Renê chegou ao Inter sem tanto alarde, em 11 de abril. Antecipou sua saída do Flamengo, clube pelo qual tinha contrato até o final do ano, e assinou por duas temporadas e meia. Porto Alegre é recém a terceira cidade para a qual se mudou em uma carreira de 11 anos como profissional (antes, havia vivido no Rio e em Recife, onde jogou pelo Sport).
Deveria ser uma alternativa a Moisés, mas, quatro meses depois, está consolidado na lateral esquerda. Discreto e eficiente, assegurou seu lugar entre os titulares de Mano Menezes e deu segurança a uma posição historicamente carente no Beira-Rio.
Seus números atestam a regularidade. Contra o Avaí, completou sua 20ª partida. Nesses jogos, somou 40 desarmes (é dono da maior média do time). Ganhou mais de 71% das divididas em que esteve envolvido. Não cometeu nem sequer um erro que tenha virado gol dos adversários. E acertou quase 90% dos passes que tentou.
Definitivamente recuperado de duas lesões musculares que sofreu desde que se transferiu para o Inter, parece mais adaptado ao sistema de jogo de Mano Menezes. O técnico costuma utilizá-lo como uma espécie de terceiro zagueiro na saída de bola desde a defesa, sendo uma opção pela esquerda. Nesse começo de história com a camisa colorada, tem sido muito mais defensor do que atacante.
— Ele veio pra ser reserva do Moisés, mas aos poucos vai agradando o torcedor por ser um jogador muito bom taticamente e regular nas atuações. Estou gostando muito dele, participa da construção das jogadas pelo lado esquerdo, é eficiente na marcação. Tem tudo pra se firmar se vez na lateral esquerda do Inter, uma posição tão contestada nos últimos anos — opina o ex-lateral Vinícius, que passou pelo Beira-Rio nas décadas de 1990 e 2000.
Ofensivamente, porém, Renê ainda pode render mais. Sua contribuição ofensiva até o momento foi uma assistência para Wanderson marcar o gol de empate contra o Guaireña pela primeira fase da Copa Sul-Americana. Seus índices de acerto nos cruzamentos até não são ruins, cerca de 40%, mas podem ser melhores. Isso quem diz é Daniel Franco, ex-lateral do Inter, campeão da Copa do Brasil de 1992.
— Na fase ofensiva, não tenho visto com tanta eficiência. O que é uma pena, porque se trata de um jogador de bom passe, bom cruzamento, boa qualidade técnica. Só que não tem conseguido ser efetivo nesses quesitos lá no terço final do campo.
Ele mesmo, em sua apresentação, havia falado sobre a necessidade de se adaptar aos times em que atua. Ao lembrar sua carreira, comentou:
— Comecei no Sport muito ofensivo, mas com o tempo fiquei mais. Faço o que o professor pede. Com Jorge Jesus, era mais ofensivo, mas com Domènec Torrent era mais defensivo. Sei que sou rotulado como defensivo, mas consigo ajudar na parte ofensiva também.
O desafio para Renê, agora, é equilibrar essas duas funções de um lateral. Mas até o momento, ele tem cumprido o que lhe é pedido. Se não dá para esperar lampejos de genialidade como tinha Kléber entre 2008 e 2013, possivelmente o melhor da posição do século no Beira-Rio, ao menos a segurança e a aplicação têm sido garantidas pelo jogador que veio discretamente do Flamengo depois de se destacar no Sport. Discreto e eficiente.
Renê pelo Inter
- 20 jogos
- 1674 minutos
- 1 assistência
- 12 cruzamentos certos
- 22 cruzamentos errados
- 40 desarmes (maior média do time)
- 848 passes certos
- 106 passes errados
- 71,5% dos duelos vencidos
- 0 erros capitais cometidos