A Corregedoria-Geral da Brigada Militar abriu uma investigação para analisar a conduta de policiais na detenção de uma torcedora do Inter no pátio do Beira-Rio, momentos antes da partida contra o Fluminense, na última quarta-feira (4).
Moradora de São Paulo, ela diz ter sido agredida por PMs quando foi abordada em meio a um tumulto próximo ao portão 7 do estádio. Por ter contrariado uma orientação policial de deixar o local, teria recebido um golpe no braço direito.
— Eu estava entrando no portão 7, às 20h30min, sob efeito de spray de pimenta, pois o lugar estava tumultuado. No meio da confusão, me perdi dos meus amigos antes de passar a catraca. Fiquei ali procurando eles, mas um policial disse que tinha de sair, pois era perigoso. Eu disse que iria ficar. Foi então que policial colocou a mão no peito, acho que para esconder a câmera, girou o meu braço e me jogou no chão — disse à GZH.
A torcedora do Inter relatou que, depois de cair no chão, foi levada para um canto e questionada com a pergunta "Já foi fichada?, seguida de "Agora vai ser". Na sequência, ela foi levada para Juizado do Torcedor (Jecrim) do estádio, onde permaneceu durante a madrugada e, portanto, não pôde assistir a partida.
No dia seguinte, ela registrou Boletim de Ocorrência, retornou para casa e realizou exames no Hospital Albert Sabin, em São Paulo. Conforme a avaliação médica, não houve fratura no braço direito. No entanto, foi recomendado o aguardo de uma semana para o alívio de um possível edema.
Titular do Jecrim, o juiz Marco Aurélio Martins Xavier solicitou ao Inter as imagens da ocorrência para que elas sejam anexadas ao processo. Eles precisam ser enviadas pelo clube em cinco dias úteis — portanto, até a próxima quarta (11). A audiência será realizada em dezembro.
A resposta do Batalhão de Choque
A segurança do pátio do Beira-Rio em Inter x Fluminense foi feita pelo 1º Batalhão de Polícia de Choque (1ºBPChq). No processo, a prisão foi justificada por desacato: "A suspeita desacatou, proferindo ofensas (dois palavrões são citados)".
O 1ºBPChq também emitiu uma nota sobre o ocorrido, afirmando que a torcedora foi segura pelo braço durante a abordagem.
"A torcedora foi orientada a ficar em uma área protegida, pois alguns torcedores estavam jogando garrafas. No primeiro momento, ela atendeu ao comando. Todavia, instantes após, voltou para o mesmo local. Em um novo contato, a suspeita desacatou, proferindo ofensas ao policial que lhe orientava. Um segundo policial chegou para intervir, pegando-a pelo braço, momento que ela se atirou no chão e começou a gritar. Diante dos fatos, a parte foi conduzida até o posto de triagem, localizado no portão 5, e posteriormente à delegacia de polícia do estádio", diz a nota.