Faltando menos de duas semanas para o jogo de ida da semifinal da Libertadores, o Fluminense sofreu um duro baque na retomada do Brasileirão após a data Fifa. A derrota de 4 a 2 para o Vasco no clássico do Rio mostrou caminhos para o Inter na tentativa de superar o tricolor carioca no duelo continental. O Desenho Tático de GZH mostra os pontos-chaves para a vitória vascaína no final de semana.
Para iniciar o jogo, o argentino Ramón Díaz apostou em uma formação no 4-1-4-1 tendo no trio de meio-campo a chave para marcar o forte jogo de aproximações do Fluminense. Sem Fernando Diniz no banco por suspensão, o Tricolor também não contou com Ganso, lesionado, e Felipe Melo, preservado por apresentar desgaste. Alexander foi o escolhido para entrar no meio com Marlon sendo o companheiro de Nino na zaga.
Como o Vasco marcou
Sem a bola, o Vasco se posicionava com uma marcação que iniciava próximo da linha do meio-campo. O argentino Vegetti era o homem mais adiantado, mas não buscava pressionar os zagueiros. Nino, Marlon e o volante André, que recuava para auxiliar na saída, podiam receber com tranquilidade. A partir do momento que eles escolhiam o passe que o Vasco passava a pressionar.
A ideia de Ramon Díaz foi fechar o meio e forçar que as saídas do Fluminense fossem pelos lados. Assim que Guga ou Marcelo recebiam a bola, os jogadores do Vasco rapidamente faziam o balanço para congestionar o setor da bola. Isso foi determinante para impedir que o time de Fernando Diniz conseguisse gerar superioridade com as aproximações em torno da bola.
O funcionamento dessa ideia exigiu muita intensidade de Paulinho e Praxedes para as coberturas aos extremas Rossi e Marlon Gomes, bastante exigidos no combate aos laterais. O ex-colorado Zé Gabriel foi peça-chave para controlar as costas dos outros meio-campistas e impedir que o Fluminense explorasse as entrelinhas do time de Ramón Díaz.
Essa marcação cortou o jogo de passes do Fluminense, que se obrigou a forçar muito os cruzamentos. Foram 19 apenas no primeiro tempo, muito acima do habitual da equipe de Diniz, que tem como média no Brasileirão 23 cruzamentos por partida – terminou o jogo com um total de 37.
No segundo tempo, o jogo do Fluminense fluiu melhor a partir de algumas medidas de Diniz. Uma delas foi dar maior liberdade a Marcelo, que apareceu muitas vezes no lado direito, como no lance que marcou o primeiro gol do Tricolor. Foi exatamente nas costas do setor esquerdo da defesa que o Vasco mais sofreu. No segundo gol, por exemplo, com Marlon Gomes fora do setor, o argentino Vegetti tentou fechar o espaço, mas não impediu o cruzamento de Guga para Lima. Diante dessa melhora do Flu, o Vasco precisou recuar mais suas linhas na etapa final.
Como atacou
A bola aérea foi determinante para a vitória do Vasco, que marcou três dos quatro gols a partir de cruzamentos. Dois deles, de Praxedes e de Vegetti, saíram em cima de Nino, que mostrou fragilidade no duelo aéreo. O outro gol veio após um erro duplo de André e Guga, mas que só foi aproveitado porque Gabriel Pec — que entrou no lugar de Rossi — acreditou na jogada e pressionou os adversários.
A ideia de jogar pelos lados do campo do Vasco começou desde a saída de bola. Na hora de construir as jogadas, Zé Gabriel recuava para a chamada saída de três. Com isso, os zagueiros Maicon e Léo abriam. A saída era feita pelos três contra John Kennedy e Cano, o que garantia superioridade. Tanto Maicon como Léo privilegiavam passes que buscavam os lados do campo. Rossi contra Marcelo, principalmente, e Marlon Gomes contra Guga, foram as armas para o Vasco chegar ao campo de ataque.
O problema nos laterais levou o Fluminense a mudar os dois na reta final do jogo. Diogo Barbosa entrou no lugar de Marcelo enquanto Lima passou a atuar na lateral direita com Yony González entrando adiantado quando o placar ainda estava em 3 a 2.
Gabriel Pec aproveitou bola desviada por Vegetti após cruzamento para definir o 4 a 2 e a vitória do Vasco em clássico no qual congestionar o setor da bola para tirar o jogo curto do Fluminense e explorar a bola aérea foram as principais armas de Ramón Díaz. Um caminho mostrado para Eduardo Coudet para o dia 27 de setembro.