A quebra da sequência de maus resultados do Inter com as vitórias sobre Metropolitanos e Bahia teve um nome em comum como destaque. Alçado a titular no lugar de Keiller após a derrota no Gre-Nal, John foi decisivo na Venezuela e no Beira-Rio. Eleito melhor em campo na jornada da Rádio Gaúcha e maior nota na cotação de GZH em ambas partidas, o goleiro foi o responsável por cinco defesas, três delas consideradas difíceis. A afirmação de John é um trunfo do Inter para o confronto de Copa do Brasil contra o América-MG, quarta-feira (29).
Diante dos mineiros, o Inter precisará rever uma desvantagem no confronto após ter perdido por 2 a 0 em Belo Horizonte. O cenário, claro, torna necessário que o ataque tenha uma noite de sucesso, mas outra boa atuação de John pode garantir mais uma partida sem que o time sofra gol no Beira-Rio. Contra o Bahia, o Inter quebrou uma sequência de sete jogos seguidos tendo a defesa vazada — foram 14 gols sofridos no período.
John vinha sendo pedido no time por muitos torcedores e parte da imprensa diante de atuações questionadas de Keiller. Após o jogo do final de semana, Mano Menezes justificou a demora na mudança por uma questão de preservação do antigo titular.
— Foi uma decisão que achei importante para esse momento. É sempre muito difícil tomar decisão, nessa posição você não pode errar. Se as coisas não acontecem, você perde os dois goleiros. Fizemos no tempo que achamos que era importante. Não vamos desconsiderar Keiller, mas parece que a bola estava entrando com muita facilidade. Os caras estavam acertando sempre no ângulo. Isso sempre acontece com os profissionais, mas é mais difícil com o goleiro. Conversamos de maneira limpa e a decisão foi tomada como vocês viram — explicou.
Depois dos dois bons jogos, o lado emocional é justamente um fator apontado como favorável para John, além da questão técnica. Ex-goleiro do Inter, João Gabriel acredita que essa confiança gerada pelas boas atuações de John influenciará no comportamento da torcida no Beira-Rio.
— O fundamental para o John é que ele fez uma grande partida (contra o Bahia), foi o melhor em campo. Ele vai chegar com mais confiança, a torcida vai dar um apoio. No começo do jogo, o Beira-Rio lotado vai fazer a diferença. A importância que ele teve nesses dois jogos será fundamental para ganhar a confiança da torcida. A gente sabe que esses momentos podem ser provisórios, que a paciência não é grande se houver falha, mas ele tem uma credencial para esse jogo — avalia.
Também ex-goleiro do Inter, Ademir Maria ressalta o papel do goleiro em um jogo no qual o time deve atacar na maior parte do tempo. O ex-jogador, que defendeu o clube em duas passagens nos anos 1980 e 1990, destaca que John será peça importante na orientação no posicionamento dos companheiros para evitar que o América-MG encaixe contra-ataques.
— É bem diferente se jogar assim tendo levado dois gols fora. Nesse caso, o goleiro deve ter uma atenção redobrada. Ele tem de orientar, chamar sua zaga, o meio, dar as orientações para não tomar o contra-ataque. É preciso estar mais atento nas jogadas perto da área. A primeira coisa que o goleiro diz no vestiário em um jogo desses é para não tomar gol — ressalta.
Pênaltis
Mesmo tendo 27 anos, John teve pouca sequência como titular do Santos. Ele desembarcou em Porto Alegre em janeiro com menos de 30 partidas pelo clube paulista — fez cinco pelo Inter. E não teve, por exemplo, na carreira profissional, uma disputa de pênaltis. Com bola rolando, foram cinco cobranças contra e nenhuma defendida, segundo dados do site Sofascore. O goleiro, porém, tinha fama de pegador de pênaltis na base santista.
Os dados como profissional são minimizados porque teve a experiência do campo.
— Ele tem uma experiência pela idade, não pelos jogos, mas essa mentalidade de 27 anos faz com que ele chegue mais tranquilo. Na penalidade não se precisa de experiência e, sim, convicção no trabalho diário. O preparador de goleiro vai ajudar passando as informações sobre os batedores. Sendo experiente ou inexperiente, o que vale é estar bem treinado — defende Ademir Maria.
João Gabriel ressalta que as boas atuações recentes contribuem para que John chegue confiante a uma eventual disputa por pênaltis.
— Ele entrará mais motivado e com bastante vontade de jogar. Ele está com a confiança grande e isso te dá prazer para jogar sem medo. Essa é uma grande vantagem para ele. Vai entrar querendo que faça 2 a 0, que vá para os pênaltis — projeta.
Com o Inter precisando vencer por três gols de diferença para avançar para as quartas de final da Copa do Brasil no tempo normal, a principal atenção estará nos atacantes. Mas um bom desempenho de John será fundamental para tornar a missão menos complicada.
Números de John por Santos e Inter
- 33 jogos
- 35 gols sofridos
- 11 jogos sem sofrer gol
- 81 defesas
- 22 defesas difíceis
- 0/5 pênaltis defendidos
*Fonte: Sofascore