O Inter inicia nesta terça-feira (11), a partir das 20h, contra o CSA, sua caminhada na Copa do Brasil de 2023 em meio a um ambiente turbulento. Depois da eliminação na semifinal do Gauchão para o Caxias e de uma estreia com empate na Libertadores cercada de críticas, o time de Mano Menezes buscará uma vitória no Beira-Rio que possa, além de trazer um pouco de calma ao clube, afastar a desconfiança de um novo fracasso na competição nacional. Nos últimos dois anos, o Colorado acabou eliminado logo em seu primeiro mata-mata de Copa do Brasil.
Finalista em 2019, quando foi derrotado pelo Athletico-PR na decisão, o Inter chegou às quartas de final em 2020. Em 2021 - como estava na Libertadores, assim como neste ano - entrou na terceira fase em um confronto com o Vitória. Mesmo tendo vencido na Bahia no jogo de ida por 1 a 0, o Colorado foi eliminado no Beira-Rio com uma derrota por 3 a 1 na volta que decretou a demissão do técnico Miguel Ángel Ramírez. No ano passado, a equipe de Alexander Medina caiu na primeira fase no confronto em partida única com o Globo-RN pelo placar de 2 a 0.
Para a atual temporada, o Inter tem a seu favor o fator local. A estreia no Beira-Rio abre a possibilidade de um resultado que possa encaminhar a vaga que será definida daqui a duas semanas no Estádio Rei Pelé, em Alagoas. Em meio aos dois jogos contra os alagoanos, o Colorado terá um compromisso pela Libertadores diante do Metropolitanos-VEN, em Porto Alegre, e as duas primeiras rodadas do Brasileirão, onde terá os confrontos com Fortaleza, no Ceará, e Flamengo, no Beira-Rio.
A estreia na Copa do Brasil também marca o início de uma maratona de jogos em finais e meio de semana que seguirá, pelo menos, até a semana de 13 de maio. Em caso de classificação sobre o CSA, o Colorado terá os compromissos de oitavas de final no próximo mês estendendo a maratona ao longo de junho. Ou seja, Mano Menezes tem contra si o tempo para treinamentos e os ajustes no time terão de ser feito em meio a uma sequência de jogos.
Neste cenário, o comunicador da RBS e representante colorado no programa Sala de Redação Luciano Potter ressalta que o momento de turbulência depois do Gauchão faz com que o clube tenha como primeiro desafio na Copa do Brasil seguir vivo após o primeiro mata-mata. O título, assim, fica em um pensamento para o futuro.
— Sou um pessimista e me manterei assim. Isso é convicção. Então, o colorado precisa entender algo importante: calendário. Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão: abril, maio e junho. É uma tempestade de jogos. E tempestades deixam destruição. Inter precisa entender que prioridade é se manter vivo, sem crise. E eu, como já disse, sou um pessimista. Até porque eu preciso esquecer 2022 e não repetir perguntas. Foi o Mano quem pediu — cita, lembrando da entrevista coletiva após o empate com o Independiente Medellín, pela Libertadores, quando o treinador reclamou das perguntas dos repórteres que comparavam o desempenho atual do Inter com o da campanha do vice-campeonato brasileiro.
Em tom parecido, Vini Moura, comentarista torcedor nas jornadas do Inter na Rádio Gaúcha e colunista do Diário Gaúcho, aponta que o CSA é um adversário que permite ao Colorado uma classificação sem tanta dificuldade, o que pode abrir caminho para uma sequência de temporada mais positiva.
— O Inter tem conseguido surpreender negativamente o seu torcedor. Mas apesar de conhecer a alta capacidade colorada de acumular fracassos, é improvável que o CSA consiga superar o time gaúcho. Isso porque o Inter é infinitamente melhor tecnicamente. Além disso, são dois jogos. Para equipes maiores, em caso de tropeço, há tempo de recuperação. Vale destacar que, se vencer, a equipe do técnico Mano Menezes estará fazendo o mínimo. Será difícil tirar conclusões positivas a partir deste confronto — projeta.
A partir das 20h, o árbitro Yuri Elino Ferreira da Cruz apitará o início de um jogo que marca para o Inter não apenas o começo de uma caminhada na Copa do Brasil, mas de uma sequência de jogos com o desafio de melhorar a imagem deixada no Gauchão e na estreia na Libertadores.
Bustos é ausência
Em meio à pressão pelos resultados recentes, o técnico Mano Menezes não poderá contar nesta noite com uma de suas principais peças na temporada passada: Fabricio Bustos. Ainda que esteja devendo neste ano atuações do nível do último Brasileirão, o argentino não tem um substituto com características semelhantes. Com Mário Fernandes lesionado, a tendência é de que Igor Gomes ocupe a lateral direita diante do CSA hoje.
Zagueiro de origem, ele não tem o apoio como principal virtude, o que é o caso do argentino. Por conta disso, Mano Menezes terá de promover mudança em sua mecânica ofensiva, que tem no avanço de Bustos o ajuste que permite a Mauricio ser um segundo meia na aproximação a Alan Patrick.
A justificativa de preencher o meio com Mauricio, aliás, foi usada por Mano Menezes em outros momentos para não escalar o Inter com três atacantes de ofício: Pedro Henrique, Wanderson e Alemão no ano passado; Pedro Henrique, Wanderson e Luiz Adriano nesta temporada. A questão sobre a ausência de Bustos passa a ser quem dará pelo lado direito a chamada amplitude ofensiva, tão importante para atacar defesas fechadas, como deverá ser a postura do CSA nesta noite.
Isso pode abrir caminho para que Mano supere a resistência inicial e escale Pedro Henrique pelo setor direito mantendo Wanderson na esquerda e Luiz Adriano como centroavante. Nesse caso, Mauricio iria para banco de reservas. Essa formação foi usada no segundo tempo do jogo contra o Independiente Medellín, quando o Inter correu atrás do empate, conseguido a cinco minutos do final do tempo regulamentar com o gol de Alan Patrick.
Adversário com dificuldades
Se o momento do Inter é ruim, principalmente, pela eliminação inesperada na semifinal do Gauchão, o CSA também tem uma temporada cercada de problemas. O time foi apenas quinto colocado na fase de classificação do Campeonato Alagoano e ficou fora das semifinais. Na Copa do Nordeste, a campanha foi pior ainda. A equipe acabou como lanterna de seu grupo com apenas uma vitória em oito jogos. Para chegar à terceira etapa da Copa do Brasil, o CSA deixou pelo caminho Tuna Luso e Brusque.