Uma das tantas trocas que Eduardo Coudet precisará fazer no time que enfrentará o Bahia, na quarta-feira (18), não será apenas em nomes. A mudança na lateral esquerda, Dalbert no lugar de Renê (suspenso), deverá acarretar em uma cascata de alterações na equipe. Inclusive trazendo uma característica clássica do técnico argentino, que foi deixada de lado no Inter de 2023.
Pela diferença de perfil entre os dois jogadores, a troca na lateral esquerda terá repercussões em mais jogadores. E pode mexer até mesmo na escalação. Dalbert é descrito assim pelo jornalista italiano Roberto Pinna, da Gazzetta dello Sport, que o viu de perto na Inter de Milão, Fiorentina e Cagliari:
— É um típico lateral brasileiro. Corre muito e ama atacar. Poderia jogar, inclusive, em uma segunda linha, no meio do campo, pela beirada.
Renê tem outra característica. Atua mais como um zagueiro pela esquerda, que só vai à frente quando tem certeza da participação no ataque. Por isso, participa da saída de bola no campo de defesa.
Coudet não abre mão de ter uma "saída de três". Na prática, com todos à disposição, envolve dar mais uma opção aos dois zagueiros. Renê é o terceiro jogador. Nesse cenário, Johnny, Aránguiz e Mauricio ocupam a faixa central, Bustos abre o campo pela direita e Wanderson faz o mesmo pela esquerda, deixando soltos Valencia e Alan Patrick.
No Desenho Tático de GZH, assinado por Cristiano Munari, há uma recordação. Coudet, por mais que mantenha a saída com três jogadores, mudou em 2023. Até então, o técnico trazia o primeiro volante para iniciar as jogadas em companhia aos zagueiros. Cabia aos laterais dar amplitude e os três meias ocupavam a região central, com dois atacantes. Ele até tentou fazer isso nas duas primeiras partidas, contra Bragantino e Cuiabá, mas desde o enfrentamento com o River Plate pela Libertadores, decidiu por segurar Renê e soltar Johnny.
Na prática, contra o Bahia, serão outros nomes, até porque há muitos desfalques por convocações às seleções e suspensões. Caso opte pelo "Coudet raiz", manterá Bustos na lateral direita. E usará Rômulo (ou Gabriel) como terceiro jogador na saída de bola, com Bruno Henrique, Mauricio e Wanderson mais centralizados, deixando as laterais para Dalbert e Bustos. Seria um retorno à tradição do técnico argentino.
Mas há ainda duas alternativas, que envolvem um espelhamento. Em vez de o lateral-esquerdo baixar para a linha de zagueiros, essa missão será do direito. E aí entraria Hugo Mallo, que tem também a característica de jogar por dentro.
Se optar pelo espanhol, Coudet pode tanto usar Mauricio para abrir o campo pela direita quanto inverter Wanderson e deixar que o camisa 11 dê a amplitude por esse lado.
O mais improvável é desperdiçar a potência de Dalbert, a quem o atual técnico da seleção italiana, Luciano Spaletti, já comparou (atenção, no estilo, e não na qualidade, é óbvio!) a Roberto Carlos. Seria uma grande surpresa o treinador colorado repetir com Dalbert o posicionamento e as missões de Renê. Mas, se precisar, o reforço colorado garantiu estar pronto, quando falou em sua entrevista coletiva de apresentação:
— Sempre fui muito ofensivo, mas quando fui para a Itália, aprendi muito defensivamente. Me defino como um jogador que sabe defender e atacar. Vai depender do que o treinador me pedir.
Coudet tem até terça-feira (17) para pensar nas melhores alternativas. E Dalbert terá uma oportunidade grande para mostrar seu valor e virar dor de cabeça para o técnico.