A força aérea boliviana foi controlada com êxito pela defesa do Inter na noite de terça-feira (22). Além de enfrentar os problemas de atuar a 3,6 mil metros acima do nível do mar, os jogadores colorados tiveram de lidar com o poderio pelo alto do Bolívar. Cirúrgico na frente e eficiente atrás, o time de Eduardo Coudet venceu o jogo de ida das quartas de final da Libertadores por 1 a 0.
Nos jogos em La Paz pelo torneio, esse foi o que os donos da casa mais levantaram bolas na área adversária. Como contraveneno a essa possibilidade, Coudet fugiu de suas características e montou um time com três zagueiros. Desta maneira, tinha mais "cabeças" na grande área para evitar o perigo que vinha por cima.
— Para tirar o jogo por dentro do Bolívar, Coudet apostou na linha de cinco para preencher mais o centro do campo junto com Johnny, Aránguiz e Wanderson à frente deles e induzir os bolivianos para o lado a fazer cruzamentos. Por isso, os três zagueiros foram muito importantes. Apenas em momentos esporádicos o time perdeu esse duelo por cima. De maneira geral, foram bastante seguros, e ainda contaram com a boa atuação de Rochet — destaca Gabriel Corrêa, analista do projeto Footure.
Foram 15 escanteios e 55 cruzamentos na área colorada, de acordo com dados da plataforma Sofascore. O time boliviano levou vantagem em 13 oportunidades, um aproveitamento de 24%. Nas partidas anteriores em La Paz pelo torneio continental, o Bolívar realizou 23 cruzamentos contra o Palmeiras, 32 diante do Barcelona de Guayaquil, apenas sete no duelo contra o Cerro Porteño e 47 nas oitavas de final, contra o Athletico-PR.
A melhor performance nos duelos aéreos foi de Mercado, posicionado no centro do trio de zagueiros. Ele ganhou as quatro jogadas deste tipo que disputou — nesse caso, não apenas lances dentro da área. Vitão venceu três de suas oito disputas. Nico levou desvantagem nas duas que teve.
— O fato de serem três zagueiros ajudou, mas chamo atenção para um detalhe decisivo. Dos 55 cruzamentos, poucos vieram da linha de fundo por mérito do Inter, que fechou os lados com Bustos e Renê. Estes não subiram nunca. As bolas alçadas, portanto, vinham de frente, pegando os zagueiros postados. Nos escanteios, além do trio, Johnny e Renê reforçaram a altura e a força defensiva aérea — argumenta Diogo Olivier, colunista de GZH.
Contando somente os duelos aéreos, o Bolívar venceu 16 e o Inter, 12. Esse dado leva em consideração jogadas pelo alto em todos os setores do campo. Somando todos os tipos de jogadas em que a bola está em disputa, os colorados venceram 48 jogadas e os bolivianos, 46.