O empate com o Flamengo, no Maracanã, deixou um sentimento positivo para o Inter diante dos problemas que Mano Menezes teve para montar seu meio-campo. Para receber o Goiás no Beira-Rio, no domingo (9), às 11h, porém, a situação irá mudar. O treinador voltará a contar com os até então titulares Johnny e Carlos de Pena, o que abre uma disputa pelas vagas no setor.
O Inter tem no momento um sistema defensivo consolidado e vem de uma sequência de sete jogos sem sofrer gol no Beira-Rio - contanto também a Copa Sul-Americana. A boa atuação no Maracanã credenciou Keiller a seguir mesmo com a recuperação de Daniel. À frente dele, a linha defensiva formada por Bustos, Vitão e Mercado e Renê segue invicta. As disputas, então, aparecem do meio para frente. Dois postos estão preenchidos com Alemão como centroavante e Pedro Henrique como extrema de velocidade pelo lado do campo.
Logo que teve confirmada a grave lesão e a perda de Gabriel para o restante da temporada, Mano Menezes tratou de confirmar Liziero como substituto. O camisa 5 passou em seu primeiro teste na função. Liziero foi o jogador com o maior número de desarmes no Maracanã, seis ao todo, o dobro do segundo nesse quesito na partida, o flamenguista João Gomes, de acordo com o Sofascore. Essa questão defensiva era justamente a maior preocupação gerada pela perda de Gabriel, que divide com Marcos Rocha, do Palmeiras, o posto de jogador com maior média de desarmes do Brasileirão, 3,6 por partida.
A boa resposta de Liziero em sua primeira partida como titular o coloca em vantagem para acompanhar Johnny, que retorna após ter cumprido suspensão no Maracanã. Edenilson, assim, deve ir para o banco. A tendência é de que Carlos de Pena, Mauricio e Alan Patrick disputem as duas vagas restantes.
Rodízio
Mano alternou os três jogadores nas últimas partidas que teve todos à disposição. Diante do Atlético-GO, em Goiânia, De Pena ficou no banco e Mauricio e Alan Patrick foram escalados. Para receber o Bragantino, no Beira-Rio, na rodada seguinte, porém, o uruguaio retornou ao time com Mauricio deixando a equipe. Três dias depois, De Pena e Mauricio foram titulares contra o Santos, também em casa, com Alan Patrick perdendo seu lugar entre os 11.
A escolha também dependerá do sistema tático que Mano adotará, já que o treinador tem feito alterações no posicionamento do meio-campo. Se contra o Flamengo o time jogou no 4-2-3-1, diante do Santos o treinador formatou a equipe no 4-1-4-1. Nessa vitória por 1 a 0, Gabriel, Johnny e De Pena formaram um tripé com Mauricio aberto pela direita e Pedro Henrique pela esquerda. Mano justificou a opção naquele momento para encaixar a marcação no meio-campo do Santos, formado por Camacho, Carlos Sánchez e Luan, com os dois últimos atuando adiantados como meias procurando aproximações com os atacantes de lado, Ângelo e Soteldo
— Fiz uma opção tática. Tínhamos uma preocupação de ter um terceiro jogador por dentro. Se não tivesse esse terceiro, teria de baixar o meia para defender e aí não teríamos nem uma coisa nem outra. Demos para De Pena e Johnny as missões de sustentar os dois homens de lado e o Gabriel recebeu e função de encaixar quando subíssemos a marcação. Isso só foi possível fazer com três jogadores por dentro. O Mauricio é um meia que pode fazer a beirada e essa é uma questão encaixada para fazer um 4-3-3 ou 4-1-4-1 para a hora de defender. O Mauricio, além de ser um meia ofensivo, tem a capacidade de jogar por fora e poder retornar — explicou Mano.
Postura do adversário deve influenciar escolha
Adversário de domingo, o Goiás atuou boa parte do Brasileirão com três zagueiros, defendendo no 5-4-1. Desde o empate com o Juventude, na 17ª rodada, Jair Ventura passou a jogar com uma linha de quatro defensores - a exceção do confronto com o líder Palmeiras, na 21ª rodada, quando acabou goleado por 3 a 0. Nas últimas rodadas, os goianos têm jogado no 4-2-3-1, com dois volantes e um meia.
— Ele jogou quase todo o primeiro turno com três zagueiros, mas mudou contra o Juventude, em julho. Desde então, apenas contra o Palmeiras é que iniciou com linha de cinco, mas mudou para linha de quatro no decorrer do jogo. O Jair tem montado o time quase sempre no 4-2-3-1, com o Marquinhos Gabriel como meia atrás do Pedro Raul, Dadá Belmonte e Vinícius nas pontas, Auremir ao lado de outro volante, Diego ou Matheus Sales. Sem a bola, Marquinhos Gabriel fica ao lado do Pedro Raul e os pontas voltam — observa Arthur Barcellos, da Radio Sagres, de Goiás.
Se contra o Santos, Mano Menezes mexeu peças para encaixar a marcação de um adversário que também adotou uma proposta ofensiva no Beira-Rio, contra o Goiás o Inter deverá ter um rival que vai se postar de forma defensiva em seu campo.
—O Goiás chega pressionado por resultados, porque não vence há um mês, mas deve ir com a sua postura de sempre em jogos contra os grandes. Vai jogar recuado, buscando defender a área, esperando um erro do Inter na construção para contra-atacar. Usa bastante a bola longa no Pedro Raul, as conduções do Dadá Belmonte e do Diego e as arrancadas do Vinícius. Um ponto frágil é a defesa da entrada da área, porque os volantes não protegem bem o setor, seja por mau posicionamento, seja por falta de agressividade na pressão. As costas dos laterais também são pontos fracos, pela baixa estatura deles em bolas levantadas na área, ou por estarem fora de posição — analisa Arthur Barcellos.
O Goiás é a equipe com a menor posse de bola do Brasileirão, média de 40,3%, e também a que menos troca passes, de 233 por jogo. Mesmo sendo o time que menos finaliza, 11,2 por partida, os goianos têm o vice-artilheiro do campeonato, Pedro Raul, com 15 gols.
O que cada meia oferece
DE PENA
Apontado como ponto de equilíbrio do Inter desde a chegada de Mano Menezes, o uruguaio ficou no banco na vitória sobre o Atlético-GO, quando Mauricio e Alan Patrick foram escalados, mas retornou ao time contra o Bragantino e anotou diante do Santos o gol que deu a vitória colorada. Tem a seu favor o fato de oferecer diferentes opções de posicionamento. Pode atuar pela faixa central como volante ou meia ou ser um homem aberto pelo lado esquerdo, o que permite a Mano alterar o lado de Pedro Henrique jogando o atacante para o lado direito.
No Brasileirão
- 26 jogos (22 como titular)
- 4 gols
- 5 assistências
MAURICIO
Passou a ganhar espaço depois da eliminação para o Melgar na Copa Sul-Americana. Como citado por Mano Menezes na justificativa para escalação contra o Santos, Mauricio pode ser tanto o meia central como o jogador aberto pelo lado direito. Pela idade, oferece um poder maior de ocupação de espaços que De Pena e Alan Patrick.
No Brasileirão
- 26 jogos (15 como titular)
- 2 gols
- 3 assistências
ALAN PATRICK
É que chega mais próximo da característica do meia armador tradicional. Tem a qualidade do passe e a visão do jogo como pontos fortes. Se Mano optar pelo 4-2-3-1, ganha força para ser esse homem da central por trás de Alemão. Contra si, pesa a parte física. Dos 23 jogos que fez desde seu retorno ao Inter por Brasileirão e Sul-Americana, só atuou os 90 minutos na derrota para Fortaleza, no Castelão.
No Brasileirão
- 19 jogos (13 como titular)
- 3 gols
- 2 assistências