Justamente no jogo de mata-mata, o Inter de Mano Menezes não funcionou. A derrota por 2 a 0 para o Colo-Colo obrigará a equipe a buscar um resultado épico no Beira-Rio para avançar às quartas de final da Copa Sul-Americana. Para isso, porém, precisará ter cuidado para não repetir os erros cometidos em Santiago. Elegemos cinco falhas do Colorado, que o levaram a essa situação na competição.
Heitor
O lateral-direito não deu certo. O primeiro gol do Colo-Colo parte de um erro de avaliação sobre o que fazer para evitar que um lançamento chegasse ao atacante. Ao deixar a bola quicar, permitiu que Costa dominasse e fizesse a jogada que parou na rede de Daniel. Mano Menezes justificou a escalação:
— A opção pelo Heitor é óbvia, ele é o lateral reserva. Se o titular não joga, ele tem de entrar. Senão, não pode fazer parte do nosso grupo. Entrou, fez um primeiro tempo que não apoiamos e não defendemos tão bem. No intervalo, optamos por defender melhor. E também não aconteceu.
Bustos fará tratamento intensivo para retornar na terça-feira. Se não puder, Heitor pode ser escalado novamente. Isso porque, possivelmente, será uma partida na qual o Inter terá de atacar. E Heitor tem mais características ofensivas do que Mercado, que é mais zagueiro do que lateral.
Ausências
O time já não teria Wanderson, que precisará de mais algumas semanas de tratamento de uma lesão muscular, e ficou ainda mais carente quando De Pena não conseguiu se recuperar de um desconforto na coxa esquerda. Sem ambos, o Inter perdeu criatividade, velocidade e constância.
Na frente, Pedro Henrique até se virou bem. Aplicou alguns dribles, chutou uma bola na trave e tentou, muitas vezes só. De Pena, substituído por Johnny, fez ainda mais falta. O volante tem características diferentes à do uruguaio, e a dupla com Gabriel não deu a resposta nem na contenção nem na armação das jogadas.
O uruguaio fará um exame de imagem para detectar se tem alguma lesão. Se não for constatada, será preparado para retornar à equipe na terça-feira.
Estêvão
Caso De Pena não jogue, Mano deverá olhar para Estêvão. O meia de 20 anos entrou no jogo já nos minutos finais e marcou o gol (que posteriormente acabou invalidado após consulta no VAR). Seu ingresso em campo foi bem mais natural do que o de outros companheiros, até mais experientes.
Como a partida exigirá uma postura mais ofensiva do Inter, Mano não deverá repetir uma dupla de volantes na abertura do meio-campo, se não tiver o uruguaio à disposição. O técnico pode adaptar o time, recuando Edenilson para a segunda função e formando uma linha ofensiva de meio-campo com Pedro Henrique, Alan Patrick e Estêvão, por exemplo.
O jovem é uma promessa da categoria de base colorada, de contrato recém-renovado até 2026 e mais de R$ 300 milhões de multa para o Exterior.
— Sabe jogar, tem a qualidade técnica exigida para a posição, mas também tem a dinâmica e a velocidade exigidas pelo futebol de hoje — escreveu o colunista de ZH, Leonardo Oliveira.
Pobreza ofensiva
Apesar de figurar entre os melhores ataques do Brasileirão, o jogo em Santiago expôs mais uma vez a necessidade de ter mais qualidade. Alemão fez o que conseguiu: disputou bolas aéreas, tentou manter a posse, segurar os zagueiros. Saiu de campo sem nem sequer chutar a gol (nem na direção certa nem na errada). Acertou metade dos passes que tentou. Perdeu a bola 19 vezes.
E não é só culpa de Alemão. David, a alternativa, não marca um gol desde o Gre-Nal do primeiro turno do Gauchão. Cadorini, o jovem, não teve atuações que pressionassem Mano a dar mais chances. E Wesley nem sequer é lembrado. Não é segredo que a direção busca um centroavante, mas isso está atrelado a avançar na Sul-Americana.
— O que falta não é entrosamento. São outras questões. Cobramos para tentar orientar na beirada do campo. Aceitamos muito a marcação, precisamos ter movimentação para confundir a defesa. Alemão tentou, lutou, segurou. Faltou aproximação para construirmos mais — disse Mano Menezes.
Postura
Um lance por volta de 30 minutos do primeiro tempo ilustrou parte das queixas de torcedores e até da comissão técnica do Inter. O placar era 1 a 0 para o Colo-Colo, a bola estava próxima ao meio-campo e Edenilson tentou um passe de calcanhar, interceptado pelos chilenos, que já buscaram o ataque.
— Fizemos um jogo abaixo, avaliamos mal as condições — declarou Mano Menezes.
Para o próximo jogo, a promessa é de nova postura. A começar pelo aspecto externo. Nas redes sociais, houve mobilização imediata dos torcedores. A direção anunciou promoção de ingressos para lotar o Beira-Rio.
— Vamos precisar do nosso torcedor. Estamos atrás e precisamos reverter isso. Acreditamos em nós e já mostramos. Vamos atacar forte em casa, empurrar e buscar o resultado — disse Alan Patrick.