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Com o 2 a 1 sobre o Cruzeiro neste domingo (5), o Inter quebrou um tabu de 36 anos. A última vitória do Colorado diante da Raposa no Mineirão havia sido na semifinal da Copa União de 1987. Com gol de Amarildo, o Inter conquistou vaga para enfrentar o Flamengo na final, quando os cariocas levaram a melhor.
A Copa União teve início como uma competição organizada pelo então recém criado Clube dos 13, grupo que buscava independência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Depois, com a aproximação da entidade máxima do esporte no país, a Copa União virou um dos "módulos" de um campeonato maior, que envolveu também times aparte do Clube dos 13 ou que haviam ficado de fora da Copa inicial.
Vira e mexe, o que equivaleria ao Brasilerão daquele ano teve quatro módulos: dois da primeira divisão e dois da segunda. O Flamengo foi o campeão e o Inter o vice do Módulo Verde.
Havia o entendimento da CBF que o Rubro-Negro e o Colorado deveriam jogar um quadrangular final com Sport e Guarani, campeão e vice do Módulo Amarelo. Isso nunca ocorreu. Até hoje, há uma discussão moral entre torcidas sobre quem é o verdadeiro campeão brasileiro de 1987, se foi Flamengo ou o Sport, os primeiros de cada módulo.
A bagunça do futebol podia ser encarada como um reflexo político do Brasil. Há poucos anos, os militares transferiram o comando do país novamente aos civis. O presidente eleito indiretamente, Tancredo Neves, morreu em 1985, antes de assumir, e José Sarney, então vice, ficou no cargo principal.
E assim seguiu até 1989, quando finalmente ocorreu a primeira eleição direta para a presidência desde a redemocratização. Naquele ano, eram comuns promessas para o fim da alta inflação brasileira, problema que o Plano Bresser, lançado justamente em 1987, havia prometido resolver com o congelamento temporário de preços e salários — a inflação de 1987 bateu o acumulado de 415%, segundo a Revista Exame.
Além do Flamengo e do Sport, quem também foi campeão, mas de vendas, foi o Volkswagen Gol, seguido pelo Chevrolet Monza e o Ford Escort. Vitorioso, e pela terceira vez, foi Nelson Piquet. O piloto brasileiro, pela Williams, foi tricampeão mundial de Fórmula 1 ao vencer o Grande Prêmio do Japão, em outubro daquele ano.
No mesmo ano, viu-se, não em carros, mas nas quadras, a seleção brasileira de basquete masculino conquistar medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos em Indianápolis ao derrotar a equipe dos Estados Unidos.
As alegrias dos esportes ganhavam destaque na mídia, assim como os desenhos animados He-Man, Thundercats e Tartarugas Ninjas, entre os mais assistidos daquele ano e que até hoje estão na memória afetiva dos fãs. Memória que lembra também da cantora Rosana ao cantar "como uma deusa", do clássico o Amor e o Poder, lançado no ano da derrota do Cruzeiro para o Inter em Minas Gerais.
Como se não bastassem as alegrias do esporte, em setembro de 1987 a tristeza marcou a história. O maior acidente radiológico fora de uma usina nuclear de todos os tempos. Dois catadores de recicláveis desmontaram parte de aparelho de clínica abandonada, em Goiânia, e, dentro, havia Césio-137, substância radioativa que se espalhou pela cidade, ocasionou quatro mortes e deixou mais de mil pessoas afetadas. O objeto foi vendido a um ferro-velho.
Escalações
Na vitória sobre o Cruzeiro por 1 a 0, o Inter entrou em campo com: Taffael; Luís Carlos Winck, Aloísio, Nenê e Paulo Roberto; Airton Caixão, Norberto, Luís Fernando Flores, Félix Brítez, Amarildo e Paulinho Gaúcho. O time foi comandado por Ênio Andrade.
Já o Cruzeiro começou com: Gomes; Balu, Gilmar Francisco, Genilson, Vilmar, Ademir, Eduardo Lobinho, Douglas, Careca, Gil e Cláudio Adão. O treinador era Jair Pereira.