A derrota no Maracanã desiludiu parte dos colorados. Eram 10 jogos seguidos sem perder, o que trazia à torcida uma esperança de que, a partir de julho, com os reforços à disposição, o Inter brigaria pela parte de cima do Brasileirão. Mas com o 2 a 0 sofrido para os cariocas, o time de Mano Menezes caiu para 10º lugar. E agora vem aí uma sequência contra adversários de cima da tabela, como Palmeiras e Bragantino, antes do duelo com o River Plate pela Libertadores. A equipe precisará assimilar rapidamente as lições que o Fluminense deu, caso queira ter sucesso na temporada.
Marcação passiva
Não é impressão. O Inter foi frouxo contra o Fluminense. Especialmente no primeiro tempo. Das 53 divididas que se apresentaram aos comandados por Mano Menezes, sua equipe perdeu 32. Os jogadores colorados foram desarmados 13 vezes (os do Flu, cinco). O Inter cedeu a bola aos adversários 65 vezes. A tentativa do técnico de adiantar Rômulo para jogar avançado e ajudar na marcação pela direita, com Campanharo à frente da zaga, não funcionou. A etapa inicial como um todo precisa ser assimilada como exemplo do que não fazer, inclusive a bola aérea, que voltou a vazar.
— Fica a lição de que não podemos fazer o primeiro tempo com a postura que tivemos — disse o centroavante Alemão, no final da partida.
Falta de criação ofensiva
A estratégia do Inter foi explicada: Mano Menezes pediu para Alan Patrick forçar o terceiro cartão amarelo e desfalcar o time contra o Fluminense porque o time tinha diversos jogadores pendurados e o medo era perdê-los todos ao mesmo tempo. Especialmente Alan Patrick e Mauricio. Foi exatamente o que ocorreu no Maracanã. Com Alan Patrick suspenso e Mauricio lesionado, a equipe atuou sem um meia. De Pena não conseguiu ser essa peça e o técnico quase não testou o 4-4-2 que poderia ter feito. Resultado: o Inter terminou a etapa inicial sem nem sequer chutar. Em 90 minutos, não fez Fábio defender nem uma vez sequer. Suas nove finalizações foram ou para fora (incluindo a bicicleta de Alemão na trave) ou bloqueadas.
— Não atacamos bem, apesar de ter três atacantes — resumiu Mano.
Escalação equivocada
A estreia de Enner Valencia foi forçada. O plano do técnico, dito inclusive publicamente, era de segurar o equatoriano, dar a ele alguns minutos contra o Flu, tirar uma febre de suas condições e, por fim, escalá-lo de titular contra o Palmeiras no próximo domingo. Mas a lesão de Mauricio na sexta-feira e a indisposição de Johnny obrigaram-no a mudar de ideia. No entanto, o técnico do Inter escalou um dos maiores goleadores do futebol europeu na última temporada como ponta-direita, correndo atrás dos oponentes.
— A chegada do Valencia é recente. Apesar de ser um grande jogador, de seleção, passa por dificuldades de adaptação. O ritmo é outro. Você encontra Felipe Melo. Isso leva um tempo. A qualidade dele é indiscutível — disse o treinador.
Desfalques
Todos os times convivem com desfalques. O próprio Fluminense, por exemplo, não tinha Paulo Henrique Ganso e Jhon Arias, duas peças fundamentais no ataque. E ainda assim, foi melhor do que o Inter, admitido por Mano Menezes e tudo. O problema é que a equipe de Mano Menezes não encontra soluções quando perde alguns jogadores. Como Alan Patrick e Mauricio. O treinador não achou substitutos nem em nomes nem em esquema para oferecer uma alternativa à altura das necessidades do time. Só depois que entrou Aránguiz, no intervalo, o time passou a ter mais comando:
— Entramos com alguns problemas bem prováveis, perdemos os dois jogadores de construção e um terceiro jogador de meio (Johnny). Ao colocar Campanharo, tentei adiantar Rômulo para fazer o corredor como Johnny costuma fazer. Mas não conseguimos. A partir da entrada de Aránguiz, melhoramos a saída de bola. Até então, tínhamos recuamos 10 vezes a bola para John — finalizou Mano.