocado pela seleção argentina.
No Inter, tenta reencontrar o melhor momento. Tem média de 40 minutos por jogo e marcou quatro gols, um inclusive no Gre-Nal. Conta com a confiança de Coudet, e agora deve ganhar a sequência esperada.
Alario goza de prestígio no grupo. E, segundo pessoas próximas, está completamente ambientado a Porto Alegre. Sua integração à cidade e ao clube ficou nítida ao participar ativamente da acolhida aos abrigados durante a enchente. Ele distribuiu lanches na Restinga e passou uma tarde como voluntário no Colégio Mãe de Deus, bairro Tristeza. Brincou com crianças, deu autógrafo, tirou fotos e presenteou as pessoas.
Contra o Tomayapo, viveu em dois minutos os dois extremos da profissão. Errou um pênalti e, pouco depois, marcou seu gol. Sobre a cobrança, inclusive, deu uma resposta curiosa:
— Pênalti é 50 a 50, ou faz ou erra.
Depois, ampliou:
— Tive minha segunda chance e consegui fazer. Estou tranquilo. Quero ajudar a equipe sempre que receber oportunidades.
Elas aparecerão mais. No sábado, o Inter precisará de seus gols primeiro para avançar aos playoffs da Sul-Americana. E também para ver qual será o adversário.
Alario pelo Inter
- 18 jogos
- 736 minutos
- 40 minutos por jogo (média)
- 4 gols
- 13 finalizações certas
- 21 finalizações erradas
- 86 passes certos
- 25 passes errados