Como dizem nas redes sociais, foi uma "cátedra" de Charles Aránguiz no Gre-Nal de domingo. O chileno, mais uma vez, deu uma aula sobre o que deve fazer um segundo volante em uma partida de futebol. Foram 88 minutos de combate, armação, controle e ocupação de espaços. Se Alan Patrick foi o protagonista do clássico, é inegável que Aránguiz foi o melhor ator coadjuvante. Novamente, foi o fiador de um sistema de jogo que depende bastante de seu desempenho. E aumentar seu tempo em campo é o maior desafio até o final da temporada e também para 2024.
Desde que foi contratado, em abril, Aránguiz atingiu seu auge seis meses depois. Do começo ainda claudicante com Mano Menezes, a ascensão com Eduardo Coudet é bem nítida. Ele tem uma compreensão da função pedida pelo treinador, de estar à frente de Johnny, em uma faixa que dá o combate no passe "ruim" do zagueiro para o volante adversários, ao de armar verticalmente a partir da recuperação da bola.
No clássico, o Sofascore levantou que, entre todos os atletas colorados que estiveram em campo, foi o que mais tocou na bola (78 vezes), o que mais acertou passes (48), o que mais interceptou (3), o segundo em desarmes (2) e o terceiro em recuperação de posse (6). Tomou conta do setor e permitiu que o time todo aparecesse, especialmente Wanderson, Mauricio, Alan Patrick e Valencia.
Justificou, em campo, o elogio público feito pelo ex-técnico da seleção chilena Martín Lasarte:
— Para mim, Aránguiz é decisivo sempre. É um jogador de tremenda qualidade, e muito acima da média.
O comentarista do Gre-Nal para o SporTV, Carlos Eduardo Lino, apontou:
— Ele foi fundamental, jogou atrás do Mauricio, dando sustentação ao lado direito. Puxava o Reinaldo, abria espaço e permitia os ataques por ali. Johnny e Alan Patrick crescem com ele. É um jogador diferente. Ainda não segura 90 minutos porque joga em um nível tão alto que não consegue segurar essa forma muito intensa.
O crescimento do jogador causou espanto em outro meia de qualidade e compreensão tática que vestiu a camisa colorada. Nos anos 1980, Cléo Hickmann foi um dos destaques da equipe, inclusive sendo negociado com o Barcelona. Ele assistiu ao Gre-Nal e afirmou:
— Me surpreende Aránguiz estar em uma condição tão boa, dada a forma que chegou.
Ele se refere ao fato de o chileno ter voltado de uma longa lesão e ficado mais de nove meses sem entrar em campo entre a saída do Bayer Leverkusen e o retorno ao Beira-Rio. Completa Cléo:
— O futebol brasileiro também está rápido, achei que ele teria dificuldades de adaptação. Mas é um jogador dinâmico, dá muito ritmo ao time. É fundamental nesse esquema atual do Inter. E o time que jogou a Libertadores funcionou bem, a eliminação foi fruto do acaso do futebol.
Esse tempo de recuperação causou reflexos. Aránguiz, que já tem 34 anos, não completou 90 minutos ainda. E quando sai, leva junto parte da qualidade da equipe. Contra o Fluminense, por exemplo, foi depois que deixou o gramado que ocorreu a virada dos cariocas. A expectativa no Inter é de que, no ano que vem, com uma pré-temporada completa, poderá ficar mais tempo em campo.
Aránguiz não estará em campo no próximo jogo do Inter, marcado para quarta-feira, 18, em Salvador. Ele está a serviço da seleção chilena nas partidas das Eliminatórias. Seu contrato com o Inter é válido até a metade da temporada 2025.
Aránguiz no Inter em 2023
- 18 jogos
- 989 minutos
- 498 passes
- 88,4 % passes certos
- 17 lançamentos
- 69% lançamentos certos
- 15 desarmes
- 15 faltas sofridas
- 14 faltas cometidas