É sempre mais fácil corrigir ganhando. Essa máxima do futebol se aplicará ao Inter após o Gre-Nal 441. A vitória no clássico ajuda Eduardo Coudet a ter um ambiente pacífico para ajustar a equipe, inclusive já pensando em enfrentar o ASA, na quarta-feira, pela Copa do Brasil.
O jogo deixou lições valiosas ao treinador, tanto as positivas quanto as negativas. A equipe ofensiva criou como o esperado, mas cedeu espaços. A qualidade do grupo aumentou. E, claro, tem pontos a observar.
— Sempre temos coisas a corrigir — declarou o técnico.
A seguir listamos algumas dessas lições que o Inter pode tirar do clássico para o próximo jogo e, também, para a sequência da temporada.
Força ofensiva
O Inter ataca, ataca, ataca. É consenso que a vitória no Gre-Nal só saiu porque o time insistiu em avançar, mantendo seu estilo de dominar o adversário, rodar até encontrar o espaço, e não parou até o último minuto dos acréscimos.
Faz parte da filosofia de Coudet, inclusive citado por ele na entrevista coletiva. Segundo o treinador, esse estilo faz parte da história do clube e é sua missão mantê-lo. Mais uma vez, a equipe fez três gols, e tem o melhor ataque do Gauchão, ao lado do Grêmio, com 19.
Para o jornalista e analista de desempenho Rodrigo Coutinho, do ge.globo, essa força ofensiva é uma das maiores armas coloradas:
— O Inter ganhou aproximação no ataque. Coudet adaptou o time em função dos jogadores e da forma que joga, com a inteligência dos jogadores, deixou um time criativo, difícil de marcar tanto pelo meio quanto pelos lados. Promete bastante ofensivamente na temporada.
Capacidade de reação
Até um tempo atrás, se o Inter saísse atrás do placar, era certo que perderia. O time se desmanchava até animicamente e ficava prostrado, sem reação, ou desesperado, jogando a bola para a frente de qualquer jeito. Por vezes, não precisava nem mesmo levar um gol. Bastava que as primeiras finalizações não entrassem para que o nervosismo aparecesse.
Pois no Gre-Nal, pela primeira vez em quase um século, o time esteve atrás duas vezes e não desistiu de buscar a vitória. E tudo de forma relativamente organizada, no estilo da equipe e com a maneira de jogar proposta desde o ano passado.
— Temos de ressaltar muito nosso grupo. Tivemos dificuldades, saímos atrás duas vezes na partida. Fomos maduros, uma equipe com uma atitude gigantesca. Estou muito feliz — declarou Alan Patrick ao final da partida.
Qualidade do grupo
Lucas Alario precisou de dois toques na bola, menos de um minuto em campo, para marcar o gol 600 do Inter em Gre-Nais. Ele estava no banco, foi chamado, entrou no lugar de Bruno Henrique e empatou o clássico quase na metade do segundo tempo.
O ex-atacante de River Plate, Eintracht Frankfurt e seleção argentina é uma prova da mudança de fotografia do time. Antes, as opções eram ou da categoria de base ou sem metade da grife. E não é só ele: entraram também Wesley, campeão algumas vezes pelo Palmeiras, Bruno Gomes, recém-convocado para a seleção pré-olímpica, e Rômulo, muitas vezes titular em 2023. No futuro, haverá ainda Fernando e Borré. O nível subiu.
— A janela permanece aberta até março. Ainda vai sair gente e vai chegar gente. Estamos analisando — declarou Coudet.
A ideia é que titulares e reservas tenham a mesma capacidade para enfrentar a sequência da temporada.
Má fase de Renê
O Grêmio fez um gol no Gre-Nal sem precisar chutar ou cabecear. O 1 a 0 do clássico partiu de uma falha de domínio de Renê, acompanhada por uma saída em falso de Anthoni. O lateral-esquerdo atravessa uma má fase, isso é inegável. E, somada aos erros da semifinal da Libertadores do ano passado, acumulam e causam preocupação entre torcedores.
Coudet se diz tranquilo. Na coletiva, passou confiança, não cansou de elogiar o jogador, inclusive elencando as virtudes que enxerga em seu comandado. Ramon, ex-lateral do Inter e atual comentarista do SporTV, concorda com o técnico:
— Renê seria titular se eu fosse treinador. Ele dá equilíbrio defensivo, tem variação de jogo aproximado e por dentro. E se precisar pode jogar à moda antiga, passando pela ponta. Com Wanderson, ele vira terceiro zagueiro. O principal é confiança. E o Coudet passou isso para ele após o jogo. Apesar da falha, não acho que tenha feito uma partida tão ruim.
Transição defensiva
Em determinado momento, o Gre-Nal virou um jogo de lá e cá. A bola ia ao ataque do Inter e, quando perdia, o Grêmio respondia levando perigo. Ainda mais no segundo tempo. Isso deixou o resultado, àquela altura 2 a 2, bastante perigoso, podendo pender para qualquer um dos lados.
Essa partida estilo montanha-russa não é a que agrada a Coudet. O treinador pediu mais controle aos jogadores, tanto que colocou Bruno Gomes no lugar de Valencia. Faltava segurar, respirar. Na entrevista, reconheceu essa falta de tranquilidade e o risco que isso causou no clássico, e que tentará consertar no futuro:
— Temos de corrigir coisas na transação defensiva. A bola estava voltando muito. E não é só o rival, para qualquer time, é melhor jogar com espaço amplo que reduzido. Queremos ser protagonistas, e precisamos aprimorar esse ponto.