É provável que a maior parte dos leitores deste texto saiba do que se trata quando falamos na Operação Balada Segura. O que muitos não conhecem, porém, é que este cenário de fiscalização, em que os condutores recebem orientações para realizar o teste do bafômetro, a fim de verificar a ausência de ingestão de álcool, foi criado pelo Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) sob a gestão de Alessandro Barcellos, atual presidente do Inter e concorrente ao cargo mais uma vez.
Formado em Administração, especializado em Gestão da Inovação pela Unicamp, de Campinas, Barcellos, 52 anos, foi professor da Escola de Administração da UFRGS entre 2009 e 2010. Antes desse período, contudo, acumulou experiências em cargos públicos. Primeiro no Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), entre 1996 e 1998, na gestão do prefeito Raul Pont (PT).
Depois atuou como chefe de gabinete de três deputados estaduais (Cecilia Hypolito, Henrique Fontana e Stela Farias) até chegar ao Detran, onde esteve entre 2011 e 2013, quando deixou o posto para assumir a Secretaria de Administração do governo Tarso Genro.
— Eu tenho pontos bem claros para falar sobre o Alessandro (Barcellos), que é um gestor competente, correto e leal. Quando diretor do Detran, que estava saindo de uma crise, com esquemas que causaram prejuízos ao Estado, ele entrou, reorganizou e nunca mais houve problema. Com o Balada Segura, apresentou um modelo eficiente de controle de trânsito, que se espalhou como exemplo para todo país — destacou o ex-governador Tarso Genro, que complementou:
— Ele também foi meu secretário de administração e, na época, reorganizou a Celic. Deu transparência para as contas públicas, sendo elogiado até pela oposição. Por isso sempre se destacou pela eficiência na gestão e capacidade de trabalhar na equipe.
Sócio do Inter desde 1999, Barcellos tornou-se conselheiro em 2014 e entrou na gestão do clube para desempenhar funções de administração e finanças, como já havia demonstrado no cenário político. Experiências que lhe levaram ao cargo de vice-presidente de futebol (substituindo justamente Roberto Melo, seu opositor na eleição) e depois de presidente.
Na infância, sua casa passou a se confundir com o Beira-Rio a partir do momento que sua mãe adquiriu um título do Parque Gigante. Depois, Alessandro foi atleta das categorias de base do Inter, mas, ao perceber que não conseguiria ser um jogador de destaque, optou por priorizar os estudos. Entretanto, isso não lhe fez se afastar do time, pelo qual seguiu torcendo e comparecendo nas arquibancadas.
Seja em momentos gloriosos como na conquista do Brasileirão de 1979, ou na sofrida derrota para o Olimpia, na Libertadores de 1989. Paixões e superstições, como entrar no estádio pelo mesmo portão, que foi compartilhada com os filhos, como explicou em entrevista para GZH em 2019.
— Aprendi a fazer com eles o que fizeram comigo e hoje são dois grandes colorados — disse.
Só que ir ao estádio, seja em Porto Alegre ou fora de casa, não é a única atividade do atual presidente com os filhos. Conforme Paula, a mais velha, eles também são companhia para comparecer em shows, como o dos mexicanos do RBD, que estiveram no Gigantinho, em 2006.
— Ele é meu melhor amigo e sempre diz que eu sou a melhor amiga dele. É uma relação de muita parceria. Mesmo sendo mulher, o que poderia ser um problema, não houve motivo para ele não me deixar de levar no Beira-Rio desde pequena, com o desejo de criar esse vínculo. Meus pais sempre prezaram muito por essa presença e participação da família. Assim como eu vou aos jogos, ele é o pai que me leva em shows, como do RBD, no Gigantinho. Alguém sempre presente, seja comigo ou meu irmão — comentou a filha Paula Barcellos.