Dono da terceira melhor campanha do segundo turno, o Inter engatou a terceira vitória seguida no Brasileirão, reduziu a distância para o líder, abriu seis pontos sobre o sétimo colocado e se consolidou na ponta de cima da tabela.
O 4 a 0 sobre o Juventude teve, ainda, a assinatura da evolução de Johnny, autor de dois gols, a recuperação de Edenilson, que voltou a marcar, e mais uma partida sem o time ser vazado. Por outro lado, o jogo ficou marcado por uma acusação de injúria racial por parte de Felipe Pires, do Juventude, contra um torcedor.
Começando pelo campo, ficou nítido que o tempo para treinar ajudou o time. A terceira vitória seguida foi acompanhada de bom desempenho, goleada e praticamente sem defesas de Daniel. Nos três últimos jogos, o goleiro não foi vazado. Quem também aproveitou foi Johnny.
O jovem, além de ocupar seu espaço no campo, foi à frente e retomou seus momentos de meia-atacante e até centroavante, fazendo dois gols, ambos de cabeça. Sua atuação mereceu elogios do auxiliar Sidnei Lobo, que substituiu o técnico Mano Menezes, suspenso:
— Ele está vivendo um grande momento. O atleta precisa ter essa oportunidade de ter três ou quatro jogos. É uma demonstração de que todos que estão no clube têm condições de ser titular, precisam estar prontos.
Essa sequência, aliás, faz Johnny pensar alto. O brasileiro naturalizado americano ganha espaço justamente nos momentos que antecedem a convocação para o Catar e agora aguarda o chamado da seleção de seu país adotivo.
— Sempre sonho com Copa do Mundo, mas meu foco é no Inter e manter meu desempenho. Isso é tudo consequência do trabalho aqui — disse o jogador.
Outro ponto celebrado foi o gol de Edenilson, o quarto, que fechou a goleada. Ele bateu um pênalti com categoria e começou a selar a paz com a torcida. O volante reconheceu a dificuldade de reconciliação completa, mas mostrou esperanças em acabar com as vaias:
— Não é fácil, temos de continuar trabalhando. A desclassificação (na Sul-Americana) pega todo mundo, ainda mais para mim que estou há mais tempo aqui. Precisamos saber absorver, o torcedor está junto com a gente há anos querendo títulos, o grupo também quer isso e vamos trabalhar.
Sidnei Lobo também não poupou elogios ao camisa 8:
— Mano e eu tivemos a oportunidade de dirigir o Edenilson por pouco tempo quando estávamos no Corinthians. Sempre foi um atleta exemplar, que luta pelo clube. Aqui, ele já fez história e vem construindo positivamente. Ele é experiente, contamos com ele. Todos adoram o Edenilson.
Mas nem tudo foi festa no Beira-Rio. A partida teve também mais um episídio de racismo. Na metade final do segundo tempo, o atacante Felipe Pires, do time visitante, disse ao árbitro que ouviu o xingamento com conotação racial por parte de um torcedor colorado. O atleta alega ter escutado "cala a boca, macaco".
Seguranças do clube retiraram uma pessoa da arquibancada. O jogador do Juventude prestou depoimento ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio. Em nota, o Inter manifestou repúdio a todo e qualquer tipo de preconceito. Disse também que, "tão logo ocorreu a identificação do responsável pelo ato, o torcedor foi retirado das arquibancadas e sofrerá sanções em função do comportamento inadequado".
O texto fala ainda que o clube "lamenta que o episódio tenha ocorrido na partida de hoje (segunda), quando o time atuou com com a camisa preta e um patch antirracismo, elaborado pela CBF, estampado em seu novo uniforme".