Cinco derrotas seguidas cobraram um preço. Mas não foi Mano Menezes quem pagou. A má sequência do Inter, carimbada com o 3 a 1 sofrido no Gre-Nal no domingo, derrubou o executivo William Thomas e o coordenador técnico Sandro Orlandelli na segunda-feira. O campo permanece intacto, as mudanças ocorreram nos gabinetes.
Na visão da direção, havia problemas na "execução dos processos". O presidente Alessandro Barcellos não esclareceu ao que se referia quando decidiu demitir os dois profissionais da linha de frente do futebol. Até foi perguntado, mas preferiu evitar a exposição pública dos problemas. Diferentemente do que fez com a preparação física, na qual apresentou dados sobre uma queda física do time em alguns aspectos como intensidade e distância percorrida.
— Fazemos uma avaliação sobre desempenho e resultado. Precisamos aprofundar análises, buscar todas as respostas, e não só uma ou duas. Agora vamos retomar o planejamento, reestruturar. É isso o que estamos buscando com as saídas do preparador físico (Jean Carlo Lourenço) e dos profissionais (Thomas e Orlandelli). Queremos mudar os processos para melhorar o rendimento — declarou o presidente, em coletiva.
É inevitável pensar na semelhança com 2022. Ao perder para o Globo e ser eliminado da Copa do Brasil na primeira fase, em março, o Inter optou por desligar o executivo Paulo Bracks e deu voto de confiança ao técnico Cacique Medina. Perguntado sobre alguma eventual diferença entre os cenários, Barcellos respondeu:
— São situações diferentes, naquele momento tínhamos um trabalho sendo feito, mas tínhamos problemas de outra natureza.
E fez questão de reforçar os elogios a Mano. Ao compará-lo com Cacique Medina, declarou:
— Estamos tratando de treinadores de grandezas diferentes. Um técnico que foi da Seleção, com experiência, já passou por momentos assim e pode nos ajudar a sair dessa situação.
É na experiência de Mano Menezes que resta a esperança colorada em um reencontro com o futebol no segundo semestre de 2023. Foi esse o tom da longa conversa entre os integrantes do Conselho de Gestão com o técnico. Segue o entendimento de que Mano não "perdeu o vestiário". Ou seja, que os jogadores acreditam no trabalho da comissão técnica.
A primeira reunião ocorreu ainda pela manhã. Mano Menezes esteve no Beira-Rio e participou da conversa. Depois, atravessou a Avenida Edvaldo Pereira Paiva e comandou treino no CT Parque Gigante. À tarde, o técnico voltou à sala da presidência e seguiram-se mais duas horas de conversa, nela incluída o vice de futebol Felipe Becker.
A essa altura, já estavam decididas as trocas de William Thomas e Sandro Orlandelli. O que também chamou a atenção, até porque foi Thomas quem apareceu diante dos repórteres para explicar a derrota no Gre-Nal. E mais: não garantiu a permanência de Mano até quinta-feira (quando o Inter enfrenta o Metropolitanos na Libertadores).
Nessas reuniões, Barcellos fez questão de reforçar a confiança em Mano. Mesmo que outros dirigentes tentassem convencê-lo a mudar de ideia. Há espécie de "gratidão" do presidente com o técnico. Isso se deve, primeiro, ao fato de Mano entender a realidade do clube.
O entendimento da direção é de que o treinador está tão integrado que sabe como estão os momentos financeiro e estrutural do clube. Ou seja: o técnico não só evita pedir reforços e exigir contratações em público como faz questão de elogiar os atletas que tem à disposição.
A permanência é uma espécie de "recompensa". Em junho, haverá uma pausa de uma semana no calendário para a data Fifa. O grupo intensificará a atenção à preparação física.
E, em julho, o grupo colorado será reforçado. Enner Valencia tem pré-contrato, há outros nomes na pauta. Existe uma ideia de que tudo será diferente a partir dali. Mas para chegar lá nas três competições, terá de superar o América-MG e avançar na Libertadores.