O Inter inicia a semana na qual Eduardo Coudet terá de tomar uma decisão que tem relação com a Libertadores. Por mais que ainda faltem nove dias para o primeiro jogo contra o Fluminense, no Maracanã, a briga por uma vaga na final da competição mais importante do continente cria dúvida sobre a necessidade de escalar o time titular diante do Athletico-PR, na quinta-feira (21). Há pontos positivos e negativos tanto para preservar os principais jogadores quanto para escalá-los em Curitiba. Todos eles serão pesados na hora da decisão ser tomada pela comissão técnica comandada pelo argentino.
O final de semana foi de boas notícias para o treinador colorado. O zagueiro Vitão e o volante Johnny voltaram a treinar com os companheiros. Assim, Coudet tem a possibilidade de escalar na Arena da Baixada o 11 que pensa para o Maracanã.
Os seis dias de distância entre os compromissos com Athletico-PR e Fluminense abrem margem para que os titulares possam atuar. O cenário é diferente dos mata-matas anteriores, quando os jogos do Brasileirão ocorreram três dias antes dos enfrentamentos com River Plate e Bolívar nas oitavas e quartas de final, respectivamente.
Por outro lado, a gramado sintético da Arena da Baixada traz sempre uma preocupação. Qualquer lesão faltando menos de uma semana para o confronto com os cariocas pode gerar desfalque para a decisão. O próprio Fluminense no final de semana teve problemas com Jhon Arias e Germán Cano. Dois dos principais jogadores da equipe de Fernando Diniz, ambos sofreram entorses nos tornozelos - o colombiano no direito e o argentino no esquerdo - no clássico com o Vasco, disputado no piso artificial do Engenhão. Há também nos casos de Vitão e Johnny o temor de que dois atletas vindos de lesão atuem em uma grama que não é natural.
Fisioterapeuta e especialista em ciência do esporte, Mauren Mansur ressalta que o fato de os jogadores do Inter não estarem habituados à grama sintético gera um desgaste maior que em campos naturais.
— A diferença está no gramado. O tempo entre um jogo e outro permite a recuperação. Na grama sintética, se tem maior desgaste, a bola quica diferente, eles precisam correr mais, são outras demandas. Tem a questão da adaptação para quem não conhece a grama sintética. Se vai jogar com um material que não está acostumado, talvez se corra mais risco. Não se pode dizer que vai ter lesão por não estar acostumado. Não é matemático, mas a margem pode aumentar — observa.
No caso de preservar, outro ponto a ser considerado é que o time titular ficaria um longo tempo sem atuar. Contra o São Paulo, Coudet já não contou com os atletas que defenderam suas seleções na data Fifa - além dos lesionados Vitão e Johnny. Assim, o último jogo do time titular antes do Fluminense seria o empate com o Goiás, em 2 de setembro, um intervalo de 25 dias.
Ex-lateral-esquerdo do Inter, Marcão mostra preocupação em manter os atletas com ritmo de jogo. Em razão disso, ele acredita que vale a pena correr o risco de usar os titulares na Arena da Baixada.
—Seis dias antes te permite jogar com os titulares naturalmente. Deixar os atletas tanto tempo sem jogar te faz perder ritmo, acho que tem que jogar com o time completo. Se fosse domingo e quarta-feira, a minha opinião seria de poupar, mas uma semana de intervalo dá para jogar naturalmente e recuperar. Lesões acontecem também em treinamentos, é um risco que faz parte do esporte —observa Marcão, que também defendeu o Athletico-PR e conhece bem a Arena da Baixada.
Com prós e contras e o alerta do Fluminense no sábado, o Inter inicia a semana com uma decisão a tomar. No caminho para o Maracanã há a Arena da Baixada e um jogo que precisa ser avaliado além dos três pontos em disputa no Brasileirão.
Inter deve escalar titulares contra o Athletico-PR?
MARCOS BERTONCELLO - Colunista de GZH
Penso que devem ser colocados alguns titulares para ganharem ritmo de jogo e não ficarem tanto tempo sem atuar (Rochet e Valencia). Poupar aqueles que vêm de uma grande sequência de jogos na temporada ou que não têm reposições à altura, como Renê por exemplo. Portanto, um time misto em Curitiba.
VINI MOURA - Colunista do Diário Gaúcho e representante da torcida colorada nas jornadas da Rádio Gaúcha
Não existe nenhuma necessidade de expor os principais jogadores do time em um jogo sem motivação para o Inter. O que aconteceu com o Fluminense no último sábado deve ser utilizado como exemplo no Beira-Rio. A missão foi cumprida quando o Inter venceu o São Paulo. O alívio veio e o time desafogou da parte de baixo da tabela.
MARCELO DE BONA - Narrador da Rádio Gaúcha
Deve considerar o ritmo dos jogadores e não o resultado. Pouco importa na vida do Inter ganhar, empatar ou perder. Mas será importante considerar o ritmo de alguns jogadores. Os que voltam de lesão e os selecionáveis, pelo menos para 45 minutos.