Técnico que mais vezes comandou o Inter, Abel Braga esteve à frente do clube no ano mais vitorioso da história colorada. Em 2006, a parceria rendeu os títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes.
Na semana passada, o profissional anunciou a aposentadoria da carreira de treinador. Em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, na noite desta quarta-feira (6), ele explicou os motivos que o levaram a deixar o cargo que exercia desde 1985.
— Não foi uma decisão surpreendente. Já tinha o objetivo de seguir com esse pensamento, com essa vontade. Não é só o desgaste mental, mas principalmente o físico. Achei que era o momento. Eu pretendo descansar. Estou ótimo. Não tenho hora para acordar nem para dormir. Tenho aproveitado a família e quero curtir a aposentadoria — destacou.
O futuro, no entanto, não será longe do futebol. Abel Braga tem o desejo de atuar como coordenador técnico. Desta forma, aproveitaria a experiência adquirida dentro e fora dos gramados para auxiliar na relação entre jogadores e comissão técnica.
— Minha ideia é tentar fazer algo na coordenação técnica. Acho que, por tudo o que aprendi, por tudo o que passei, pode ser importante. Se eu puder seguir o mesmo modelo do Paulo Autuori. Trabalhei com ele (no Fluminense). Ele tirou um peso das minhas costas. Eu passei a me preocupar só com o campo. Antes de ele chegar não era assim — pontuou.
Abel Braga somou sete passagens pelo Inter. Nem todas foram marcadas só por glórias. Há também as frustrações, especialmente a eliminação na semifinal da Libertadores para o Olimpia, em 1989, e a perda do Brasileirão, em 2021. Sobre o caso mais recente, ele lamentou o desfecho:
— No início, os resultados não foram bons. A equipe tinha uma maneira própria de jogar. Aos poucos, fui colocando no meu jeito e tivemos uma sequência incrível. Me entusiasmei. Senti que poderia dar um título brasileiro para o clube. A frustração foi enorme. Eu falo isso toda hora. Me tiraram na mão grande. Com a expulsão do Rodinei. Com o pênalti contra o Corinthians e com aquela bola cruzado que ninguém tocou no Cássio.
Após o vice-campeonato nacional, Abel Braga acabou deixando o Inter. O presidente Alessandro Barcellos, recém-eleito, optou pela contratação de Miguel Ángel Ramírez. A respeito da escolha feita pela direção, o ídolo diz não guardar mágoa.
— Não ficou nada mal explicado. Eu entendo perfeitamente. Eu nunca saí de clube nenhum brigando. Não seria assim no Inter. Eu só comuniquei que o meu ciclo estava encerrado. Eu já sabia da decisão, que já tinha sido contratado um novo treinador, o que é um direito. Problema zero. Gostaria de ter continuado, mas não tinha como mudar a decisão que já tinha sido tomada. Paciência. O Inter está em primeiro lugar — ressaltou.