O Inter voltou a vencer o Bolívar, dessa vez por 2 a 0, na noite desta terça-feira (29), e confirmou a classificação para a semifinal da Libertadores. A partida disputada no Beira-Rio e vencida com dois gols de Enner Valencia mostrou a consolidação do ajuste de uma nova alternativa de Eduardo Coudet no funcionamento da equipe. O Desenho Tático de GZH mostra como o treinador deu sequência a uma movimentação do setor esquerdo usada na fase anterior contra o River e como Mauricio foi mais atacante diante dos bolivianos.
Depois de usar um sistema com três zagueiros e uma linha de cinco atrás na altitude de La Paz, Eduardo Coudet voltou nesta terça a montar o Inter no seu sistema preferencial, o 4-1-3-2. A escalação do lateral Hugo Mallo como o substituto do zagueiro Vitão, lesionado, gerou surpresa no anúncio do time, mas ao longo do jogo a opção do treinador argentino tornou-se compreensível.
Como o Inter iniciou a partida:
Saída de bola como contra o River
A derrota no jogo de ida das oitavas de final em Buenos Aires com o River explorando o setor esquerdo da defesa colorada levou Coudet e mexer na forma de atacar do Inter para a volta do Beira-Rio. Com o perigoso Pablo Solari no setor direito do ataque argentino, Eduardo Coudet segurou Renê para ser um terceiro homem na saída de bola. Assim, Johnny deixou de recuar para a saída de três, que passou a ser feita por Vitão, Mercado e Renê.
Com Renê recuado, Wanderson recebeu diante dos argentinos a missão de ser o homem aberto pelo lado esquerdo, o jogador responsável por dar amplitude nos momentos de ataque da equipe colorada. Um problema gerado por esse posicionamento mais aberto de Wanderson foi que em alguns momentos Valencia ficou isolado na frente já que Alan Patrick parte como atacante, mas recua para ser o armador — em jogos anteriores Wanderson vinha compensando esse recuo do camisa 10 se aproximando mais do equatoriano.
Mauricio mais atacante
Diante do Bolívar, Eduardo Coudet encontrou em Mauricio uma forma de pesar a defesa adversária nos momentos de recuo de Alan Patrick e dar companhia a Valencia. Assim, quando o Inter atacava com Wanderson aberto e Alan Patrick recuado, Mauricio tinha a missão de adiantar e se transformar em um atacante.
Mauricio não chegou a balançar as redes, mas foi o jogador do Inter que mais finalizou na partida — um total de cinco vezes. Diante do River, por exemplo, o camisa 27 havia finalizado apenas uma vez. Os dados são do Sofascore.
O mapa de calor mostra como Mauricio (número 27) esteve mais próximo de Valencia (13) contra o Bolívar (imagem da esquerda) do que diante do River (imagem da direita):
Esse ajuste de Coudet para ter Mauricio mais próximo de Valencia no ataque se deu também pela liberdade para Bustos atacar pelo franco esquerdo. Quando Bustos apoiava, Hugo Mallo - zagueiro, mas lateral de origem — tinha a missão de fazer a cobertura ao argentino.
Fora da altitude, o Bolívar ainda é um adversário inferior a Fluminense e Olimpia, os possíveis rivais na semifinal, mas o confronto com os bolivianos mostrou um Inter de Eduardo Coudet capaz de ter variações e encontrar soluções para problemas apresentados em partidas anteriores.