Daniel está feliz morando na Califórnia. Revelado pelo Inter, o jogador de 29 anos chegou em fevereiro aos Estados Unidos e passou por vários momentos. De lesão grave, passando por terremoto, até retomar a condição de titular. Agora, está concorrendo a dois prêmios na Major League Soccer — um deles com Lionel Messi como adversário.
Titular do San Jose Earthquakes em 24 jogos, Daniel concorre ao prêmio de melhor goleiro da temporada 2023. A lista de indicados é extensa, porém Roman Bürki, do St. Louis City, e o Andre Blake, do Philadelphia Union, são seus principais concorrentes. Na briga pelo prêmio de melhor estreante, entre seus rivais estão Messi e Sérgio Busquets, do Inter Miami. O resultados serão revelados ao final da competição.
— Significa que o trabalho está sendo feito, sabe? A gente vem trabalhando, se esforçando. Estreei há pouco na liga. Faz sete meses que eu cheguei aqui. Por isso, vou continuar trabalhando, me esforçando, para no futuro, se Deus quiser, estar entre os três melhores goleiros. Esse é o objetivo. E competir em uma lista que tem Messi, Busquets e Jordi Alba, para mim é uma honra — destaca Daniel.
Após ser titular entre 2021 e 2022, Daniel perdeu espaço no Inter com a ascensão de Keiller e a contratação de John no início de 2023. Alvo de críticas da torcida colorada por alguns erros em jogos importantes, ele decidiu que era hora de sair e aceitou a proposta dos Quakes (terremoto, em inglês). Os norte-americanos pagaram US$ 600 mil (cerca de R$ 3 milhões) pela contratação do goleiro.
Na MLS, teve um bom começo, porém, uma lesão no joelho, em março, exigiu a realização de uma cirurgia que lhe tirou por um mês das partidas. Até voltar a ser titular, foram mais dois meses — período em que teve a recuperação somada ao aprendizado no novo idioma e ao novo país. Longe dos filho e da esposa, ele contou com o suporte de três jogadores brasileiros que também atuam nos Quakes para evoluir no processo.
— Foi muito difícil se adaptar. Eu não podia caminhar, mas aqui no San Jose tem três brasileiros que me ajudaram muito. Nathan (ex-Palmeiras), Rodrigues (ex-Grêmio) e o Judson (ex-Avaí). Eu coloquei na cabeça que tinha que me recuperar e saber que não iria voltar jogando, porque foi uma lesão grave.
Além de tê-lo como concorrente na premiação de melhor estreante, Daniel vive a expectativa por enfrentar Lionel Messi. Porém, como o Earthquakes é da Conferência Oeste e o Inter Miami da Conferência Leste, além de já estar eliminado da competição, este confronto ficará para a próxima temporada.
Em busca de uma vaga na fase de mata-mata da MLS, o San Jose enfrentará o Austin neste sábado (21), pela última rodada da fase classificatória. Em nono, com 43 pontos, o time precisa alcançar a sétima posição para se classificar aos playoffs. Caso termine em oitavo ou nono, disputará o play-in, um jogo-extra entre as equipes desta posição para definir o último classificado à fase eliminatória.
Entrevista com Daniel
Como você se sente em relação à rápida ascensão na MLS, sendo nomeado para duas categorias importantes de prêmios, considerando que é sua primeira temporada na liga?Significa que o trabalho está sendo feito, sabe? A gente vem trabalhando, se esforçando. Estreei há pouco na liga. Faz sete meses que eu cheguei aqui, e isso significa que o trabalho está dando certo. Por isso, vou continuar trabalhando, me esforçando, para no futuro, se Deus quiser, estar entre os três melhores goleiros. Esse é o objetivo. Também estou na lista dos melhores estreantes da liga. Competir em uma lista que tem Messi, Busquets e Jordi Alba, para mim é uma honra, né?
Quem você considera os principais concorrentes a estes prêmios?
Eu acho que tem vários goleiros bons aqui, mas meus principais concorrentes são o Bürki, que é o goleiro St. Louis City e que jogou no Borussia Dortmund, e o Andre Blake, que foi o melhor goleiro da MLS no ano passado e joga no Philadelphia Union. Eu acho que a concorrência está entre nós três, mas tudo pode mudar, porque o futebol é muito rápido. Tudo pode acontecer. Já como estreante da Liga, concorrer com Messi, que é o cara que que trouxe muitas coisas boas para a liga. Mas estou na disputa, passo a passo.
Logo na largada houve lesão no joelho e cirurgia. Como você conseguiu recuperar a confiança e retomar a titularidade?
O atleta nunca pensa na lesão, nunca acho que vai se machucar, mas infelizmente isso acontece. E quando eu cheguei aqui nos Estados Unidos, eu cheguei sem minha família, sem meu filho. Fiquei sozinho, fiz a adaptação sozinho, fiz os dois primeiros jogos e aí logo em seguida eu tive a lesão no menisco. Cara, para ser bem sincero, foi muito difícil se adaptar. Não podia caminhar, mas aqui no San Jose tem três brasileiros que me ajudaram muito. Nathan (ex-Palmeiras), Rodrigues (ex-Grêmio) e o Judson (ex-Avaí). Eu coloquei na cabeça que tinha que me recuperar e saber que não iria voltar jogando, porque foi uma lesão grave. Tinha que ser aos poucos, tentando evoluir ao máximo nos treinamentos e tentando entender o que o treinador dizia. Nosso treinador de goleiros não fala espanhol e nem português, somente o inglês. E aí para mim era muito difícil, mas graças a Deus eu pude passar por cima dessa dificuldade, sem dor.
Como você compara o estilo de jogo e a competição na MLS em relação ao futebol brasileiro?
Eu tinha uma visão, de brasileiro, que ama o futebol. E quando eu cheguei aqui, tive uma outra visão, porque aqui o nível técnico não é muito diferente do Brasil. É muito parecido. Na Leagues Cup, jogamos contra os times do México, e a minha sensação foi a mesma da Libertadores. O que eu senti de mais de diferente, que chamou a atenção, é a torcida aqui do Quakes. É uma torcida que está sempre ali te apoiando. E os jogadores daqui podem aproveitar mais a vida. Saíram até aquelas fotos na internet do Messi no mercado, com a família. É tipo isso. Esse relacionamento que o jogador que tem com a torcida aqui é o principal ponto.
E a vida na Califórnia? É diferente do Rio Grande do Sul ou do Mato Grosso?
Aqui na Califórnia é muito diferente do Brasil, seja de Porto de Porto Alegre ou do Mato Grosso Aqui, às 20h, não tem ninguém na rua. É uma tranquilidade no bairro. Mas tem algumas coisas que eu sinto falta, sabe? Eu sou criado no Interior, então faltam aquelas crianças jogando bola na rua ou soltando pipa. Não tem nada disso. E a segurança aqui é uma coisa que incrível. Tu pode sair com teu filho, com tua esposa, e fica tranquilo. E aqui na Califórnia é muito quente. Até mesmo teve um terremoto de magnitude 4.4, mas é uma coisa bem suave, que dizem que é normal. Mas aqui é muito bom de viver e aproveitar com a família.
Segue acompanhando o Inter por aí?
São quatro horas de diferença e, quando acabar o horário de verão, serão cinco. Então, eu tento acompanhar pelas redes sociais, pois tem meus treinamentos aqui, tenho que levar e buscar meu filho na escola. Mas, sempre que possível, acompanho, pois ainda tenho muitos amigos que jogam no Inter.
Foram 12 anos de Inter, sendo criado no clube. No tempo de titular, houve críticas por falhas. Você chegou a falar sobre isso na despedida. Como foi lidar com essas cobranças?
A vida de goleiro é assim. Tem momento que tu está bem, aí logo em seguida acontece uma falha. Somos humanos e estamos sujeitos a errar. Todo mundo está sujeito a errar, entendeu? Mas a gente tenta trabalhar, se esforçar no dia a dia para chegar no jogo e não errar. Mas às vezes acontece, faz parte do futebol, faz parte da vida do ser humano. E quando a gente é elogiado, a gente tem que manter o foco e continuar trabalhando. Quando é criticado, da mesma forma. Às vezes chegam umas críticas muito duras, que você tem que olhar e seguir trabalhando.
A MLS não é qualquer liga, tem tudo para crescer. Daqui uns anos, vai ser uma das ligas top do mundo.
DANIEL
Goleiro, ex-Inter
Embora seja da outra conferência e de uma cidade distante de San Jose, o impacto da chegada do Messi na liga teve reflexo por aí?
A chegada do Messi faz a MLS crescer mundialmente. Como a gente é de outra conferência, esse ano a gente não vai jogar contra eles, mas o ano que vem tem o jogo. E creio que que muda todo o ambiente da cidade pra ver o Messi. Até para nós jogadores. Jogar contra o Messi, contra os um dos melhores do mundo, sabe? Então, acredito muito que a chegada do Messi, do Busquets, do Jordi Alba, serve para abrir os olhos. A MLS não é qualquer liga, tem tudo para crescer. Daqui uns anos, vai ser uma das ligas top do mundo.
O time está próximo da classificação aos playoffs. Onde vocês esperam chegar nesta temporada?
É um jogo difícil, primeiramente. Jogamos lá com o Austin no primeiro turno e empatamos em 2 a 2. E o nosso objetivo é classificar aos playoffs diretamente. Eu sei que tem o play-in, mas nosso objetivo são os playoffs e depois é mata-mata. Mas se não der para ir, vamos ao play-in e tentar decidir em casa, pois ainda dependemos de alguns resultados. Mas a gente fez uma semana boa de treinamentos, a torcida já esgotou os ingressos do estádio. Os Terremotos, como chamam nossa torcida, vão vir para apoiar o time e, se Deus quiser a gente vai conseguir essa vitória.