D’Alessandro ainda não completou duas semanas desde seu último jogo como profissional, mas faz planos para o futuro no futebol. Em participação no "Sala de Redação", da Rádio Gaúcha, no começo da tarde desta sexta-feira (29), o argentino afirmou que ainda não tem certeza do cargo que tentará exercer, mas admitiu conversas com o ex-presidente do Inter Fernando Carvalho sobre gestão no esporte.
— Fiz cursos e nunca é ruim fazer. Penso que isso é conhecimento. Fiz curso de gestão, de treinador, mas estou conversando com pessoas. Hoje (sexta) de manhã conversei com o Fernando Carvalho, a gente fala uma ou duas vezes por semana sobre gestão — disse, antes de afirmar que vê a função de treinador como ainda mais desafiante do que a de jogador.
— Se eu virar treinador, vou ser criticado no primeiro treino. Ser técnico é muito difícil. Não vivi essa experiência, mas leva muito mais tempo do que ser jogador. Tem que dar treinamento, estar em cima do grupo, observar o próximo adversário, muitas competições, conversar com diretoria, com gerente. Hoje não tenho uma visão certa do que vou fazer. Gosto muito de gestão no futebol. Um cara que tem uma posição importante dentro do grupo começa a fazer isso (gestão) no vestiário — completou.
Sobre os primeiros dias como ex-jogador, D’Alessandro afirmou que inicialmente aproveitou os momentos com os amigos argentinos que vieram para sua despedida contra o Fortaleza. Mas que os dias seguintes foram mais difíceis.
— O que facilitou a segunda-feira para mim? Ter meus amigos do bairro aqui no Brasil. Minha mãe foi embora na segunda de manhã, mas meus amigos ficaram. Peguei eles e fomos para a praia. Se ficasse aqui, iria quebrar a cabeça. Pegamos o carro e fomos para a praia, onde não tinha ninguém.
— Assim que levei os primeiros dias. Quando eles foram embora que passei a sentir (a aposentadoria) — contou.
Enquanto vê a possibilidade de um cargo de gestão como seu próximo passo no futebol, D’Ale ressaltou as diferenças que a atual geração de jogadores apresenta em relação ao seu início no River Plate, no começo dos anos 2000.
—Tem uma verdade absoluta no futebol e não falada apenas por mim, mas por vocês (imprensa) e outros caras que são referência, como o Felipe Melo. Os jovens hoje não querem sofrer. Eles queimam etapas, chegam muito rápido e não querem sofrer. Falo de chegar em cima do horário ao treinamento, não viver o clube como deveria, não treinar 100% e não enxergar tudo que faz parte do vestiário, roupeiro, massagista, o cara que leva a água, o porteiro que chegou às 6h da manhã. Eles são a alma do vestiário. Nós não somos a alma do vestiário — afirmou D’Alessandro, que ressaltou que no futebol atual não se faz sucesso mesmo com qualidade se não tiver comprometimento.
— O futebol, claro, requer saber jogar bola primeiro. Não adianta apenas correr, isso eu concordo, mas no decorrer do caminho, pela evolução do jogo, o treinador enxerga outras coisas. Se tiver dois jogadores de características parecidas, um com mais qualidade e outro com menos e o com mais não quiser correr, acompanhar o volante, fazer a função, a sombra no volante, o treinador vai escolher o outro.