A grosso modo, seria como se Santo Antônio da Patrulha tivesse uma equipe na primeira divisão do futebol brasileiro. Mas o município gaúcho não tem um clube que faz a cidade sonhar e cantar como diz o hino do Frosinone, recém-promovido à Série A do Campeonato Italiano e interessado em contratar Alemão, centroavante do Inter. Com 43 mil habitantes e a 90 km de Roma (mesmas população e distância da cidade gaúcha para Porto Alegre), o time estará na temporada 2022/23 pela terceira vez entre os grandes do Calcio.
A intenção é que dessa vez o Canário tenha mais condições de brigar pela permanência na elite italiana. Nas duas passagens anteriores, em 2015/16 e 2018/19, a equipe terminou na penúltima colocação. Apesar do tamanho modesto, o crescimento se mostra sólido. Boa parte do dinheiro recebido na estreia no Italiano foi utilizado para a construção do Estádio Benito Stirpe, o que o torna um dos poucos clubes do país a ter uma arena própria.
Benito foi o primeiro a sonhar que o Frosinone pudesse ombrear em campos com as principais camisas do futebol da Itália. Fundado em 1906 e tendo enfrentado a falência três vezes — a última em 1990 —, o clube passou a maior parte de sua história envolvido em disputas de torneios provinciais e oscilando entre a terceira e quartas divisões nacionais. Somente em 2006, no primeiro acesso à Série B, que se ousou fazer a cidade sonhar e cantar com o degrau mais alto do futebol do país.
Benito, morto em 2008, é pai de Maurizio Stirpe, atual presidente do clube. Seu filho é considerado o principal responsável pelo status atual dos Leoni. Sob sua gestão, a administração passou a investir em esforços para fortalecer a marca do clube na busca por evolução dentro e fora de campo.
Na temporada recém terminada, o Frosione foi o campeão da Segundona do Calcio, ficando a sete pontos do tradicional Genoa. O feito foi conquistado sob a tutela de Fabio Grosso, lateral-esquerdo campeão da Copa do Mundo de 2006 com a Itália e autor de gol antológico na semifinal contra a Alemanha. Ele havia chegado há um ano e meio para substituir Alessandro Nesta, seu colega no tetra da Azzurra. Mario Genta, campeão da Copa de 1938, foi outro mundialista a ser técnico da equipe.
Apesar do sucesso, Grosso não renovou seu contrato. Eusebio Di Francesco, ex-técnico da Roma, é o mais cotado para assumir a equipe. A ambição de Stirpe foi inflada neste acesso.
— Quero um técnico que nos ajude a vencer com um futebol propositivo, que deve se divertir e divertir a torcida. Quero um técnico que ajude a completar o percurso que iniciamos — declarou em recente entrevista coletiva.
Além de um centroavante, personificado no nome do colorado Alemão, o Frosinone tem outros atacantes na sua lista de compras. Johnsen e Pohjanpalo, ambos do Venezia, e Bonfanti, do Modena, são nomes cogitados, segundo a Gazzetta dello Sport.
Caso queira referências sobre a equipe, Alemão pode ligar para Éder. O jogador do São Paulo e atualmente no Criciúma atuou pelo Canário por duas temporadas. Mas um clube de futebol de uma cidade pequena tem suas peculiaridades. Em 2018, o site do Frosinone publicou suas condolências pela morte de Leone, cachorro de estimação de Stirpe, morto depois de 12 anos de companheirismo e que “deixa um grande vazio”, de acordo com a nota.