Não fosse o Grêmio o adversário do Inter no domingo (5), possivelmente este texto nem seria escrito. É que o aproveitamento da formação colorada com o meio-campo formado por Johnny, De Pena, Mauricio e Alan Patrick é tão alto que não levantaria dúvidas. Só para dar uma ideia, tem 100% de aproveitamento contra times da Série A. Mas como se trata do clássico, na casa do rival, voltou a discussão se esses jogadores não deixam o setor aberto demais. Ou, na expressão gaúcha, "faceirinho".
É que, a rigor, não existe entre os quatro um volante-volante. O que se costumou chamar de "cabeça de área". Ou, jocosamente, brucutu.
O jogador mais recuado, Johnny, era atacante até seis anos atrás. Recuou para ponta de lança no último ano de base. E virou volante aos poucos, primeiro com Eduardo Coudet, e depois com Miguel Ángel Ramírez. Ou seja: não se trata de um originário da função. A seu lado, está De Pena. Quando foi contratado pelo Inter, indicado por Cacique Medina, o uruguaio disse, na apresentação:
— Sou um extrema esquerda, mas também posso jogar pela direita. Também já joguei de interno pela esquerda.
Agora virou basicamente segundo volante. E se mostrou útil, como havia prometido na sequência dessa resposta sobre posicionamento:
— Sou um jogador de equipe, ajudo como precisar. Gosto de dar assistência e fazer gols, mas se a equipe necessitar de ajuda na defesa eu também participo.
Logo depois deles, vêm Mauricio, meia-atacante na essência, e Alan Patrick, basicamente a definição de armador. Quase à moda antiga, como um camisa 10 clássico.
Mano tem usado esse desenho desde a lesão de Gabriel, em jogo contra o Santos pelo Brasileirão do ano passado. Ele rompeu os ligamentos cruzados do joelho em 1º de outubro de 2022, e Mano Menezes fixou Johnny como primeiro jogador de meio. Em algumas partidas, o meia pela direita foi Edenilson (em vez do atual Mauricio). Em duas oportunidades, trocou Johnny por outro jogador — Matheus Dias contra o Palmeiras na última rodada do Brasileirão, e Baralhas diante do São José, há uma semana e meia.
Com os quatro titulares habituais juntos desde o início, são seis vitórias e dois empates em oito partidas. Com um jogador a mais com características de marcação em 2023, o índice é menor. O Inter empatou com o Avenida em 1 a 1, mas só chegou ao gol depois de devolver a formação. Até venceu o Aimoré, mas foi consenso de que jogou melhor em outras oportunidades. E nos outros jogos, partiu de um sistema com três atacantes.
— Johnny, De Pena, Mauricio e Alan Patrick é o meio-campo que foi vice-campeão brasileiro. Mudar o setor, se ocorrer, não seria pela amostragem do sábado (na vitória do Inter sobre o Aimoré). Baralhas pouco acrescentou. Matheus Dias foi melhor — apontou o comentarista Mauricio Saraiva, no Sala de Redação.
Apesar disso, Baralhas, ao menos em minutagem, está acima de Matheus Dias na temporada. Caso Mano, de fato, opte por mexer e "encorpar" o meio, é o ex-jogador do Atlético-GO o principal candidato a entrar.
Mexer nesse setor em Gre-Nal não é novidade. Em 2011, Falcão escalou o Inter com um zagueiro (Juan Jesus) improvisado na lateral-esquerda. Em 2017, Antonio Carlos Zago montou o time com uma dupla de volantes, Charles e Dourado. Em 2020, Coudet escalou Lindoso, Musto, Edenilson e Patrick. A curiosidade é que nos três casos a equipe melhorou depois de devolver a formação original — em 2011, venceu de virada; em 2017, virou e terminou empatado em 2 a 2; em 2020 perdeu, apesar de ter criado mais.
Mano Menezes terá mais cinco treinos para definir se vai manter o sistema ou se o Gre-Nal pesa tanto que merece uma experiência.
Jogos com o quarteto
2022
- Inter 4x2 Goiás
- Inter 2x0 Athletico-PR
- São Paulo 0x1 Inter
2023
- Inter 2x2 Juventude
- Inter 4x0 São Luiz
- Inter 3x0 Ypiranga
- Inter 2x2 Caxias
- Brasil-Pel 0x1 Inter