Mano Menezes, no Inter, apresenta uma faceta que foge ao lugar-comum de seus trabalhos. Considerado um organizador de defesas, que primeiro pensa na zaga antes de montar o ataque (o que popularmente se chama de retranqueiro"), o técnico dirige a equipe de segundo melhor ataque do Brasileirão, com um gol a menos do que o líder Palmeiras. Fez os mesmos 40 do Flamengo, considerado o time mais virtuoso do país. E o destaque é que não há um goleador solitário, a artilharia é bem dividida entre os integrantes do sistema ofensivo. Tanto que os colorados nem sequer figuram perto dos líderes desse ranking – Pedro Raul, do Goiás (14 gols), Cano, do Fluminense (13), e Bissoli, do Avaí (12).
Apesar da divisão de gols, há protagonistas. São os dois "atacantes" titulares. As aspas se justificam porque um deles, Wanderson, não é bem um jogador que só se preocupa em atacar. Ponteiro pela esquerda, ele tem característica de ser driblador e ousado, mas cumpre tarefas táticas de recomposição e marcação ao lateral. Alemão, por outro lado, é o centroavante. E que costuma se doar bastante para atrapalhar as saídas de bola dos oponentes.
Juntos, são responsáveis por 12 gols e cinco assistências. Uma das assistências de Wanderson, aliás, foi para o gol de Alemão contra o Fluminense. Mas além deles, há outros que despontam na lista.
De Pena fez três gols e deu cinco passes, números invertidos em relação aos de Edenilson. Alan Patrick, Pedro Henrique e Mauricio completam a nominata de destaques. Essa solidariedade será importante para o jogo contra o Cuiabá, no sábado (10) à tarde, no Beira-Rio. Wanderson projetou:
— Vamos ter um jogo muito difícil. Temos de impor nosso ritmo durante os 90 minutos para buscarmos a vitória como mandante, o que será muito importante para a nossa equipe visando a sequência da competição.
Fazer gol cedo tem se mostrado decisivo para o Inter. Em 13 jogos, o time marcou ao menos uma vez no primeiro tempo no Brasileirão. Apenas um não terminou em ponto, a derrota para o Botafogo, naquele 3 a 2 para os cariocas que só não foi 3 a 2 para o Inter por um impedimento milimétrico de Mercado nos acréscimos. No restante, foram sete vitórias e cinco empates.
— Foi o que faltou contra o Melgar. Tivemos três chances no início e não fizemos. Um gol ali teria mudado a cara do jogo — declarou Mano Menezes em entrevista recente.
Mas e a fama do técnico de ser retranqueiro? O jornalista Fernando Becker, repórter da RBS TV e técnico de futebol, pode avaliar com propriedade. Nos tempos de jogador foi zagueiro na primeira equipe treinada por Mano, o Guarani, de Venâncio Aires, em 1992. Ele responde:
— Nunca o vi como retranqueiro, mas como estrategista. Montava o time de acordo com o adversário, já fez coisas diferentes e inovadoras. Já conosco, naquela época, sabia como viriam nossos oponentes, os destaques e as falhas.
Sobre o Inter atual, Becker opina:
— Não acho que Mano seja um ofensivista, até porque às vezes oferece a bola para o adversário. Mas faz parte da estratégia de ter um ataque vertical, com contragolpe rápido. Essa fase goleadora, me parece, se dá pelas circunstâncias do time, que tem jogadores velozes, como Wanderson e Pedro Henrique, e que buscam o gol sem precisar rodar muito a bola. O que não mudou foi que desde sempre, seus times vendem caro os resultados.
Contra o Cuiabá, o Inter precisará dar mais um passo na busca pela consolidação na parte de cima da tabela. E será contra uma equipe forte na marcação. Mais do que nunca, será preciso apostar no novo Mano Menezes, o que ataca bastante e busca o gol cedo.
Participações em gol no Brasileirão
Alemão
- 6 gols
- 3 assistências
Wanderson
- 6 gol
- 2 assistências
De Pena
- 3 gols
- 5 assistências
Edenilson
- 5 gols
- 3 assistências
Pedro Henrique
- 4 gols
- 1 assistência
Alan Patrick
- 3 gols
- 2 assistências
Mauricio
- 2 gols
- 2 assistências