Paulo Autuori está de volta ao Inter. Desta vez, como coordenador técnico. Treinador da equipe em 1999, o profissional assumirá a nova função a partir da próxima semana. Ele saiu do Goiás nesta quinta-feira e será anunciado oficialmente pela direção colorada até o final da semana.
A contratação de um coordenador técnico era uma das promessas da campanha da chapa de Alessandro Barcellos. Ela será cumprida um ano e dois meses depois da eleição. No ano passado, o cargo foi cumprido, de certa forma, por Paulo Paixão. Sua função oficial, porém, era a de coordenador da preparação física, que foi extinta após sua saída.
Autuori, que completa 66 anos em agosto, começou sua história no futebol nos anos 1970 em clubes pequenos do Rio. Andou por Portugal e voltou ao Brasil para comandar o Botafogo, em seu primeiro trabalho de maior sucesso. Em 1995, era o técnico campeão brasileiro. De lá, saiu para treinar o Benfica. Após uma temporada, assumiu o Cruzeiro e conduziu a equipe ao título da Libertadores de 1997. Seus outros títulos relevantes no país foram a Libertadores e o Mundial de 2005 pelo São Paulo. Treinou também as seleções do Peru e do Catar.
Teve duas passagens pelo Rio Grande do Sul. A primeira foi justamente no Inter. Quando o clube completou 90 anos, investiu em jogadores de peso, com passagens pela Seleção, como Dunga, Gonçalves e Elivélton, além de manter Christian e André. Paulo Autuori foi o escolhido para o projeto. O time chegou à semifinal da Copa do Brasil, mas a campanha ficou marcada pela traumática derrota por 4 a 0 para o Juventude, no jogo da volta. O time de Caxias se sagrou campeão. Autuori foi mantido no cargo mas não resistiu após perder o Gauchão para o Grêmio, na final decidida com um gol de Ronaldinho.
Dez anos depois, Autuori assumiu o Grêmio, substituindo Celso Roth. Sua campanha, porém, foi insuficiente para levar à Libertadores. Ele saiu da equipe antes da rodada final, que teve o time gaúcho com time reserva no Maracanã para enfrentar o Flamengo, no jogo que os cariocas precisavam vencer para ser campeões (o Inter ficou em segundo).
A carreira de Autuori como treinador teve uma interrupção em 2017, quando trocou de cargo no Athletico-PR. Virou coordenador técnico. Deixou o trabalho de campo e passou a atuar mais pelos gabinetes. Exerceu função semelhante no Fluminense. Voltou a ser técnico em duas experiências fora do país, no Ludogorets (Bulgária) e Atlético Nacional (Colômbia). Voltou às funções administrativas no Santos e, posteriormente, no Athletico-PR. No clube paranaense, teve plenos poderes.
— Ele era responsável por todo o departamento de futebol, tinha controle desde as refeições até os postos mais altos. Era chefe dos técnicos de todas as categorias. Coordenava a estrutura, participava das escalações. E chegou a ser treinador, na Libertadores, porque António Oliveira, português, não tinha licença. Então precisava assinar a súmula — explica a repórter Monique Villela, setorista do clube.
No Inter, porém, isso não ocorrerá. Autuori virá para o cargo de coordenador técnico. E não trocará de função. Além dele, outro profissional será contratado, desta vez para ser executivo. As buscas continuam, com Felipe Ximenes e Jorge Andrade sendo os principais alvos.
A curiosidade é que Autuori, no Goiás, ficou um mês no cargo. Assumiu em 24 de fevereiro e foi desligado na quinta-feira. "Autuori não integra mais o quadro do Goiás Esporte Clube. A decisão foi tomada pelo clube por não conseguir atender às solicitações do departamento de futebol profissional. Com o desligamento do coordenador, Bruno Pivetti também deixa o comando técnico do clube", diz a nota emitida pelo Goiás.
O que faz um coordenador técnico?
Coordenador técnico é um cargo prometido pela chapa comandada por Alessandro Barcellos durante a campanha. No organograma apresentado nas eleições, a ideia era ter um profissional que ficasse entre o vestiário e a direção. Segundo o próprio clube, a missão é "ser o elo entre o triplete de comissão técnica, jogadores e diretoria. Um tradutor de mensagens para o que queremos de todos". Para isso, é necessário que o profissional seja alguém com embasamento teórico e conhecimento prático de vestiário. Assim chegou-se ao nome de Autuori (embora essa confirmação ainda não seja feita pelo Inter).
Diferentemente do executivo de futebol, o coordenador técnico não participa de negociações. Mas sua função permite sugerir, aprovar ou desaprovar eventuais reforços para a equipe, tanto de jogadores quanto de outros profissionais. E em caso de uma eventual saída de Medina, por exemplo, ele assumiria? A resposta é não. O coordenador poderá participar até da escolha do substituto, mas não trocaria de função.