Os gols, assistências e títulos que tornaram D’Alessandro um dos maiores ídolos do Inter foram retribuídos pelos colorados de diferentes formas. Desde o simples aplauso no Beira-Rio, a pedidos de foto ou autógrafos e até tatuagens para marcar no corpo a imagem do jogador. Mas, houve quem foi além. O sobrenome do craque virou nome próprio para mais de 800 crianças gaúchas de acordo com levantamento feito em por GZH e RBS TV.
Esse número é contado a partir de 2008, o ano em que o argentino, hoje também cidadão brasileiro, desembarcou no aeroporto Salgado Filho já cercado de centenas de torcedores para vestir a camisa vermelha. GZH conversou com pais que decidiram batizar o filho com o nome de D’Alessandro. Confira as histórias.
"Encrenqueiro como ele"
- José D’Alessandro da Rosa
- Nascimento: 16 de dezembro de 2015
- Cidade: Cachoeirinha
Quando Cíntia Diehl de Castro engravidou pela quarta vez, não teve dúvida: o filho se chamaria D’Alessandro. Casal colorado, ela e o marido José Adair da Rosa não haviam usado nomes do futebol para batizar os outros três filhos, mas tinham certeza de que esse era o momento.
Inicialmente, Adair pensou em Fernando como forma de homenagear o capitão da conquista do Mundial de Clubes, em 2006. Mas Cíntia conta que fez o marido mudar de ideia.
—No momento em que eu soube que era um menino, já falei: tem que ser D’Alessandro. Somos de uma família toda colorada e queríamos que o nosso último filho tivesse uma homenagem. Meu marido queria botar Fernando por causa do Fernandão, mas eu disse: D’Alessandro — conta Cíntia, antes de explicar o motivo da homenagem ao argentino.
— Pelo fanatismo mesmo. Ele tem tudo, o futebol dele, a pessoa... O ser humano incrível, só ver as ações sociais dele — argumenta.
José D’Alessandro da Rosa nasceu em 16 de dezembro de 2015 em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, e mora desde 2020 em Tramandaí, no Litoral Norte. A família ainda não pôde levar o pequeno D’Ale, como é chamado em casa, para conhecer o Beira-Rio. Mas a intimidade com o futebol já existe. A mãe diz que ele tem o temperamento do ídolo homenageado:
— Ele é encrenqueiro igual ao D’Alessandro quando vai jogar bola. Ele é brabo.
Orgulhoso, José Adair da Rosa já vê no pequeno filho um talento que lhe faz sonhar em vê-lo como jogador no futuro.
— Ele vai dar bom — vibra José Adair, que lamenta ainda não ter podido levar o filho para ver o ídolo jogar ao vivo.
— Pela dificuldade financeira não conseguimos, mas quem sabe no futuro. O D’Ale vai parar de jogar, mas vai seguir ligado ao Inter. Sempre mostrei os vídeos para ele. Recentemente, o D’Alessandro tem jogado pouco, mas mostrei muitos vídeos de antes dele nascer, dos gols que o D’Alessandro fez no Grêmio, por exemplo.
Anthony para convencer a mãe
- Nome: Anthony D'Alessandro Moreira Soares
- Data de nascimento: 11 de julho de 2017
- Cidade: Camaquã
O funcionário público Igor Soares herdou do pai Joviel – falecido e 2018 - o amor pelo Inter e queria, além do coloradismo, deixar para o terceiro filho também o nome do ídolo. Mas era preciso convencer a esposa Amanda da Silva Moreira. Para isso, o casal de Camaquã chegou a um consenso:
— Quando ela engravidou, eu fiquei com a ideia de que o nome seria D’Alessandro caso fosse menino. A raça dele, os gols em Gre-Nais, a forma como provocava o Grêmio. Eu levo a rivalidade de forma muito grande e gostava de tudo isso. Depois que ele voltou para jogar a Série B, não tive dúvida e, então, falei para ela sobre o nome: por que não D’Alessandro?
Igor Soares recorda que não foi fácil convencer a esposa, que seguia firme com a ideia de batizar o novo filho – o segundo do casal – de Anthony. O jeito foi usar os dois nomes. Amanda, ainda assim, seguiu duvidando de que o marido realmente iria dar o sobrenome do ídolo ao filho, algo que só teve certeza quando viu a certidão de nascimento. Anthony D'Alessandro Moreira Soares nasceu em 11 de julho de 2017, dia que o Inter venceu o Ceará por 2 a 0 pela Série B.
— Eu insisti e convenci. Decidimos que ela iria escolher o primeiro nome e eu o segundo. Ela não acreditou muito. No dia que nasceu, fui registrar e cheguei com a certidão. Ela ficou meio com pé atrás no início. Ele nasceu no dia do jogo do Inter contra o Ceará pela Série B. Ouvi o jogo com ele no meu colo — completou.
Anthony D'Alessandro Moreira Soares tem agora cinco anos e já foi levado ao Beira-Rio. O pai, no entanto, conta que a tristeza pela despedida do ídolo é tão grande que prefere não acompanhar a partida contra o Fortaleza.
— Domingo eu não vou, porque, para mim, será um dia difícil. Será um dia doloroso como foi as outras despedidas dele. Sabia que esse momento iria chegar, mas a gente nunca quer acreditar. Para nós colorados, principalmente para os fãs dele, esse momento é muito difícil.
"Dalinho" para a avó
- Nome: Dalessandro Vieira
- Nascimento: 30 de abril de 2015
- Cidade: Camaquã
Também de Camaquã e amigo de Igor, Sidinei Vieira precisou fazer uma concessão com a esposa. Ele, porém, não precisou adicionar um outro nome, mas sim tirar o primeiro do ídolo. Vieira conta que sua ideia inicial era batizar o filho como Andrés Dalessandro. A mulher Sandra Vieira, porém, quis apenas o sobrenome do argentino.
— Nós estávamos conversando e a minha prima (Gabriela Vieira) perguntou qual o nome. Eu brinquei que seria D’Alessandro e a minha esposa concordou. Eu perguntei: sério mesmo? Eu queria e achei que ela não iria aceitar. Ela falou que aceitava, mas não queria Andrés D’Alessandro. Aí ficou apenas Dalessandro.
O pequeno Dalessandro Vieira, de sete anos, é chamado em casa e pelos colegas de colégio apenas de D’Ale. Mas avó Zenilda tem um apelido mais carinhoso.
— Ele ama o nome dele. Ama ter o nome de Dalessandro. Chamamos de Dale em casa. A avó dele que chama de "Dalinho".
Canhoto como o ídolo
- Nome: Andrés D’Alessandro Roldan Marques
- Nascimento: 16 outubro de 2018
- Cidade: Arroio Grande
Já com três filhos, o casal Luiz Carlos Piccinini Marques e Beatriz Roldan fez um acordo quando soube da quarta gravidez. Ele escolheria o nome em caso de menino e ela se fosse menina. Esse combinado deu o aval para Luiz Carlos realizar o sonho de homenagear o ídolo. Em 18 de outubro de 2018 nasceu Andrés D’Alessandro Roldan Marques.
— O combinado era eu escolher se fosse menino e já tinha essa vontade. Quando tivemos a confirmação de que seria menino, perguntei para ela. Falei que era nosso último filho e que queria homenagear o D’Alessandro. Ela aceitou e iríamos colocar Andrés Nicolas D’Alessandro, mas não conseguimos no cartório. Aí ficou só Andrés D’Alessandro — explica.
Com apenas três anos e meio, Andrés D’Alessandro já dá os primeiros chutes com a bola em Arroio Grande, onde mora com os pais e os três irmãos Lucilene Roldan Marques, de 21 anos, Kelvin Luiz Roldan Marques, 18, e Rithieli Roldan Marques, 12.
Luiz Carlos conta com orgulho que o pequeno D’Ale é canhoto como o ídolo.
— É canhoto. Tem uma força no pé para chutar forte. Adora jogar. Agora mesmo estava jogando — contou na conversa com GZH.