A chegada de um novo treinador em um clube impacta em inúmeras mudanças na hierarquia de um time. Com Mano Menezes no Inter, isso não deve ser diferente. Um dos setores que ainda não se firmou no Colorado é a defesa, que constantemente vem recebendo críticas por ser vazada com facilidade nas partidas. Até agora, são 18 jogos e 21 gols sofridos entre Gauchão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Brasileirão.
Em sua entrevista coletiva de apresentação, Mano não deu indícios claros de como irá montar a sua equipe defensivamente. No Al Nassr, ele tinha um time melhor tecnicamente, que em vários momentos marcava alto. No Bahia, por outro lado, preferia defender com linhas mais baixas.
— Penso futebol de forma bem completa. Não conheço times vencedores que se comportem só de forma reativa, não conheço times vencedores que só se comportam ofensivamente. Não conheço time vencedor que só propõe jogo porque vai ter um dia que o adversário estará melhor e você precisará jogar diferente. A minha ideia é fazer uma saída de três com dois zagueiros e um lateral, seja ele o da direita ao da esquerda. Vou respeitar as características dos jogadores que estiveram na função — disse.
Desde que Víctor Cuesta deixou o time e posteriormente foi para o Botafogo, o Inter conta com seis zagueiros no elenco principal. Bruno Méndez, Kaique Rocha, Gabriel Mercado, Tiago Barbosa, Rodrigo Moledo e Vitão. Desses, Mano terá que escolher dois para compor o miolo defensivo.
Para Gabriel Corrêa, analista tático e coordenador do Footure FC, o novo treinador colorado irá em busca de uma defesa sólida, tentando minimizar o número de gols sofridos pelo Inter.
— Partindo da ideia que o Mano preza por defesas sólidas em primeiro lugar e o nível que retornou Moledo, ele deve ser um dos titulares. Sem contar a experiência dele e também a capacidade de defender bolas aéreas. Do seu lado, acho que aí tem uma discussão entre Kaique Rocha e Vitão. Os dois têm boa velocidade de recuperação e antecipação, mas talvez o Vitão tenha uma melhor saída de bola, então pode ser titular nesse time — explica.
Por outro lado, Leonardo Miranda, analista tático do ge.globo, pontua que talvez Mano Menezes não consiga praticar o estilo defensivo que mais gosta (marcando por zona e com uma linha de quatro bem definida), justamente por chegar em meio ao ano e com um calendário apertado em virtude da Copa do Mundo no final do ano.
— Primeiro, o Mano tem muito conteúdo. Ele foi o primeiro no Brasil a usar a marcação de zona da Europa, aquela linha defensiva no Corinthians. Sempre deu prioridade para zagueiros que mantivessem o posicionamento. Só que ele chega no Inter tendo que se adaptar e com o Inter jogando mal. Na minha visão, hoje não dá para pensar em um time sem o Moledo. O Mercado vem jogando bastante também e essa foi a dupla que jogou contra o Fortaleza. O Bruno (Méndez) pode crescer com o novo treinador.
Ao que parece, a única das unanimidades é Moledo, que retornou à titularidade contra o Fortaleza após 15 meses afastado dos gramados. Para o ex-zagueiro do Inter Vinicius, a peça ideal ao lado do camisa 4 seria Bruno Méndez.
— Tenho certeza que o Mano vai ajeitar o sistema defensivo do Inter, sempre trabalhou muito na construção defensiva. Primeiro defende e depois constrói. O Moledo é a peça chave nessa reconstrução, se o Cuesta permanecesse escolheria ele para ser o companheiro. Acho que o Bruno Méndez seria essa peça ideal do lado do Moledo. Ele e o Moledo dariam uma consistência defensiva importante — pontua o ex-jogador.
O uruguaio, no entanto, pode ter de deixar Porto Alegre no meio do ano. O atleta pertence ao Corinthians e está cedido ao Colorado por empréstimo. Para que permaneça em Porto Alegre, o departamento de futebol gaúcho precisará investir aproximadamente US$ 6 milhões (cerca de R$ 27 milhões), valor fixado pelos paulistas quando da negociação entre os clubes.