Deveria ter sido melhor, sem dúvida, esse retorno de Luiz Adriano ao Inter. Herói do Mundial de 2006, autor do gol que classificou a equipe para a final e peça importantíssima no 1 a 0 sobre o Barcelona, o centroavante voltou ao Beira-Rio para encerrar sua história. Mas a esperança do início do ano virou crítica ao longo da temporada.
O camisa 9 tornou-se reserva. E pouco aproveitado. Agora, contra o Bahia, em um time recheado de desfalques, deve ter mais uma chance de mudar seu destino. A partida da 27ª rodada do Brasileirão, na Fonte Nova, está marcada para 21h30min.
Luiz Adriano deve jogar pelo fato de que Enner Valencia está com a seleção equatoriana. Mas, apesar de tantos desfalques (oito no total), ele terá a seu lado boa parte dos titulares. Um cenário diferente de suas últimas atuações. O centroavante jogou quando os reservas foram chamados por Eduardo Coudet, enquanto os demais eram preparados para a Libertadores.
Até por isso, explica-se parte da seca. Seu último gol foi em 5 de agosto, nos acréscimos de Inter 2 a 2 Corinthians. Desde então, entrou em campo 10 vezes. Em tempo, são 345 minutos sem balançar as redes.
Desta vez, em tese, a companhia será melhor. Os desfalques do Inter estão, em sua maioria, no sistema defensivo (Rochet, Renê, Johnny, Igor Gomes e Nico Hernández). A armação de jogadas para Luiz Adriano estará a cargo de Alan Patrick, Mauricio e Wanderson, todos titulares. Apenas Aránguiz, que faz a ligação entre defesa e ataque, estará fora, mas será substituído por Bruno Henrique, de inegável qualidade.
Esta deve ser uma espécie de última chance para Luiz Adriano, que chegou a cair na hierarquia dos reservas. Lucca, por exemplo, foi o escolhido por Coudet para entrar contra o Fluminense no Maracanã.
Mas o jovem colorado também não deu a resposta esperada, o que reabriu chance para o veterano campeão do mundo. Até porque a última impressão de Luiz Adriano não é ruim, ainda que tenha vindo na noite mais triste do ano colorado. Foi dele a última chance na partida contra o Fluminense, em uma cabeçada certeira que encontrou as luvas de Fábio, em uma defesa salvadora.
Em 2023, Luiz Adriano soma 39 partidas com a camisa colorada. Foram seis gols e quatro assistências em 1,9 mil minutos. Começou como titular 15 vezes. Apesar de ter caído de rendimento e até de aproveitamento, é considerado peça-chave no vestiário, por sua liderança sobre os companheiros.
Com a parada da data Fifa, espera-se que tenha melhorado sua condição física. Sem ter feito pré-temporada, ele tinha problemas para ficar no mesmo nível dos companheiros. Além disso, viveu um drama particular, com a morte de sua mãe. Ele foi homenageado pelo clube e pelos companheiros.
Em setembro, chegou a ser especulado como reforço do Al-Faisaly, da Arábia Saudita. Mas sua saída foi descartada pelo presidente Alessandro Barcellos, que, em entrevista à época, lembrou do melhor momento do centroavante:
— O Luiz Adriano é um atleta reconhecido, com passagem importante pela Europa e, portanto, sempre gera interesse e especulações. Não temos o interesse em se desfazer de um jogador que foi fundamental. Especificamente, posso falar nos dois gols contra o Independiente Medellín.
Esses gols garantiram o Inter no mata-mata da Libertadores. Mas aí chegou Valencia e tomou conta da posição. A falta de gols pesa até no bolso. No contrato de Luiz Adriano com o Inter (que vai até junho do ano que vem), o salário fixo não é alto, mas deveria ser complementado com resultados esportivos.
Além de tudo, há uma cobrança especial. A família de Luiz Adriano é muito, muito colorada. E isso se reflete em cobranças também em casa.
É tudo isso que estará em jogo para o camisa 9 em Salvador: a busca por voltar a Libertadores, o sonho de ainda ter um final feliz no Inter e o pai de olho no desempenho.