A semana do Inter começou com empolgação para a torcida com oficialização da contratação de Enner Valencia. O atacante ainda tem compromissos com a seleção do Equador na data Fifa e receberá um período de férias antes de sua apresentação no Beira-Rio. A estreia poderá acontecer apenas após 3 de julho, quando será reaberta a janela para inscrição de jogadores. O tema que toma conta dos debates é sobre como o equatoriano poderá se encaixar no time treinado por Mano Menezes.
Valencia desembarcará em Porto Alegre vindo de sua temporada mais goleadora na carreira. Em 2022/2023, anotou 33 gols em 48 jogos pelo Fenerbahçe — uma média de 0,68 por partida. Apenas nos últimos 12 meses superou o que havia feito nos dois anos anteriores pelo clube turco. Somando as temporadas 2020/2021 e 2021/2022, Valencia anotou 26 gols em 68 partidas (0,38 por partida).
Esse crescimento de Valencia no último ano coincide com a chegada de Jorge Jesus. O português assumiu o Fenerbahçe em julho de 2022 e implementou uma formação que priorizou atuar como uma dupla de ataque. Tendo como sistema tático preferencial o 4-1-3-2, o mesmo utilizado em sua passagem de sucesso pelo Flamengo entre 2019 e 2020, Jesus também fez variações para o 3-1-4-2.
Titular absoluto da equipe, Enner Valencia teve como companheiro de ataque o belga Michy Batshuayi, um centroavante com característica de jogar mais posicionado entre os zagueiros, enquanto o equatoriano era o responsável pelas movimentações.
— Ele sempre jogou bem, mas a última temporada foi a melhor da carreira dele. Ele vinha jogando ao lado do centroavante ou até atrás dele. Foi uma grande temporada — comenta Çağri Davran, editor do site Fanatik, da Turquia.
Valencia era, na prática, o típico segundo atacante no Fenerbahçe, uma posição que não existe no atual sistema tático prioritário do Inter, o 4-2-3-1. Nessa formação, o homem mais próximo do centroavante é o meia central Alan Patrick enquanto outros atacantes, como Wanderson e Pedro Henrique, atuam pelos lados do campo.
Enner Valencia era extrema quando surgiu no Emelec — chegou a enfrentar o Inter pela Libertadores de 2010 assim —, mas passou a atuar mais pela faixa central do ataque no decorrer dos jogos.
O jornalista equatoriano Theo Posso, do Directv Sports Ecuador, elogia a versatilidade de Valencia, mas ressalta que seu melhor posicionamento é atuando pela faixa central do ataque.
— Ele é um atacante que rende melhor pelo centro, mas que tem muita mobilidade. Na seleção já jogou como extremo pela esquerda, pela direita e como segundo atacante. Ele pode jogar em todos os lugares do ataque, mas vai melhor pelo centro, tem muita mobilidade. Não é um jogador estático somente de área, é um atacante que busca cair pelos lados — avalia.
Na última Copa do Mundo, Enner Valencia foi o destaque do Equador ao marcar três gols. Eliminada na primeira fase, a seleção sul-americana teve três sistemas táticos diferentes em seus jogos. Estreou contra o Catar no 4-3-3, atuou no 3-4-2-1 no empate com a Holanda e foi montada no 4-4-2 na derrota para Senegal. Valencia foi titular em todas, tendo seu posicionamento entre o centro e a esquerda do ataque.
Técnico do Equador no Mundial, Gustavo Alfaro destaca a importância que Valencia teve para o funcionamento do seu time no Catar.
— Ele teve um Mundial fantástico. Foi um guia, um exemplo e esse atacante com a potência ofensiva que marcava uma diferença preponderante. Assim se transformou um jogador indispensável para a equipe. Acabamos sendo eliminados, penso que injustamente. O rendimento que ele teve no Mundial foi superlativo, nesse sentido fico muito satisfeito por tudo que fez — disse Alfaro.
O primeiro compromisso do Inter após a abertura da janela de transferências está marcado 9 de julho, diante do Fluminense, no Maracanã, pelo Brasileirão. A tendência é de que a estreia de Valencia ocorra nesse compromisso.
Como Mano pode usar Valencia:
Como centroavante
Com a manutenção do 4-2-3-1, Valencia pode simplesmente entrar como centroavante na função que vem sendo de Luiz Adriano. O equatoriano já atuou nessa posição em alguns momentos da carreira, mas oferece características diferentes do camisa 9. Valencia é um jogador que busca mais movimentações e ataque às costas da defesa adversária e menos os pivôs na comparação com Luiz Adriano.
Como extrema
Uma opção para ter Valencia e Luiz Adriano juntos é com o equatoriano atuando pelo lado do campo. Essa é a posição de origem do novo reforço do Inter, mas que ele não tem feito nos últimos anos da carreira. Aos 33 anos, ainda que esteja em bom momento físico, Valencia não deve cumprir com tanta eficácia o papel de voltar marcando até a defesa pelo lado. Isso pode exigir que Mano Menezes organize uma cobertura no setor para conter os avanços dos laterais adversários.
Mudança de esquema
Com uma mudança de sistema, Mano Menezes pode colocar Valencia ao lado de Luiz Adriano, formando uma dupla de ataque com Alan Patrick por trás dos dois. Essa formação pode ter variação de esquema tático em 4-1-4-1 ou 4-4-2 em losango. Uma alternativa é apostar em uma linha de três zagueiros, alternando para um 3-4-1-2.