Edenilson, Patrick, Bruno Fuchs, Renzo Saravia e Eduardo Coudet. O jogo contra o Atlético-MG neste sábado (13), às 21h, no Mineirão, será de reencontros para o Inter. Do outro lado, estarão esses nomes que passaram pelo Beira-Rio recentemente reencontrando o clube gaúcho em momento de busca de recuperação após as derrotas para São Paulo e Athletico-PR. GZH consultou jornalistas mineiros sobre como os ex-colorados estão sendo vistos em Belo Horizonte.
O quarteto de atletas está no Galo por indicação de Eduardo Coudet, contratado pelo clube no final do ano passado após o encerramento de sua passagem pelo Celta de Vigo. O jogo deste sábado será o primeiro de "Chacho" contra o Inter desde sua polêmica saída. Em novembro de 2020, o argentino surpreendeu ao aceitar a proposta espanhola e deixar o comando de um time que liderava o Campeonato Brasileiro e ainda disputava os títulos de Copa do Brasil e Libertadores.
À época, Coudet não chegou a declarar publicamente o motivo para sua saída, mas recentemente, já no comando do Atlético-MG, citou os problemas que tinha com a direção colorada, naquele momento presidida por Marcelo Medeiros.
— Se fala do Inter, aproveitando o momento, nunca dei uma explicação ao torcedor, e é a primeira vez que vou falar sobre isso. A realidade sobre a minha saída foi porque o presidente (Marcelo Medeiros) falou que só ia acompanhar a equipe, que não faria mais nada (o dirigente terminaria seu mandato em dezembro com o Brasileirão tendo continuidade até fevereiro de 2021). Eu só pedi dois reforços para brigar pelo título. Pedi para gastarem 2 milhões de dólares. O presidente disse que não ia gastar. Eu não poderia pedir mais para os jogadores, porque era um grupo curto e estavam dando o que podiam. Creio que deixei um time treinado e que brigou até o final — citou em 6 de abril, logo após a derrota do Galo para o Libertad, pela Libertadores.
Foi no dia desse revés contra os paraguaios que Eduardo Coudet explanou publicamente sua insatisfação com a direção do Atlético-MG repetindo em partes o que havia acontecido em sua passagem pelo Inter. O treinador reclamou que não havia recebido os reforços prometidos e que foi contrário à saída de alguns atletas, caso de Eduardo Sasha, ex-Inter, vendido para o Bragantino. O Galo conquistou o título mineiro três dias depois, mas quem acompanha o clube diz que a relação com a direção não foi mais recuperada.
— Acho que o Coudet ainda não tem o melhor ambiente pra desenvolver o trabalho dele. As críticas à montagem do elenco (principalmente às saídas de jogadores como Ademir e Sasha), pegaram muito mal junto à diretoria. Isso o desgastou a ponto de imaginarmos que seria demitido, mas o valor alto da multa fez com que ele fosse mantido. Entre os atletas, Hulk fez críticas sutis ao sistema tático adotado por ele, dizendo que prefere atuar com um trio de frente, com pontas para preparar as jogadas. Com Coudet, Hulk tem atuado em dupla na frente, junto com Paulinho — avalia Henrique Fernandes, comentarista do Grupo Globo.
Repórter do ge.globo e setorista do Atlético-MG, Guilherme Frossard ressalta que mesmo que o ápice do atrito entre diretoria e Coudet tenha passado, o argentino ainda não goza de prestígio junto aos cartolas. Ele também cita a exposição de Hulk sobre a preferência por um sistema tático diferente do usado pelo argentino.
— O ápice da crise passou, mas não dá para dizer que ele vive uma calmaria. Há algumas críticas recorrentes. Uma é fato, de ele rodar muito o elenco. Ele explica que precisa rodar porque o elenco é curto. Ainda assim há um estranhamento. O atleticano é acostumado a saber o time do goleiro ao centroavante. A outra crítica, por parte da torcida, é em relação ao sistema. O Atlético-MG se acostumou a jogar em um 4-3-3, e o Coudet gosta de jogar com dois atacantes. Ele não joga com pontas, e era como o torcedor se acostumou a ver, além do Hulk, que deu uma entrevista dizendo que preferia o 4-3-3. O Hulk deixou claro que respeita o Coudet, mas ele falou sobre essa preferência. Não há um descontentamento dos jogadores com o Coudet. Os jogadores gostam muito dele, mas o Coudet ainda está tentando convencer que a ideia dele é a ideal para que o Atlético conquiste títulos na temporada — afirma.
Jogadores sem status de titular
Nenhum dos ex-atletas colorados tem status de titular do Atlético-MG. Curiosamente, o mais próximo disso é um que não irá jogar. Renzo Saravia vinha ganhando seu lugar na lateral direita quando sofreu uma lesão na coxa e não está à disposição para sábado. Guilherme Frossard, porém, lembra que o argentino não foi a primeira opção para a lateral direita. O preferido do clube no começo do ano era Gilberto, ex-Fluminense e atualmente no Benfica.
— O Saravia não era a primeira opção do Atlético-MG, que tentou o Gilberto. Foi quem o Atlético-MG conseguiu trazer. É um cara da confiança do Coudet que está bem. Ele colocou o Mariano no banco e é titular do time — aponta.
Quem vem jogando como lateral-direito na ausência de Saravia é Bruno Fuchs. O zagueiro tem sido a opção para Coudet variar o sistema tático. O time segue defendendo no 4-1-3-2 com Fuchs na lateral direita. Com a bola, porém, o ex-jogador do Inter funciona como um terceiro zagueiro e o argentino Cristian Pavón é o responsável por dar a chamada amplitude pelo lado direito. Fuchs havia iniciado o ano como titular na zaga, mas perdeu lugar para o uruguaio Maurício Lemos.
— O Fuchs chegou com status de titular, mas sofreu uma pequena lesão no pé e ficou de fora. Neste tempo, o Atlético-MG contratou o Lemos, que está muito bem. Quando Lemos tem condições, ele joga. O Fuchs virou reserva, mas tem jogado muito, especialmente quando o Coudet joga com três zagueiros. Ele demostrou qualidade na saída de bola, mas ainda falta ajustar nos lançamentos. Ele tem a confiança do Coudet e da torcida de uma forma geral — completa Frossard
Edenilson e Patrick viram coringas
Nos tempos de Inter e das queixas de que o grupo era curto, Edenilson e Patrick eram nomes certos no meio-campo de Eduardo Coudet sempre que estavam à disposição. A situação mudou no Atlético-MG. O quarteto ideal do treinador no momento tem Battaglia como primeiro volante e Pavón, Zaracho e Igor Gomes formando a linha de três homens atrás da dupla de ataque. Edenilson e Patrick, assim, ganham oportunidades dentro do rodízio de Coudet. Ambos chegaram a atuar como laterais improvisados nesta temporada.
— A sensação que temos aqui é de que nenhum deles está jogando o melhor que pode. Pode ser por desajuste do time, por falta de sequência ou por alguma questão pessoal. A torcida do Galo criou uma expectativa muito grande sobre Edenilson e Patrick, e muitos não consideraram que são dois jogadores que não vem de uma grande temporada em 2022 — avalia Henrique Fernandes.
Guilherme Frossard avalia o desempenho da dupla de meio-campistas com a camisa atleticana.
— O Edenilson vive agora o melhor momento no Atlético. Ele chegou com muita expectativa e virou titular. No entanto, o início não foi positivo. Ele emplacou uma sequência de jogos ruins e foi, inclusive, vaiado pela torcida. O Coudet o tirou do time titular. Aos poucos, ele retomou e voltou a ser um jogador importante — ressalta.
— O Patrick foi questionado em alguns momentos, mas está bem. A torcida já identificou que ele é intenso. Ele tem jogado como lateral-esquerdo. O Arana está voltando de lesão, pode até voltar a ser relacionado contra o Inter. O Dodô e o Rubens não são unanimidades. O Patrick tem ajudado bastante, justamente pela questão física privilegiada. Ele está bem, mas falta o Coudet achar onde ele vai jogar com todo mundo à disposição. Não sabemos se ele vai ter sequência como meia. Mas ele ajuda bastante e a torcida reconhece isso — completa.
A provável escalação do Atlético-MG para este sábado não conta com Edenilson entre os titulares. Bruno Fuchs e Patrick estão entre os prováveis 11, mas ambos improvisados. O zagueiro deve ser o lateral-direito enquanto o volante deverá iniciar como lateral-esquerdo.
Inter e Atlético-MG têm os mesmos sete pontos no Brasileirão. Os mineiros aparecem acima na classificação por terem um melhor saldo de gols.