Os anos de turbulência vividos pelo Santos respingam no trabalho de Paulo Roberto Falcão. Desde o fim do ano passado, o ídolo colorado trabalha como coordenador esportivo na Vila Belmiro, onde a equipe paulista recebe o Inter neste sábado (3), às 21h. Em uma temporada que dá prosseguimento a uma sequência de insucessos, o agora dirigente escuta uma avalanche de críticas ao seu trabalho.
Contratado para ser o elo entre a comissão técnica e a gestão de futebol, o ex-camisa 5 tem sido acusado de ser pouco atuante nos bastidores do clube. As avaliações vão no embalo dos resultados. O Santos caiu na primeira fase do Paulistão e correu risco de ser rebaixado. A Copa do Brasil terminou na quarta-feira (31) ao ser eliminado pelo Bahia nos pênaltis. A vida na Sul-Americana está por um fio, com quatro pontos conquistados em quatro jogos, em um grupo que tem Newell's Old Boys, Audax Italiano e Blooming. Em meio a esse quadro, a 12ª colocação na tabela de classificação do Brasileirão é considerada um sopro de esperança em um 2023 em que o time tem apenas 48% de aproveitamento.
O contexto fez com que Falcão tivesse de vir a público depois da eliminação do meio da semana. Em entrevista coletiva, ele garantiu a permanência de Odair Hellamnn como técnico.
— Não sei qual o papel dele até agora. Não me agrada a posição dele como coordenador. Recentemente, disse que três contratados foram indicação do presidente? Então, o que ele está fazendo? Outra vez disse que dezenas de jogadores negaram o Santos e, no dia seguinte, o presidente disse outra coisa totalmente diferente na reunião do conselho — conta Ademir Quintino, repórter da Rádio Energia e setorista do Peixe há 27 anos.
O jornalista relata que Falcão sequer compareceria no vestiário no intervalo das partidas, o que poderia acarretar uma avaliação mais precisa de como Odair orienta e instiga o grupo de jogadores. A relação com a imprensa também é bastante contestada. Outra crítica feita ao dirigente é de que ele não usa o uniforme do clube, mas que usou as dependência da Vila para gravar um filme para Roma, onde foi ídolo.
— Falcão é omisso, obtuso, tem medo da imprensa e da torcida. Não conhece futebol, embora tenha sido um grande jogador. Todos os trabalhos dele fora das quatro linhas foram inexpressivos — argumenta o comentarista Fábio Sormani.
Sem ouvir muitas análises elogiosas sobre seu trabalho, o coordenador teria modificado a sua postura, segundo informações do Uol Esporte. Falcão realizou um movimento em que tenta diminuir o poder de decisão do técnico e dos dirigentes na hora de efetivar uma contratação. Sua intenção é valorizar o trabalho de pesquisa do departamento de avaliação do Santos e que o setor seja preponderante na hora de indicar contratações.
A efetividade do novo comportamento será visto em julho, quando a janela de transferências será reaberta. O clube paulista vai ao mercado em busca de um zagueiro canhoto, um meia e um atacante de velocidade.