O repórter Rafael Diverio teve uma grande sacada: entrevistou o técnico do Arsenal de Sarandí, único time que venceu o River Plate depois da reforma que transformou o Monumental de Nuñez no maior estádio da América do Sul. A frase de Carlos David Ruiz deveria estar em uma placa no vestiário:
“Recuar e esperar o River é um erro, não vai ajudar em nada”.
Recuar e esperar é um mantra que tem sido adotado pelo Inter em jogos fora de casa nos últimos anos, e quase sempre dá errado. A frase de Paolo Guerrero após a derrota na Arena da Baixada na final da Copa do Brasil, por exemplo, é inesquecível: “Em casa, a gente resolve”. Não resolveram, e não têm resolvido nos últimos anos. Foi assim que fomos eliminados para o Melgar, por exemplo: linhas recuadas, entregando a bola para os peruanos e tentando especular no contra-ataque. Acabamos eliminados.
O Inter vai enfrentar um dos melhores times da América do Sul nos últimos anos e, para tal, precisa atuar com inteligência e contundência. Isso significa deixar o medo para trás e jogar com a intensidade que Coudet sempre afirma que precisa ser adotada.
O medo de ir para cima dos adversários é algo tão enraizado nessa era sem títulos que alguns torcedores se ofendem quando essa lógica é confrontada. Faz parte: quando as taças não vêm, a guerra de teses aparece. A histórica disputa entre Bráulio e Sérgio Galocha, por exemplo, surgiu após os vários vice-campeonatos gaúchos dos anos 1960 — um representava o “futebol-arte”, outro, o “futebol-força”.
Sem medo
No caso do Inter, o problema é mais de atitude do que de teoria. É possível, por exemplo, jogar com três volantes de contenção e atacar com inteligência, organização e qualidade, assim como um time com três atacantes pode ser tímido no campo ofensivo — essa é boa parte da história colorada no Brasileirão até agora.
Não podemos é entrar com medo do River Plate e jogar pelo empate, porque “em casa a gente resolve”. Se a lógica for essa, a despedida da Libertadores é questão de tempo.