Ainda não teve tempo suficiente para entender o tamanho do golpe sofrido pelo Inter, na eliminação para o Fluminense na semifinal da Libertadores. Mas há menos tempo ainda para digerir, mudar a página e trocar o foco para o Gre-Nal de domingo, no Beira-Rio, válido pela 26ª rodada do Brasileirão. O clássico aparece como chance de recuperação imediata, antes de uma parada de 10 dias para a data Fifa.
E recuperação é o que o Inter mais precisa. Tanto na tabela do Brasileirão (abre a semana em 14º lugar, três pontos acima do Z-4) quanto na parte anímica. O time tem dois meses para buscar a recuperação e tentar vaga em alguma competição continental em 2024, para tentar salvar mais um ano sem títulos.
Após a partida, já na madrugada de quinta-feira, o presidente Alessandro Barcellos declarou, ainda na sala de imprensa do Beira-Rio:
— Precisamos remobilizar o Inter. Temos 13 rodadas pela frente, um clássico domingo no Beira-Rio. Portanto, a necessidade é de reagir imediatamente. O torcedor e nós aqui estamos vivendo esse luto, mas não temos tempo para que esse luto permaneça.
Essa frase foi semelhante à do comentarista Paulo Cesar Vasconcelos, do SporTV:
— O abatimento de Eduardo Coudet na coletiva, que não poderia ser diferente, precisa ter acabado já na reapresentação. O futebol não te dá tempo para sofrer nas derrotas.
Claro que para um clube grande, com mais de um século de história, essa situação não é inédita. Qualquer time brasileiro que foi eliminado de um torneio importante teve de correr, juntar forças e dar a volta por cima. No caso colorado, há alguns casos de baques que acabaram absorvidos e se transformaram em bons resultados.
Em 1979, por exemplo, o Inter saiu de um terceiro lugar no Gauchão para o título invicto do Brasileirão. Mas essa campanha não teve uma derrota dolorosa como a de quarta-feira. Mais semelhante é 2009. O Inter vivia seu auge no século, acumulando títulos de Libertadores, Recopa e Copa Sul-Americana. Mas teve um tombo na final da Copa do Brasil. Diante do Corinthians, não conseguiu superar o 2 a 0 sofrido na partida de ida e apenas empatou na volta, no Beira-Rio. Na Recopa, uma semana depois, caiu novamente, para a LDU.
Naquela época, porém, o clube tomou medidas mais drásticas. Os dirigentes entenderam que o trabalho de Tite não dava mais resultados. Ele deu lugar a Mário Sérgio. O ex-goleiro Lauro lembra do caso e vê semelhanças com 2023:
— É uma situação parecida, tínhamos a expectativa grande, era o ano do centenário, então houve investimentos grandes. Na época a mudança da comissão técnica influenciou. Conversamos muito, nos juntamos. Hoje, acho que o Inter tem de tirar forças da qualidade e do potencial da equipe. O time atual é experiente, tem bastante vivência no futebol e sabe como fazer isso.
Em 2022, a derrota para o Melgar nas quartas de final da Sul-Americana, ainda que traumática, também no Beira-Rio, acabou aliviando o calendário (o que não é exatamente o cenário atual). Mas a partir da eliminação, o time conseguiu aglutinar forças e subir da sexta para a segunda posição do Brasileirão.
O Gre-Nal, ao mesmo tempo que tem potencial para aprofundar a crise, pode ser a chance de uma volta por cima imediata. É o único jogo com vida própria suficiente para mudar um cenário de melancolia e decepção.