Sabe a impressão de que o Inter está mais "frouxo" na marcação? Ou, para usar o linguajar contemporâneo do futebol, está "menos intenso"? Pois não é só impressão. Os números comprovam que a equipe de Mano Menezes perdeu força na comparação consigo mesma, na relação com o Brasileirão de 2022.
Os dados são do WyScout, um dos softwares mais usados no mundo para análise de desempenho, e foram compilados pelo analista Mauro Júnior, que atualmente faz esse tipo de trabalho nas redes sociais, mas que já passou pelo lado de dentro do vestiário, no Nova Iguaçu. Eles deixam claro que o time reduziu os índices de roubadas de bola e de combates. O aplicativo lançou um próprio medidor de intensidade.
Nele, são compilados os números de ações defensivas (duelos, perdas de posse, interceptações, desarmes, entre outros) em cada minuto que o oponente tem a bola. Ele reflete o quanto o time está tentando recuperar a posse. O índice do Inter é de 5,9. O do Grêmio, que lidera o ranking, é de 6,7. Entre os dois, há cinco outras equipes: São José, Aimoré, Juventude, Ypiranga e Caxias.
O outro dado que atesta essa "passividade" do Inter é o PPDA (sigla em inglês para "passes permitidos por ação defensiva"). Na prática, calcula-se quantos passes o time dá na zona ofensiva e divide-se pelo número de tentativas de contê-los (interceptações, desarmes, duelos, faltas). Quanto menor for o resultado da operação matemática, melhor o índice. Claro, é sinal de que o time tocou menos a bola e que a marcação foi mais firme. No Gauchão 2023, o Grêmio lidera o índice disparadamente, seguido por Juventude e Aimoré. O Inter vem na quarta posição.
Para Mauro Júnior, os números escancaram a falta de intensidade do Inter. Em sua visão, por se tratar de uma competição na qual tem superioridade técnica sobre os adversários, o time deveria ser mais dominante. Mesmo que o estilo de jogo pregado por Mano Menezes seja esse, a equipe poderia se impor mais, marcar no campo de ataque e ser combativa. O exemplo, segundo ele, é o gol do Esportivo, no qual Xanddy, atacante do clube da Serra, avançou e percorreu quase todo o campo de defesa colorado sem ser pressionado, com os zagueiros caminhando para trás.
— Alemão contribuía mais nos combates do que Luiz Adriano. E Edenilson, mesmo bastante criticado, era mais intenso do que Johnny e Matheus Dias, por exemplo. A perda do Gabriel então, nem se fala. Mario Fernandes ainda está totalmente sem ritmo, sem força, sem explosão. E alguns jogadores começaram a temporada abaixo, como Vitão e De Pena. Isso tudo influenciou — afirmou o analista.
Mano Menezes falou sobre isso recentemente. Em entrevista coletiva, afirmou que a chegada de Luiz Adriano e uma eventual recuperação de Alemão facilitariam a busca pelo reencontro com o desempenho de 2022. O estilo que o técnico aplicou ao time, de transição rápida e velocidade na troca de passes, fica mais encaixado no Brasileirão.
— Não existe time de um ano para o outro. Isso é uma utopia — declarou o treinador.
A hora quente do Gauchão, nas primeiras decisões da temporada, mostrarão o estágio do Inter para a sequência. E vêm aí Libertadores, Brasileirão e Gauchão.
Inter no Brasileirão 2022
- 5º que levou menos chutes a gol
- 4º com mais interceptações
- 6º que menos perdeu a bola
- 4º que menos fez faltas
Inter no Gauchão 2023
- 2º que levou menos chutes a gol
- 6º com mais interceptações
- 8º que menos perdeu a bola
- 10º que menos fez faltas