São dois estilos diferentes de lateral, que inclusive podem mudar até a forma de o Inter iniciar suas jogadas. O retorno de Hugo Mallo, que cumpriu suspensão no Gre-Nal, permite a Eduardo Coudet pensar em mais alternativas para escalar a equipe que enfrenta o Bahia às 21h30min desta quarta-feira (18), na Fonte Nova, pela 27ª rodada do Brasileirão. Ele disputa com Bustos um lugar no time.
Os números dos dois ilustram as características de cada um. O argentino tem dois gols, 22 passes para finalização e 61 cruzamentos no total. O espanhol até fez um gol, mas deu apenas duas assistências para conclusões, e tem 15 cruzamentos. Enquanto Bustos é praticamente um ponteiro que volta para marcar, Mallo é um defensor que aparece esporadicamente na frente. E isso faz muita diferença.
Renê, em entrevista antes do confronto com o Fluminense, explicou as diferenças entre os laterais direitos (naquele jogo, Mallo marcou de cabeça):
— Hugo é mais defensivo, Bustos é mais ofensivo. Com Hugo, fica mais balanceada a ida à frente. Bustos passa mais, daí o lateral-esquerdo fica.
Ocorre que Coudet não terá Renê, suspenso. O lateral-esquerdo costuma ser o responsável por se juntar aos zagueiros no que se costuma chamar de saída de três. Sem ele e com Dalbert, um jogador bem mais ofensivo, as duas possibilidades para essa saída seriam recuar o primeiro volante ou inverter o lado, fazendo que o lateral-direito seja esse terceiro integrante. Nesse caso, crescem as chances de Mallo atuar.
Nos oito jogos que fez pelo Inter, o espanhol foi zagueiro em três. Mesmo não sendo um jogador alto (1m74cm), conseguiu se impor contra Bolívar, Goiás e São Paulo. Nessas partidas, a defesa colorada levou apenas um gol — de Calleri, de pênalti, em falha de Keiller.
Bustos é o oposto. É mais frequente vê-lo na linha de frente, como meia aberto pela direita, do que na defesa. Trata-se de um jogador com força ofensiva para ganhar a linha de fundo e também fechar para concluir. Foi assim que marcou seus dois gols, ambos pós-Coudet, diante de Cuiabá e São Paulo. Em ambos, estava na área adversária pegando rebote de cruzamento que veio da esquerda.
Ele tem como virtude uma combinação com Mauricio, que fecha mais para dentro e libera o corredor. Se não atuar, caberá ao meia ocupar mais a faixa lateral, mesmo sendo canhoto. Wanderson é quem terá de fechar para o meio, liberando o corredor para Dalbert.
Para o ex-lateral-direito do Inter e um dos grandes nomes do time na década de 1980, Luiz Carlos Winck, escalar Mallo não significa tirar ofensividade do time, assim como manter Bustos não será sinônimo de atirar a equipe para a frente. Para o atual técnico do Centro-Oeste-GO, a opção de Coudet poderá ser um contraveneno ao que montará Rogério Ceni, que mudou o estilo de jogo do Bahia.
— Ter um lateral mais defensivo pode dar segurança em um jogo fora de casa. Mas o técnico pode optar por liberar a chegada dos volantes por aquele lado. Bruno Henrique, por exemplo, teria liberdade para se aproximar de Mauricio, sabendo que tem segurança atrás. Se escolher um mais ofensivo, balança o time segurando mais os jogadores de meio. Bom é ter essas opções de qualidade — diz Winck.
Um último treino ainda na terça-feira determinará o escolhido por Coudet. Mallo será importante também porque é o único defensor do grupo principal que pode ser zagueiro. Igor Gomes e Nico Hernández estão suspensos, Moledo está afastado preventivamente por doping. O Inter deverá levar o jovem João Dalla Corte, de 17 anos, para ser alternativa. Mas ele só entrará em último caso.