A emocionante disputa por pênaltis com 20 cobranças ficará na memória dos torcedores colorados por anos. Mas a classificação do Inter só veio nas penalidades porque no tempo normal houve uma superioridade tática sobre o River Plate. Ela teve a marca da ousadia de Eduardo Coudet no segundo tempo. O Desenho Tático de GZH mostra como Chacho e Martín Demichelis mexeram em seus times ao longo dos 90 minutos.
Para iniciar, Coudet fez apenas uma mudança na escalação em relação ao jogo de ida, na Argentina. Mauricio entrou no lugar de De Pena ocupando o setor direito da linha de meias do sistema 4-1-3-2. No River, Demichelis apostou na titularidade de Pablo Solari. O autor dos dois gols o River em Buenos Aires entrou na vaga de Nacho Fernández.
A entrada de um atacante de velocidade no lugar de um meia criativo levou Coudet a fazer um ajuste no Inter. Renê ficou como um terceiro homem atrás no momento que o Colorado atacava como forma de proteção para a velocidade de Solari. Isso fez com que Wanderson atuasse aberto no lado esquerdo sendo o jogador da amplitude no setor.
Essa medida teve um ponto de vista positivo, já que em apenas uma oportunidade Solari conseguiu levar perigo às costas de Renê. Ofensivamente, porém, o Inter teve dificuldades para desenvolver a mecânica com Wanderson longe de Valencia nos momentos que Alan Patrick recuava para armar o jogo.
Foi depois dos 30 minutos que Valencia começou a aparecer. O equatoriano teve três finalizações perigosas nos últimos 15 minutos do primeiro tempo.
Já na reta final da primeira etapa, Enzo Pérez sentiu lesão e precisou ser substituído. Martin Demichelis mostrou ousadia ao trocar seu volante pelo meia Nacho Fernández. O River passou, então, a jogar no mesmo 4-1-3-2 do Inter. Aliendro ficou como volante, com De La Cruz (direita) Nacho (centro) e Barco (esquerda) formando a linha de três meias. Solari ganhou liberdade para ser o parceiro de ataque de Beltrán.
Ousadia de Coudet no segundo tempo:
A mexida de Demichelis surtiu efeito, e o River, que já havia terminado o primeiro tempo atacando, conseguiu controlar melhor o Inter na etapa final.
Eduardo Coudet preparava as entradas de Pedro Henrique e Valencia quando Mercado aproveitou desvio de Johnny em escanteio batido por Wanderson para fazer o 1 a 0.
Mesmo com o placar igualado no confronto, Coudet manteve a ideia de tornar o Inter mais ofensivo. Assim, logo após o gol de Mercado, PH e Luiz Adriano entraram nos lugares de Mauricio e Aránguiz.
Com o sistema 4-1-3-2 mantido, Coudet passou a ter quatro atacantes de origem. À frente de Johnny, seu único volante, Pedro Henrique ocupou o lado direito da linha de três com Alan Patrick como meia central e Wanderson à esquerda. Luiz Adriano virou o parceiro para formar a dupla de ataque com Valencia.
Coudet, assim, arriscou mesmo com um placar que não decretava a eliminação do Inter. Alan Patrick fez o segundo gol, que naquele momento colocava o Colorado nas quartas de final.
Após o 2 a 0, Chacho procurou ganhar altura na lateral direita com Igor Gomes no lugar de Bustos e também tirou Wanderson para colocar De Pena. A última mexida veio aos 41 minutos, com Bruno Henrique na vaga de Alan Patrick.
Em um escanteio, Rojas anotou o gol que levou a decisão para a emoção dos pênaltis. Mas a ousadia de Coudet no segundo tempo foi a marca tática da classificação do Inter sobre o atual campeão argentino.