Acima de tudo, a vitória do Inter sobre o Cruzeiro por 2 a 1 neste domingo, no Mineirão, trouxe alívio. O time vinha de dois jogos em casa sem vitória contra os dois últimos colocados do Brasileirão e via a distância pra o Z-4 encurtar. Com o triunfo pela 32ª rodada, porém, novamente o risco de queda foi reduzido.
São sete pontos de folga para o Goiás, 17º, e oito para o Vasco (que joga nesta segunda-feira), mas com cinco equipes entre o time gaúcho e o primeiro integrante da zona de rebaixamento. Está consolidado no grupo que vai para a Copa Sul-Americana, ao menos por enquanto.
O jogo em Belo Horizonte foi um exemplo do que o Inter tem de melhor e de pior. Com 10 dos 11 titulares à disposição (apenas Renê segue fora), o time de Coudet resistiu ao desespero do Cruzeiro, administrou o jogo e abriu 2 a 0, com dois gols que demonstram suas características. No primeiro, posse, domínio, troca de passes até Mauricio marcar. No segundo, a roubada de bola no campo de ataque, na pressão, que Wanderson finalizou.
E depois disso, quando o desgaste pesou, o Inter caiu muito. Coudet teve de tirar Alan Patrick, Mauricio e Aránguiz, e quando eles saíram, o time só resistiu. E nem tão bem, já que levou um gol e uma bola na trave.
O técnico falou sobre isso, mais uma vez. E creditou à condição física a necessidade das trocas. Ele, apesar de bem-humorado, mostrou contrariedade em ter de explicar as trocas de Alan Patrick e Aránguiz juntos, mas mencionou a condição física.
— O cansaço é normal, sempre falamos do desgaste de jogar a cada três dias e das dificuldades do campeonato. Ontem estávamos de casacão, hoje jogamos com mais de 30 graus. Sabíamos que o adversário jogaria a bola para cima, disputaria. Eles usam três volantes, e nós com um. Essa segunda bola fica mais difícil quando enfrentamos um time assim. Quando estávamos tranquilos, parece que gostamos de dar emoção aos jogos. Sofremos, mas conseguimos vencer. Tenho cinco substituições para fazer, vou sentindo pelo jogo. Fomos tirando os atletas que ficam mais com a bola e colocamos gente mais combativa, e acho que deu certo.
Coudet descartou com veemência que a vitória do Mineirão tenha a ver com o ambiente. Alguns jogadores, como Dalbert e De Pena, foram vaiados nos últimos jogos no Beira-Rio e poderiam sentir a pressão de jogar no estádio colorado. Disse o técnico:
— Seguramente não é por ter jogado fora. Sempre prefiro jogar no Beira-Rio. E daqui a três dias estamos lá de novo.
Na quarta-feira, às 19h, o Inter recebe o campeão da América, Fluminense, pela 33ª rodada do Brasileirão. Uma vitória praticamente afasta qualquer possibilidade de rebaixamento, e deixa um final de ano mais tranquilo, dentro do cenário de decepção, ao menos dentro de campo.
— A gente sabia da importância deste jogo depois dos resultados no Beira-Rio, quando jogamos desfalcados. Mas, aqui, mostramos que somos um elenco maduro, experiente e forte. Agora é trabalhar jogo após jogo para colocar o time no lugar que merece — comentou Wanderson, autor do segundo gol.
Mauricio, que marcou o primeiro, fez valer a famosa lei do ex. E teve um gesto bonito: não comemorou, em respeito à torcida do Cruzeiro. Após o jogo, disse:
— É muito bom estar de volta ao Mineirão, reencontrar o Cruzeiro, que me ajudou a ser um atleta e também um homem melhor. Tenho muita gratidão ao clube. Hoje era um jogo importante para a gente, começamos bem, sofremos com a pressão, mas conseguimos o resultado.
Esse, inclusive, foi um resumo do domingo. Nas palavras de Coudet:
— Era um jogo difícil, precisávamos ganhar e ganhar.