Inter e São Paulo empataram em 3 a 3, na noite de quarta-feira (20), no Beira-Rio, em um dos jogos mais movimentos do Campeonato Brasileiro. A partida foi marcada por mudanças táticas feitas pelo técnico Mano Menezes para tentar corrigir problemas apresentados pela equipe e também buscar a vitória no segundo tempo. GZH mostra como o time colorado foi alterado ao longo do confronto contra a equipe de Rogério Ceni.
O Inter iniciou a partida com seu posicionamento habitual no 4-2-3-1. Pedro Henrique mais uma vez foi escalado aberto pelo lado direito com Edenilson sendo o volante ao lado de Gabriel e Carlos de Pena aberto pelo lado esquerdo. Sem Alan Patrick e Taison, Mauricio foi o escolhido para ser o meia central, assim como havia acontecido no empate com o Athletico-PR na Arena da Baixada.
Desde os primeiros minutos, o jogo foi de idas e vindas. Com apenas meia hora de partida, o placar já marcava 2 a 2. Dentro do 4-2-3-1 inicial, Mano adotou uma variação na hora de atacar que trouxe De Pena para dentro liberando Moisés para avançar pelo flanco esquerdo, por onde Alemão também apareceu. Essa movimentação de Alemão gerava espaços na área ocupados por Pedro Henrique, Edenilson e Maurício. PH anotou dois gols. O primeiro veio a partir de uma cobrança de falta de De Pena. No segundo funcionou exatamente essa ideia de Mano de ter Alemão caindo na ponta e Pedro Henrique como o finalizador. O centroavante cruzou e o extrema marcou de cabeça o 2 a 1.
Se era forte no ataque, o Inter também sofria defensivamente para encaixar sua marcação com o São Paulo. Jogando com Rafinha como um terceiro zagueiro, Rogério Ceni usou os alas Igor Vinícius e Marcos Guilherme para gerar amplitude causando dúvidas na marcação colorada, principalmente no lado esquerdo, setor onde Moisés foi bastante explorado. Também houve dificuldade para marcar as movimentações de Luciano, que partia como centroavante, mas recuava no espaço entre os volantes e os defensores do Inter.
Como jogou o São Paulo:
Com a vantagem de 3 a 2 obtida com o pênalti de Edenilson, aos 41 minutos do primeiro tempo, Mano Menezes optou pela entrada de Johnny no lugar de Mauricio para a etapa final. Mas não foi apenas uma troca simples de um meia por volante, o treinador alterou também o sistema tático da equipe. Moisés virou um terceiro zagueiro e Carlos de Pena passou a jogar como ala-esquerdo.
O Inter passou, então, a ter uma linha de cinco defensores com Johnny e Gabriel como dupla de volantes. Pedro Henrique e Alemão (Wanderson entrou no lugar de Alemão aos 18 minutos no mesmo posicionamento) formaram uma dupla de ataque, onde ambos buscavam diagonais para o lado de fora do campo. Isso fez com que Edenilson se transformasse em um falso centroavante ocupando a faixa central do ataque.
O Inter até ampliou sua vantagem quando Rafinha mandou contra as próprias redes, em gol que acabou anulado pelo VAR no começo do segundo tempo. Logo depois, Luciano marcou o terceiro do São Paulo, o que obrigou o Inter a ser mais ofensivo.
Mano Menezes avaliou após o jogo que sua mexida no intervalo gerou uma maior proteção defensiva com De Pena como ala. O treinador, porém, admitiu que faltou um maior ímpeto ofensivo, o que, segundo ele, se deu pelo fato de o time não ter tido o tempo de treinamento suficiente para jogar com esse sistema tático.
— Passamos a nos defender com uma linha de cinco porque não estávamos conseguindo controlar e havia uma dúvida de marcação por mérito do São Paulo, que nos causava essa dúvida. Optamos por colocar o Moisés por dentro e o De Pena por fora para marcar o ala até o fim. Isso teve efeito no controle da parte ofensiva, o São Paulo não teve o mesmo volume ofensivo do primeiro tempo, mas no gerou uma perda de campo. A equipe não está ainda suficientemente treinada para jogar com alas. Se tivéssemos treinado o suficiente para jogar assim, nossos alas teriam sido mais incisivos na hora que tínhamos a bola — explicou.
Na reta final da partida, Mano fez as últimas trocas com as saídas de Heitor, Moisés e De Pena desmanchando o sistema com linha de cinco atrás. Thauan Lara entrou como lateral-esquerdo enquanto a direita acabou sendo ocupada por Pedro Henrique nos minutos finais.
Mano admitiu que, pelos desfalques por lesão, lhe faltaram opções para a reta final da partida, o que contribuiu para Pedro Henrique ser utilizado na lateral.
— Quando me refiro que o grupo está curto no momento é em relação a terminar melhor um jogo como esse. Tem momentos que você precisa correr um pouco mais de risco. O Moisés sentiu o adutor, então precisei colocar um jogador defensivo (Thauan Lara) naquele momento, o que não é o ideal. Tentei colocar o Johnny para lá para proteger um pouco. O ruim da história é que tive que trazer um jogador (Pedro Henrique) que estava forte na frente um pouco mais para trás. O Pedro estava desgastado e certamente ficaria feliz se eu levantasse uma placa para a saída dele porque se entregou muito, como o nosso grupo tem vem se entregando. É importante que voltem aqueles que estão fora porque são todos qualificados a ponto de podermos nessa hora ter a tranquilidade de fechar no nível que um jogo desse exige — afirmou.
A tentativa final de Mano acabou não tendo resultado e placar terminou mesmo em 3 a 3. O Inter teve ao longo do jogo uma menor posse de bola — terminou em 34% —, mas isso não impediu o time de ter uma maior construção de oportunidades. O Colorado finalizou 15 vezes contra oito do São Paulo. A equipe gaúcha teve sete finalizações no alvo enquanto os paulistas acertaram o gol quatro vezes.
Com o empate, o Inter tem 30 pontos e está a três do líder Palmeiras, seu adversário na próxima rodada. O Alviverde, porém, joga nesta noite contra o América-MG, em Belo Horizonte, e pode ampliar a vantagem para seis pontos.