Quando o Inter caiu para o Melgar nas quartas de final da Copa Sul-Americana, o sentimento que se espalhou pelo Beira-Rio era de que 2022 tinha terminado. O restante do ano serviria para testes e para somar pontos em busca de (mais uma vez) vaga à Libertadores. Pois desde aquela fatídica noite, o time de Mano Menezes encarreirou vitórias, assumiu a vice-liderança e, a 12 rodadas do fim do Brasileirão, está a oito pontos do Palmeiras.
Pelas redes sociais, já começaram a aparecer os memes. Em um deles, o texto diz: "Prepare-se, torcedor. O Inter vai em busca do vice". Os colorados foram oito vezes segundo lugar no Brasileirão unificado (incluindo o Robertão). São recordistas, ao lado do Santos. Mas é possível sonhar com algo mais?
Segundo a matemática, até é. Pelos cálculos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cujo Departamento de Matemática tem pesquisa destinada ao futebol, o Inter alcança 5,6% de chances de ser campeão. O Palmeiras soma 83,2%.
Do ponto de vista da história, também é possível. Após 26 rodadas, o Inter tem oito pontos a menos do que o líder, 54 a 46. Em 2008, a essa altura da competição, o Grêmio liderava com 50 pontos. O campeão acabou sendo o São Paulo, que tinha sete a menos e estava em quinto lugar. Em 2009, o Palmeiras era o primeiro com 50 e o Flamengo era o sexto, com 40. Em uma arrancada espetacular, o time carioca buscou o troféu.
O próprio Inter viveu situação semelhante. No Brasileirão de 2020, a 26ª rodada registrou uma vitória colorada sobre o Palmeiras e encerrou com o seguinte panorama: líder São Paulo, 53 pontos; Flamengo vice, 51; Inter quarto, 44. O campeonato acabou com o Inter deixando o título escapar por não ter vencido o Corinthians em casa no último jogo.
No Beira-Rio, a ordem é manter o otimismo, mas deixar os pés plantados no chão. O primeiro objetivo é chegar à Libertadores, de preferência direto na fase de grupos. No momento, são dois pontos que separam o Inter do Corinthians, primeiro time fora do G-4. A tendência, porém, é de que o quinto (e talvez até o sexto) entrem nesta etapa, a depender do resultado do Flamengo na Libertadores e de quem for campeão da Copa do Brasil.
O trabalho de reconstrução passou por Mano Menezes. O treinador conseguiu segurar um vestiário bastante contestado, especialmente por parte da torcida. Conversou com alguns atletas individualmente e continua um trabalho de reabilitação para os mais criticados: Daniel, Edenilson e Taison. E, a cada entrevista, faz um discurso otimista contido.
— Estando nas primeiras posições, não podíamos pensar em outra coisa a não ser sentir confiança. Mas o tamanho da ambição começa a se medir agora, o quanto temos condições de fazer. Não podemos nos contentar com o que conquistamos — disse o treinador na última entrevista coletiva.
Quando perguntado sobre a opinião dada após a queda para o Melgar, quando declarou que talvez o time não estivesse pronto para ser campeão, atualizou:
— Esse grupo já pode mais. Para avançar, ambicionar algo da grandeza do Inter, temos de estar entre os primeiros e querer ser campeões.
Para aumentar a esperança dos colorados, aí vai uma informação. Não é que o Inter tem 12 rodadas para tirar oito pontos. Na verdade, se diminuir a distância em seis, terá o Beira-Rio como aliado na última rodada, um confronto direto pelo título.
Uma final como nos velhos tempos. Será que dá?